Na quinta-feira (01), é comemorado o Dia Nacional do Idoso. Uma das maiores queixas da terceira idade no consultório é em relação a dor crônica, que pode ser entendida como a dor que persiste por mais de 3 meses. Segundo o neurocirurgião Guilherme Rossoni, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), entre as dores crônicas mais recorrentes na terceira idade está a dor na coluna. “Assim como todo o nosso organismo, a coluna também envelhece e esse processo afeta todas as estruturas da coluna vertebral”, explica o médico.
O processo degenerativo de envelhecimento começa, geralmente, afetando os discos invertebrais podendo mais tarde se tornar uma hérnia de disco, que é uma das doenças mais comuns da coluna. A hérnia de disco acontece quando há o desgaste dos discos intervertebrais (que são em forma de anel) ou dos discos localizados entre as vértebras que formam a coluna espinhal. Esses discos são formados por tecido cartilaginoso e elástico, que têm a função de evitar o atrito entre uma vértebra e outra. A hérnia de disco ocorre quando há a “desgaste” desses discos, que saem da sua posição e atingem o canal vertebral, causando dor.
Outros problemas que podem afetar a coluna são a osteartrose que é um desgaste articular, além dos músculos e ligamentos serem prejudicados com a idade. “Os ligamentos e músculos da região abdominal sustentam a coluna e são responsáveis pela estabilidade dos movimentos. Com o envelhecimento há o enfraquecimento dessas estruturas podendo causar dor lombar”, esclarece o especialista.
O neurocirurgião adverte que a falta de atividades físicas acelera o processo de envelhecimento. Por isso, é tão importante se exercitar em qualquer idade da vida, mas principalmente quando se é idoso. “A prática regular de atividades físicas promove o fortalecimento da musculatura, melhora do equilíbrio e da estabilidade postural, reduzindo assim o risco de dor e de quedas. Exercícios físicos são importantes tanto para prevenir quando para tratar dores na coluna. Ginástica laboral, pilates, musculação, natação podem ser feitos desde que bem indicados e acompanhados por um profissional”, alerta.
Ele também ressalta que o envelhecimento das vértebras é, geralmente, causado por hábitos errados desde a juventude, como posturas inadequadas, maus hábitos alimentares, estresse, noites de sono mal dormidas, trabalhos pesados e repetitivos, entre outros.
Tratamentos
O neurocirurgião Guilherme Rossoni explica que muitos idosos não buscam ajuda médica para as dores da coluna, pois acreditam que o tratamento será sempre cirúrgico, invasivo e limitante. Porém, as técnicas estão cada vez mais modernas e as cirurgias, quando necessárias, são cada vez mais simples.
O bloqueio é um procedimento minimamente invasivo, que tem o objetivo de interromper os impulsos sensitivos que levam a informação de dor ao sistema nervoso central. “São realizadas infiltrações compostas por medicamentos como anestésicos, corticoides e anti-inflamatórios, sendo indicadas para alívio das dores na coluna cervical, lombar e torácica, bem como em dores em articulações ou irradiadas para os membros superiores e inferiores”, conta o médico.
A rizotomia por radiofrequência pode ser usada para a artrose da coluna. É minimamente invasiva, feita por meio de agulhas especiais introduzidas na pele, onde é realizada uma lesão térmica (cauterização) nos nervos dessas articulações inflamadas, responsáveis pela sensação de dor. O procedimento é feito com leve sedação e anestesia local e a alta hospitalar pode ocorrer poucas horas após o término da técnica. “O alívio pode ser imediato, com melhora completa por um período, que pode variar de 6 meses a 1 ano. Porém, é importante manter o tratamento clínico com fisioterapia e reabilitação física para fortalecimento muscular”.
Cirurgia Endoscópica da coluna
A cirurgia endoscópica da coluna é uma das mais modernas técnicas minimamente invasivas para tratamento da hérnia de disco. O procedimento é realizado através de aparelhos endoscópicos associados a câmeras. “O cirurgião consegue acessar e remover a hérnia de disco, além de descomprimir a região, causando um dano mínimo nas estruturas da coluna e na musculatura. Isto permite um pós-operatório com elevada taxa de sucesso, menos dor, alta hospitalar no mesmo dia e retorno precoce às atividades normais”, ressalta o médico, especialista na técnica pela World Spine Center.