De 18 a 25 de setembro o Brasil comemora a Semana Nacional do Trânsito com uma queda de 12% nas indenizações pagas pelo seguro DPVAT entre janeiro e junho deste ano em comparação ao mesmo período de 2018. O resultado reflete a estabilidade alcançada no número de mortes, diminuição de 18% nos casos de invalidez permanente e aumento de 6% na cobertura de despesas médicas e suplementares.
Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do trânsito e membro da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (ABRAMET) o resultado só não é melhor porque no Brasil, 1 em cada 2 motoristas precisa usar óculos de grau, e a maioria só atualiza a receita quando vai renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
“As alterações visuais mais frequentes entre os motoristas são: miopia (dificuldade de enxergar de longe), hipermetropia (dificuldade para perto), astigmatismo (falta de foco para perto e longe) e catarata nos condutores com mais de 60 anos”, diz o especialista. Os erros de refração e a catarata em estágio inicial diminuem a rapidez de leitura, reflexo, percepção de contraste e profundidade.
Pesquisa
Estas dificuldades visuais somadas ao hábito de falar no celular, se maquiar ou usar fone de ouvido enquanto dirige, explicam o resultado de um estudo divulgado em 2018 pelo Ministério dos Transportes que aponta a falta de atenção e o excesso de velocidade como as maiores causas de acidentes. Queiroz Neto esclarece que os vícios refrativos e a catarata inicial alteram a noção de velocidade no trânsito. Por isso, embora possamos nos adaptar a enxergar mal é prudente atualizar os óculos a cada 18 meses para garantirmos uma direção mais segura.
Como melhorar a visibilidade no trânsito
O inverno ainda não terminou, mas o calor seco e a radiação UV (ultravioleta), bem acima do índice de 5 preconizado como seguro para os olhos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) facilita o ressecamento da lágrima, predispõe à conjuntivite de imediato e a longo prazo à catarata, degeneração macular e pterígio provocados pela ação acumulativa da radiação no globo ocular.
Lentes fotossensíveis
O oftalmologista afirma que nem sempre quem precisa usar óculos de grau se adapta bem aos óculos escuros. Para este grupo evitar as doenças causada pela exposição dos olhos ao sol , as lentes fotossensíveis que filtram 100% da radiação UV e escurecem de acordo com a intensidade de luz são as mais indicadas. O especialista só recomenda usar óculos escuros para quem tem boa visão funcional ou fotofobia (aversão à claridade).
Sem aversão à luz
A fotofobia é frequente em pessoas de pele e olhos claros que não têm qualquer enfermidade ocular. Mas, também pode estar relacionada ao astigmatismo (deformidade da córnea que dificulta a visão de perto e longe), olho seco, alergia ou outras doenças inflamatórias nos olhos. As lentes cinza são as mais adequadas para melhorar o conforto de quem tem aversão à luz, mas a recomendação é consultar um oftalmologista para verificar a causa.
Para dirigir no crepúsculo
O médico destaca que míopes têm maior dificuldade de adaptação ao crepúsculo. Lentes de grau na cor âmbar melhoram a visão de contraste. “Já fiz teste no consultório com diversos pacientes colocando um lente âmbar na frente dos óculos de grau e a visão de contraste melhora”, afirma.
Direção noturna
Quem dirige à noite deve optar por lentes amarelas que reduzem o ofuscamento causado por faróis. Queiroz Neto ressalta que o ofuscamento e a dificuldade de enxergar à noite também podem sinalizar início de catarata. A doença reduz em até 4 vezes a visão noturna. A única solução para a catarata é o implante de lentes que substituem o cristalino opaco. A última novidade em lente intraocular é a trifocal que elimina a necessidade de usar óculos em 95% dos casos, inclusive para perto. Estudos mostram que a nova tecnologia reduz o risco de acidentes de trânsito em 50%, conclui.