Saúde

'Irresponsável', diz secretário do ES sobre nota técnica que sugere suspender testagem de casos leves de covid

A entidade argumentou que há possibilidade de falta de testes de antígeno e RT-PCR caso os estoques de insumos não sejam repostos

Gabriel Barros

Redação Folha Vitória
Foto: Mufid Majnun / Unplash

O secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, considerou como irresponsável a sugestão da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) de que seja suspensa a testagem de casos considerados leves de covid-19. 

A entidade divulgou uma nota técnica, nesta quarta-feira (12), em que alerta para a possibilidade de falta de testes de antígeno e RT-PCR, caso os estoques de insumos não sejam repostos "rapidamente"

A nota, assinada pelo presidente da Abramed, Wilson Shcolnik, foi divulgada após laboratórios privados suspenderem o agendamento de novos testes por falta de insumos. 

A rede de farmácias RaiaDrogasil, por exemplo, suspendeu temporariamente o agendamento online de testes de covid-19. A empresa disse que está atuando na reposição dos estoques para o abastecimento das lojas o mais breve possível. Informou ainda que a retomada no serviço deve ocorrer quando o abastecimento for normalizado.

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Na nota técnica, a Abramed disse não ter ciência de até quando os laboratórios conseguirão atender a demanda por exames, que cresceu principalmente por causa da alta transmissibilidade da variante Ômicron, e recomendou suspender a testagem de casos leves da doença.

Em uma rede social, Nésio argumentou que a medida não leva em consideração os testes disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). 

"A nota da Abramed é irresponsável e não leva em consideração que o SUS, a Fiocruz com o Biomanguinhos e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) tem garantido testes de antígeno e RT-PCR", destacou.

O secretário lembrou que, no Espírito Santo, há mais de dois milhões de testes disponíveis e que novos já foram comprados. 

"No Espírito Santo, temos mais de dois milhões de antígenos disponíveis, suficiente para testar 50% da população. Além disso, já compramos mais 200 mil testes para detecção de influenza e temos suprimentos para nossa capacidade de testagem RT-PCR", disse. 

Por fim, o secretário defendeu que a testagem em massa é fundamental para identificar a circulação do vírus.

"É hora de testar em massa, romper a cadeia de transmissão e saber a real situação de saúde do país. Seguiremos testando", frisou.

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Novos testes devem chegar ainda em janeiro ao ES

Em nota, a Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) informou que vai adotar critérios de priorização para aplicar os testes somente no contexto de escassez de insumos disponíveis para o Estado. 

A Sesa explicou que o Governo do Estado previu o cenário de uma nova expansão da doença e, por isso, veio se preparando há alguns meses em relação à estratégia de testagem.  

Segundo a secretaria, o Ministério da Saúde já confirmou o envio de 60 mil kits RT-PCR e os fornecedores da compra confirmaram a entrega para o Estado a partir de 24 de janeiro.

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Veja a nota da Abramed na integra

"A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), através de seu Comitê de Análises Clínicas, orienta por meio desta nota acerca da utilização criteriosa de testes para evitar risco de redução de oferta de exames para detecção da covid-19.

A importância da testagem de toda a população para controle epidemiológico e manejo de pacientes em uma pandemia é reconhecida por todos os profissionais de saúde e até mesmo por pacientes. Todavia a Abramed alerta que, assim como em outras partes do mundo, a alta demanda de exames laboratoriais para o diagnóstico da covid-19 trouxe ao setor de medicina diagnóstica brasileiro a preocupação com a falta de insumos necessários para a realização desses exames.

A alta transmissibilidade da nova variante Ômicron causou aumento exponencial de casos, o que vem demandando significativo aumento da capacidade produtiva global de testes, tanto de PCR como de antígeno, e se os estoques não forem recompostos rapidamente poderá ocorrer a falta de oferta de exames.

Quando avaliamos as notícias que vêm de outros países, de que eles já estão sem insumos, é certo que o problema chegará ao Brasil, não sendo possível mensurar nesse momento até quando poderemos atender, pois os estoques são variados dependendo do laboratório e da região, mas há um risco real de desabastecimento.

Dessa forma, recomendamos aos associados a priorização de pacientes para efetuarem os testes, segundo uma escala de gravidade a seguir:

- Pacientes que tenham maior gravidade de sintomas

- Pacientes hospitalizados e cirúrgicos

- Pessoas no grupo de risco

- Gestantes

- Trabalhadores assistenciais da área da saúde,

- Colaboradores de serviços essenciais

Outras entidades do setor de saúde também serão contatadas pela Abramed, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Ministério da Saúde, Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Associação Médica Brasileira (AMB), e outras entidades congêneres, para que haja a sensibilização sobre a importância de otimizar o uso dos testes disponíveis até que a situação seja normalizada".

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