Entenda cirurgia feita por João Carreiro, que morreu aos 41 anos após complicações
Artista sofria de prolapso da válvula mitral. Cardiologistas ouvidos pelo Folha Vitória explicam quando o procedimento é necessário, quais os riscos e como é feito
O cantor sertanejo mais conhecido como João Carreiro, 41 anos, morreu na quarta-feira (3), após passar por uma cirurgia cardíaca para colocar uma válvula no coração. O procedimento foi realizado em um hospital de Campo Grande, localizado no Mato Grosso do Sul.
O artista sofria de um distúrbio cardíaco chamado prolapso da válvula mitral. O problema altera o formato de partes da válvula, levando ao refluxo de sangue.
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Mas o que é a válvula mitral? Qual a função no organismo? Segundo o Manual MSD da Saúde, a válvula fica na abertura entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo.
De acordo com a publicação, "se abre para permitir que o sangue do átrio esquerdo encha o ventrículo esquerdo e se fecha enquanto o ventrículo esquerdo se contrai para bombear sangue para a aorta".
O fato ´e que o prolapso (abaulamento das abas da válvula no átrio esquerdo quando o ventrículo esquerdo se contrai), pode ocorrer o refluxo de sangue de volta ao átrio.
De 1 a 3% das pessoas apresenta a condição que, somente desencadeia problemas cardíacos sérios caso a regurgitação se agrave ou "aconteçam infecções da válvula (endocardite infecciosa), ou rupturas do tecido enfraquecido", descreve o manual.
Quais os riscos da cirurgia de válvula cardíaca?
Para entender como é feita a cirurgia da válvula cardíaca, quando é indicada e quais os riscos, o Folha Vitória conversou com dois médicos da área de cardiologia.
Segundo a médica cardiologista, Fernanda Bento, a cirurgia cardíaca apresenta riscos assim como todas as outras. Entre eles, infecção e reação adversa a anestesia e medicações que são administradas durante o procedimento.
"Porém, sendo um paciente com doença cardíaca, ele tem esse risco adicional, pois seu coração já não está gozando de suas plenas funções. E para além disso, muitas vezes é necessário, paralisar o coração, levando o sangue para uma máquina de bombeamento externo, para possibilitar o manuseio do coração, havendo risco de o paciente não tolerar o procedimento ou não retornar ao batimento espontâneo do coração", explica a especialista da Rede Meridional .
É importante destacar que os riscos costumam ser bem pequenos diante das técnicas avançadas para as internações cardíacas, porém, algumas condições são mais delicadas.
O que é a cirurgia?
"A cirurgia de troca valvar é um procedimento realizado com o objetivo de substituir uma válvula mal funcionante. No coração, nós temos quatro válvulas: Mitral, aórtica, pulmonar e tricúspide", esclarece Ciro Viana, médico do Vitória Apart Hospital, com pós-graduação em Cardiologia..
O médico destaca que a troca está indicada quando existe uma anormalidade no funcionamento da válvula.
Indicada em casos de insuficiência(quando há perda da capacidade de fechamento), estenose (perda da capacidade de abertura) ou infecção grave da válvula, Fernanda Bento diz que a prótese se faz necessária nos seguintes casos:
- Quando a válvula apresenta um alto grau de mal funcionamento;
- Quando há acometimento da musculatura e aparato ao redor da válvula do paciente;
- Quando há infecção grave da válvula.
Como é feita?
A cardiologista esclarece que existem várias possibilidades para a realização da cirurgia.
"Pode ser a tradicional, aberta, com necessidade de abertura total do tórax (esternotomia), ou minimamente invasiva, com cortes pequenos na lateral do tórax. Pode ainda ser feita via endovascular, por uma punção de um vaso sanguíneo na virilha ou braço e colocação da prótese sem cortes".
É importante destacar que a técnica empregada sempre será individualizada, para cada paciente. São levados em conta o tipo do acometimento valvar, idade, estrutura física e presença ou não de comorbidades.
"Não existe uma técnica superior a outra, mas sim a técnica mais indicada para cada paciente", pontua.
Quanto tempo dura uma válvula no coração?
Ciro Viana lembra que as próteses podem ser biológicas ou mecânicas e podem durar de 10 a 25 anos. "Depende da idade e fatores de risco do paciente". De maneira geral, o procedimento para a troca leva em média de 3h a 5h.
Morte após complicações
Natural do Mato Grosso, João Sérgio Batista Corrêa Filho, de 41 anos, morreu na ´´ultima quarta-feira (3), após passar por uma cirurgia para troca da válvula mitral.
Ainda durante o procedimento, Francine Caroline, esposa do cantor, comentou que a cirurgia seguia bem, porém, algum tempo depois, fez um apelo nas redes sociais, pedindo orações pela vida do músico.
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