Saúde

Transplante de rim: entenda a cirurgia que Euclério vai passar

O transplante renal é uma das alternativas mais eficazes para pacientes que sofrem de insuficiência renal terminal, oferecendo uma oportunidade de recuperação que a diálise não pode proporcionar

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Freepik - @peoplecreations

Nesta sexta-feira (10), o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio, 61 anos, passará por um transplante de rim. O órgão será doado pelo irmão mais novo de Euclério, de 30 anos, após ter sido constatada a compatibilidade entre doador e receptor. 

Há 10 anos, o político faz tratamento renal – conforme revelou em entrevista concedida à coluna De Olho no Poder – e, há dois meses, está fazendo diálise.

A internação está marcada para esta quinta-feira (9). A cirurgia foi antecedida por diversos exames e por uma solicitação, à Câmara de Vereadores, de afastamento do cargo por 15 dias – de 9 a 23 de janeiro. 

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"Eu fui enrolando, enrolando, e não queria passar por esse processo. Mas estou há dois meses fazendo diálise três vezes na semana. Juntou anemia, pandemia, pneumonia e o rim... Os médicos disseram que não dá mais. Algumas pessoas fizeram exames para ver a compatibilidade e o doador será o meu irmão Gabriel, o mais novo dos irmãos. Ele tem 30 anos", disse Euclério na entrevista.

Para entender o por que do procedimento e como ele é feito, de modo geral, a reportagem do Folha Vitória conversou com o nefrologista Lauro Vasconcellos. 

O médico é responsável técnico pela equipe de transplantes de rim do Hospital Meridional, em Cariacica, onde a cirurgia será realizada. Uma equipe multidisciplinar acompanha o mandatário desde outubro do ano passado.

"Ele já tinha a doença há muitos anos e em outubro os dois rins chegaram a fase final. Já não havia mais chance de recuperação. Agora, os rins estão funcionando menos de 10%. A hemodiálise foi necessária para poder subir como preparo para o transplante. Porque o transplante é um método para substituir a função renal, ou seja, é um novo rim. E a hemodiálise é um rim artificial", explicou.

Entendendo a dinâmica do transplante de rim

O transplante renal é uma das alternativas mais eficazes para pacientes que sofrem de insuficiência renal terminal, oferecendo uma oportunidade de recuperação que a diálise já não pode proporcionar.

Para que isso aconteça, há uma complexa dinâmica que envolve precisão médica, logística eficiente e um sistema de saúde robusto. Ao longo dos anos, os avanços na medicina têm contribuído para tornar esse procedimento cada vez mais seguro e acessível, mas os desafios continuam a ser imensos. 

"Ou se consegue o rim de doador falecido, que é uma fila muito grande, inclusive, no Espírito Santo existe uma espera de, em média, cinco a seis anos por um transplante, ou tem alguém na família compatível. Quando a pessoa entra em hemodiálise, em três meses a unidade de diálise o inscreve na fila de transplante. Isso é algo obrigatório. Depois de ser encaminhado para centro de transplantes, uma entrevista é marcada com a pessoa, e vê-se os possíveis doadores da família", pontuou o especialista.

O transplante de rim é uma operação delicada que envolve uma série de processos, desde a escolha do doador até os cuidados pós-operatórios. De fato, o sucesso de um transplante renal depende em grande parte da compatibilidade entre o órgão doado e o receptor. Os fatores fundamentais para essa compatibilidade incluem:

1) Tipo sanguíneo: o tipo sanguíneo do doador e do receptor deve ser compatível para evitar rejeição imediata do órgão.

2) Antígenos HLA (Antígenos Leucocitários Humanos): são proteínas encontradas nas células e que ajudam a determinar a compatibilidade entre o doador e o receptor. Quanto mais antígenos HLA compatíveis entre eles, menores as chances de rejeição.

3) Idade e estado de saúde: Embora a idade do receptor não seja um impeditivo absoluto, ela pode influenciar o sucesso do procedimento. Além disso, a saúde geral do paciente é um fator determinante.

No caso de doadores vivos, como familiares ou amigos próximos, a compatibilidade genética tende a ser maior, o que facilita o procedimento e reduz os riscos, o que acontece no caso de Euclério Sampaio. 

Vale destacar que, apesar disso, a grande maioria dos transplantes renais no Brasil ainda provém de doadores falecidos, o que torna a lista de espera um desafio constante para os profissionais de saúde.

Foto: Reprodução/Freepik @WangXiNa

A cirurgia 

A cirurgia de transplante renal é realizada sob anestesia geral e pode durar entre três a cinco horas. Durante o procedimento, o rim do doador é implantado no receptor. 

Não é necessário retirar os rins do paciente que já não funcionam mais. Eles podem continuar no corpo. O novo rim, então, é colocado na região inferior do abdômen, e suas veias e artérias são conectadas aos vasos sanguíneos do receptor.

De acordo com o médico, o procedimento de Euclério Sampaio está previsto para a manhã de sexta-feira (10). A expectativa é de que as informações sobre o resultado do procedimento sejam divulgadas na parte da tarde.

"O procedimento do prefeito deve durar cerca de 3 horas e deverá acontecer por videolaparoscopia. A técnica, quando comparada à cirurgia aberta, apresenta menos dor, além da recuperação mais rápida. Normalmente, o doador tem alta em até dois e três dias e quem recebe o órgão, o tempo de internação é maior: gira em torno de 10 a 15 dias".

Lauro Vasconcellos destaca ainda que a prevenção é a melhor das opções quando se fala em doenças renais. Ela, inclusive, pode evitar a necessidade do transplante. "E a causa principal é tratar do diabetes e da pressão arterial. Diabetes e pressão arterial são as causas principais de doença renal crônica". 

Para saber se os rins estão funcionamento normalmente, são necessários apenas dois exames: o que mede a creatinina no sangue e o exame de urina, ambos considerados como de rotina.