Saúde

Câncer de intestino: ES poderá ter mais de 600 casos por ano até 2025

Campanha Março Azul alerta para a necessidade de conscientização da sociedade. Doença pode ser rastreada através do exame de colonoscopia

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Freepik - @katemangostar

Uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revela um dado preocupante: o aumento da incidência de casos de câncer colorretal no Espírito Santo. O Estado poderá ter mais de 600 casos por ano até 2025.

Uma campanha de conscientização, chamada Março Azul, foi criada para combater o avanço da doença por meio da conscientização. Ela é organizada pela Sociedade Brasileira de Endoscopia do ES, pela Sociedade Brasileira de Gastroenterologia do ES e pela Sociedade de Coloproctologia Regional Leste.

> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas pelo WhatsApp? Clique aqui e participe do nosso grupo de Saúde!

De acordo com a gastroenterologista Roseane Bicalho, coordenadora da campanha no Estado, após uma estimativa de redução de 28% no número de casos em 2020, os números voltaram a subir. O motivo, a falta de procura pelos exames de prevenção, principalmente a colonoscopia, devido a pandemia da covid-19.

Segundo dados do Inca, esse tipo de tumor é um dos mais comuns na população brasileira. Fica atrás apenas do câncer de pele não melanoma e dos tumores de mama e de próstata.

Histórico familiar é fator de risco para a doença

Pessoas com mais de 8 anos de doença inflamatória são consideradas de alto risco, mas, cerca de 70% ocorrem em indivíduos sem histórico familiar, geralmente a partir dos 45 anos de idade.

São diagnosticados, todos os anos, 40 mil novos casos de câncer colorretal entre mulheres e homens. O fato é que a doença tem se tornado cada vez mais comum e se manifestado antes dos 50 anos de idade, o que é considerado precoce pela medicina.

“O aumento é proporcional à idade, devido ao envelhecimento natural das células do intestino. Entretanto, o câncer de intestino tem aumentado muito a sua incidência em jovens, pois, ao longo dos anos, somos cada vez mais expostos a vários fatores cancerígenos (poluição, radiação, alimentação não saudável, alimentos com agrotóxicos, fumo, álcool, sedentarismo e obesidade)(...)", disse Roseane. 

São exatamente esses fatores que levam a mutações genéticas, formando os chamados pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso.

Entenda quais são os principais sintomas

De acordo com a médica proctologista Bruna Schwan Guerini de Almeida, o câncer colorretal, em estágio inicial, é assintomático. 

"Conforme o câncer vai crescendo, sintomas surgem. Na maioria dos casos, ele é assintomático. Entre os principais sintomas estão sangramentos; obstrução intestinal, que é a dificuldade do paciente de evacuar; dores abdominais, por conta da dificuldade da passagem das fezes; e distensão abdominal, quando o tumor já está ocupando grande parte da porção interna do intestino", explica.

Saiba como prevenir o câncer de intestino

A proctologista ressalta que, como o fator genético é algo relevante no histórico do paciente, a prevenção deve começar a partir de 10 anos, antes da idade em que o familiar apresentou a doença.

"Vamos supor que o paciente tenha um pai que teve câncer de intestino aos 50 anos, então ele terá que começar a prevenção aos 40 anos. É o que vier primeiro: 45 anos ou 10 anos antes da idade em que o familiar teve a doença", pontuou. A melhor maneira de prevenir o câncer de cólon é por meio de exames. 

Colonoscopia: o que é o exame?

Vale lembrar que o câncer de intestino é um dos poucos tipos que permite a prevenção, uma vez que surge a partir de uma lesão benigna no cólon ou reto e que demora cerca de 10 até 15 anos para evoluir para o câncer.

“Pelo menos três em cada 10 pessoas com idade de 50 anos já apresentam esta lesão. Portanto, o ideal é fazer o exame preventivo, antes dos sintomas aparecerem”, ressalta Roseane Bicalho.

Atualmente, a recomendação é a de que todas as pessoas com 45 anos ou mais adotem meios de prevenção. Eles podem ser feitos de duas maneiras:

1. Colonoscopia: endoscopia do intestino grosso: cólon e reto. Deve ser feita a cada 5 ou 10 anos. O exame permite visualizar e retirar a lesão, antes do câncer aparecer. Permite também a retirada do câncer se precoce, sem necessidade de cirurgia;

2. Pesquisa de sangue oculto nas fezes: deve ser realizado todos os anos. Ele permite diagnosticar o câncer ou uma lesão que esteja sangrando, mais precocemente, antes dos sintomas aparecerem. 

Porém, ele não é recomendado para prevenção em pessoas com histórico familiar de câncer de intestino ou que fizeram colonoscopia a menos de 5 anos. No caso de um resultado positivo, a colonoscopia deverá ser feita para detecção e retirada da lesão.

Um outro ponto é o de que o exame também pode ser indicado com intervalo menor de tempo. Nesse caso, quando há histórico de câncer hereditário (mais de dois parentes com câncer de intestino ou diagnóstico antes dos 50 anos de idade).

A gastroenterologista ressalta ainda a importância da população estar sempre atenta às medidas de prevenção primárias do câncer do intestino. Elas estão diretamente ligadas aos hábitos de vida. 

“Alimentação balanceada, atividade física e combate ao fumo, ao álcool e à obesidade devem começar em idade precoce, desde a infância, para o equilíbrio da microbiota intestinal e redução do risco”. 

LEIA TAMBÉM: Dengue: ES confirma circulação de sorotipo 2, forma mais grave da doença