Alerta! Há chances de uma nova epidemia. Desta vez, a humanidade coloca em risco a saúde dos olhos. A Academia Americana de Oftalmologia estima que, em 2050, metade da população mundial terá miopia.
O cenário preocupante é fruto do uso descontrolado, desde a primeira infância, de tablets, computadores, celulares e televisores.
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O oftalmologista Eduardo Abib afirma que as crianças estão passando cada vez mais tempo em frente às telas e a preocupação com os possíveis danos a visão é crescente. Uma das consequências é o aumento dos casos de miopia.
“Inegavelmente, nos últimos anos, houve um aumento dos diagnósticos de miopia principalmente entre crianças e jovens. Dentre os fatores predisponentes, a genética é o principal, contudo, o uso excessivo das telas, atualmente, é apontado como um dos agentes ambientais de risco para o desenvolvimento da miopia”, afirmou o oftalmologista, da Unimed Sul Capixaba.
O médico ainda explica que a miopia ocorre quando a imagem de um objeto distante se forma antes da retina e, com isso, há uma redução da visão à distância.
Para ele, o uso das telas por longos períodos de tempo aumenta o risco de desenvolver a miopia devido ao esforço visual que favorece o aumento do comprimento axial do olho. Um dos fatores que levam ao surgimento do distúrbio visual.
Além disso, Eduardo Abib reforça que a Organização Mundial da Saúde recomenda que crianças menores de 2 anos não devem ter nenhum contato com as telas. Já na faixa etária de 2 a 5 anos, a exposição máxima é de 1 hora por dia.
“Ao contrariar as recomendações, assume-se o risco da criança ou adolescente sofrer danos à saúde ocular uma vez que a exposição excessiva a luz emitida pelas telas, a chamada luz azul, pode causar, além dos riscos do desenvolvimento precoce da miopia, ressecamento ocular, irritação, lacrimejamento e coceira”, explicou.
Limites
A dona de casa Júnia Rodrigues limita de forma rigorosa o tempo que o filho Caleb, de 10 anos, e a filha Sara, de 7 anos, passam em frente às telas. Ambos utilizam os computadores somente para os estudos durante 2 horas por dia.
“Eu não permito que nenhum dos dois tenham celular e não autorizo que acessem nenhuma rede social pelo meu aparelho. Quando permito que acessem jogos no computador monitoro quais são os sites que eles estão acessando. Além disso, todos os dias, 1 hora antes de dormir desligamos todas as telas para que tenhamos uma noite de sono restauradora”, disse a dona de casa.
Júnia relatou que o objetivo de estabelecer tais regras para o uso dos dispositivos é preservar a saúde mental e física das crianças. E, principalmente, para impedir a progressão da miopia do filho Caleb, diagnosticado com o distúrbio desde quando nasceu devido a um problema genético.
Demanda crescente por óculos
Diretora-executiva de uma rede de óticas no Espírito Santo, Ana Luiza Azevedo informou que já há no mercado lentes que evitam a progressão da miopia (para crianças de até 12 anos) e que existe o filtro de luz azul, aplicado às lentes, que filtra a radiação emitida pelas telas e gera um maior conforto visual e proteção.
Para ela, o cenário piorou após a pandemia devido ao tempo que as crianças passaram longe das salas de aula e mais pertos dos celulares e dos computadores.
“Os grandes fornecedores de lentes chegaram a desenvolver uma lente com uma tecnologia que reduz a progressão da miopia em 60% a 67%. Mas não foi só a pandemia que causou isso. A nova geração de jovens e adolescentes já nasceu conectada e se acostumou com o uso das telas”, disse Ana Luiza, da Ótica Paris.
Para Ana Luiza, a melhor forma de proteger a visão, no contexto atual, é moderar o uso dos dispositivos eletrônicos.
Caso não seja possível, uma dica é a cada 20 minutos de uso de telas olhar para uma distância de, no mínimo, 6 metros durante 20 segundos.
Além disso, é importante não usar o celular/tablet muito próximo aos olhos para não forçar a visão e, ainda, sempre que der, buscar reduzir o brilho do celular.
*Texto da estagiária Nayra Loureiro com supervisão da editora Erika Santos