Doença progressiva, sem cura e que atualmente afeta mais de 6 milhões de pessoas no mundo. Neurodegenerativa crônica, o Parkinson afeta principalmente o controle dos movimentos. Acontece quando os neurônios, na parte do cérebro que controla os movimentos, ficam danificados e começam a morrer.
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Entre os sintomas mais comuns, estão tremores, problemas de equilíbrio, rigidez muscular e lentidão de movimento, por exemplo.
O fato é que à medida que a doença vai avançando, também podem acontecer problemas emocionais e cognitivos. Não há cura para o Parkinson, porém, existem tratamentos que ajudam a controlar melhor os sintomas, desacelerando o seu progresso.
Sobre os desafios, prevenção, avanços em pesquisas e tratamentos nós conversamos com o professor de Geriatria da UFES, médico, nutricionista, especialista titulado em Geriatra pela UFRJ e em Medicina paliativa pelo Pallium- Argentina, Roni Chaim Mukamal. Acompanhe!
1. Quais os maiores desafios quando se fala em tratamento e qualidade de vida para os pacientes?
R: “É uma doença muito associada ao envelhecimento, porque a sua prevalência aumenta com a idade. Não acomete só os idosos, mas acomete muitos idosos. O primeiro desafio é o diagnóstico. Muitas vezes, a gente confunde os sintomas, não percebe. Ou o mais perigoso, atribui aos sintomas do Parkinson ao próprio envelhecimento.
“Ah, pessoa está mais lenta, está andando mais devagar, se movimentando mais devagar, isso é da velhice, né?.’ Na verdade, pode ser um sintoma inicial da doença. A doença de Parkinson tem vários sintomas”.
2. O diagnóstico costuma ser tardio? O que dificulta?
R: “Outra questão, também, é que no idoso, muitas vezes, a doença de Parkinson não tem tremor. Às vezes ela se apresenta de forma atípica. Então, nem toda doença de Parkinson tem tremor como a maioria das pessoas conhece.
Quando está tremendo, a gente já pensa que pode ser Parkinson e isso traz o desafio do diagnóstico. Muitas vezes a pessoa vem descobrir a doença de forma tardia e perde a oportunidade de fazer um diagnóstico e tratamento mais precoce”.
3. É possível prevenir?
R: “A gente ainda não tem certeza do que causa a doença de Parkinson primário. O que a gente sabe é que existe uma predisposição genética com os fatores ambientais que podem desencadear.
Sabe-se um pouquinho dos metais pesados, mas o que a gente recomenda é o estilo de vida saudável. Que a gente faça exercícios, que a gente coma bem, tenha a vida mais tranquila, previna os problemas cardiovasculares, tratando a hipertensão, o diabetes. Tudo isso, com certeza contribui para a prevenção da doença.”
4. Como ter qualidade de vida após o diagnóstico? Os tratamentos ajudam?
R: “Por si só é uma doença neurodegenerativa, na sua forma primária, existem outros quadros que vão dar o Parkinsonismo, mas na sua forma primária é degenerativa.
Então, por si só é uma doença progressiva que há uma morte gradual dos neurônios. Infelizmente a gente não tem um processo que bloqueie isso. O que a gente tem são tratamentos que vão melhorar os sintomas.
Os tratamentos disponíveis, eles atuam no aumento da dopamina cerebral, que, na verdade, a doença de Parkinson causa essa diminuição dos neurônios dopaminérgicos, então, os tratamentos como, por exemplo, vão aumentar a dopamina, restituindo a ação da dopamina, então, melhorando os sintomas e aí, portanto, o objetivo dos tratamentos, talvez um deles, o mais importante, é melhorar a qualidade de vida, restituindo o movimento, melhorando a funcionalidade do indivíduo.
A base dos tratamentos são os remédios que vão atuar dessa forma. Em alguns casos existem procedimentos cirúrgicos que vão estimular esses centros nervosos, em casos específicos e também podem ter uma ação benéfica. Mas não é para todo mundo. Existem vários estudos e outros tratamentos, mas a gente ainda não tem algo bem definido de uma possibilidade de tratamento, principalmente que evite a progressão da doença.”
5. A relação médico x paciente é importante para bons resultados?
R: “A relação médico e paciente com certeza é importante. Isso porque qualquer doença grave, neurodegenerativa, a gente precisa ter um vínculo com o paciente. A confiança do paciente no seu médico e obviamente o apoio de uma equipe multiprofissional.
O Parkinson, dependendo da fase, ele vai precisar de um fisioterapeuta, para ajudar a manter o equilíbrio, os movimentos, e em fases mais avançadas, o paciente pode ter problemas para engolir, na deglutição, aí você tem o fono, o terapeuta educacional. Essa equipe é fundamental para cuidar desse paciente e obviamente sempre com foco na melhora da qualidade de vida”.
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