Saúde

"Baby blues"? Saiba o que é e como ajudar as mulheres no pós-parto

Muito se fala da gestação, do "barrigão" e do momento carregado de beleza que fazem parte desse momento. Porém, é no pós parto que grandes transformações acontecem

Foto: Reprodução/Freepik

No último dia 16 de abril a atriz Thaila Ayala deu à luz ao segundo filho. Uma menina chamada Tereza. Thaila e o marido Renato Góes já tem Francisco de 1 ano e 3 meses. Quase um mês após o nascimento da bebê, a atriz usou essa semana as redes sociais para falar sobre os desafios da maternidade.

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Muito emocionada e com lágrimas nos olhos, apareceu no banheiro em um vídeo relatando que o momento de tomar banho era também o de chorar. Em um trecho do texto descreve as dores e medos. 

“É um peito que não cicatriza nunca, sangra, dói, dói muito, uma neném que troca a noite pelo dia, grita de dor da barriguinha, aquele grito que tira qualquer mãe de si, uma cólica do útero voltando para o lugar…”.

Muito se fala da gestação, daquele “barrigão” e do momento mágico e carregado de beleza que fazem parte desse momento. Porém, é no pós parto que tudo acontece: transformações hormonais, a realidade com o bebê e as emoções que surgem bastante afloradas para algumas mulheres.

Além disso, algumas delas não encontram em casa, nos amigos ou na família o apoio e a compreensão tão necessários. Iara é publicitária e mãe de uma bebê de pouco mais de um ano. Em entrevista ao programa Fala ES da TV Vitória, falou um pouco sobre o que viveu no puerpério.

“Eu tive muita dificuldade na amamentação. Esse leite com sangue ali a gente sabe o que é isso, passou pela mesma coisa e é sofrido. E fora a amamentação, a privação de sono. São as duas coisas que realmente foram piores e que a gente não se prepara tanto quanto a gente se prepara para o parto”.

Segundo a psicóloga Elza Leite, o fato é que o período do pós parto promove grandes mudanças na rotina da mulher e de toda a casa. Um momento que ela define como de extrema vulnerabilidade. 

“Se a gente for avaliar, todo o nosso contexto muda. Não é só o físico, o hormonal. Mudam as finanças, a vida sexual, o ambiente da casa, chegam as pessoas, aqueles pitaqueiros de plantão, pra te fazer sentir ainda mais impotente, discredibilizar a sua operação ali com a sua criança”. 

Mas então, o que fazer para administrar e suavizar esse turbilhão de emoções? Uma sensação de tristeza constante, de choro fácil que vem acompanhada de uma sensação de fragilidade e até irritabilidade chamada de Baby Blues, um dos transtornos emocionais do ciclo.

“A gente não pode romantizar a maternidade. E agente também não tem que ter vergonha de falar que está sentindo isso. Ao contrário. O que que a gente precisa fazer? Pedir ajuda. Comunicar as nossas emoções. Buscar alguma rede de apoio que seja na Igreja, com a amiga, com algum parente, com o pai da criança e falar: olha, eu não tô bem. Tô muito cansada, muito perdida”, orienta a psicóloga. Não colocar para toda essa emoção é fundamental para equilibrar as emoções.

A atriz Thaila Ayala não é a única a passar por isso. A também atriz Samara Filipo fez um relato sobre a depressão pós parto pela qual passou. Inclusive, 20 dias após o nascimento da filha ela se separou do marido. Na época, ela disse: “Fiquei bastante tempo me culpando pela separação. Sentia desânimo, chorava o dia inteiro, não queria ver a minha filha”. 

Isis Valverde, também atriz, chegou a falar abertamente pelo problema que enfrentou com a chegada do filho em 2018. “Eu chorava à toa e não entendia o por que. Tive uma tristeza profunda, tive vontade de sumir, vontade de ir embora”.

Como ser apoio para as mamães

A psicóloga deu uma dica para a família e amigos das mulheres que acabaram de ter bebês. “Primeiro, não julgar essa mãe e deixar que ela viva a experiência materna dela. O que você pode é oferecer essa ajuda com muita cautela, sem ficar dando muito pitaco”. 

Um outro ponto é o relacionado às visitas. Para a profissional, recém-nascido não recebe visitas. “Gente, vá visitar a mãe. O recém-nascido nem sabe que você está lá, não vai fazer muita diferença pra ele. Vá visitar a mãe, leve para ela alguma coisa, faz um carinho”, orienta.

Olhar em volta, perceber se algo está por fazer e tomar a iniciativa de arrumar uma cama, passar um pano no chão, lavar uma louça ou as roupas do neném também é  muito importante. Permitir que ela durma e descanse. Ser útil e assim, diminuir o estresse da mulher que se culpa por não ser tão onipotente.

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