Uso da cannabis pode prejudicar aprendizado e concentração, aponta estudo
Estudos mostram que o uso da cannabis pode influenciar inteligência e provocar dificuldade no aprendizado, perda de memória ou dificuldade de se concentrar
O uso da cannabis sativa, nome cientifico da maconha, é tema de debates de políticas sociais no mundo e divide opiniões. O assunto também é tema de pesquisas na área da saúde, que buscam entender o impacto das substâncias que compõe a maconha no sistema nervoso central.
>> Entre no grupo do Folha Vitória no WhatsApp e receba notícias gratuitas sobre Saúde. Participe também do nosso canal no Telegram!
Estudos realizados recentemente mostram que o consumo da cannabis pode prejudicar algumas funções cognitiva. Pessoas que usam a utilizam podem ter, por exemplo, dificuldade no aprendizado, perda de memória ou mesmo dificuldade de se concentrar.
O médico PhD em neurociências e pesquisador, Fabiano de Abreu, explica que a cannabis sativa tem centenas de substâncias. Algumas delas podem ser utilizadas para fins medicinais, mas outras podem prejudicar o funcionamento de algumas áreas do cérebro.
LEIA TAMBÉM: Especialistas apontam prós e contras do uso da Cannabis medicinal
De acordo com o especialista, quando absorvido na corrente sanguínea, as concentrações de THC, principal substância psicoativa encontrada na cannabis, diminuem rapidamente devido ao metabolismo do fígado.
A substância permanece em maior parte no tecido adiposo, que armazenam gordura, obtendo pico de concentração entre quatro e cinco dias. Após esse período, é liberada lentamente atingindo as demais áreas do cérebro
“No cérebro, é distribuída de diversas maneiras, atingindo altos níveis de concentração nas áreas neocortical, límbica, sensorial e motora”, detalhou.
LEIA TAMBÉM: Cannabis medicinal: conheça histórias de quem luta para ter o remédio
Um estudo desenvolvido pelo neurocientista concluiu que muitos pacientes crônicos usuários da cannabis afirmaram ter dificuldade no aprendizado, apresentando perda de memória, dificuldades em permanecer concentrados em determinada função e alterações nas funções cognitivas.
“Com o tempo de uso, a região frontal do cérebro relacionada à inteligência, encontra-se prejudicada, com atrofia e os neurônios se moldam nesta condição resultando em uma inteligência pobre o que pode trazer problemas para a vida diante de situações que exijam raciocínio lógico e tomada de decisões”, explicou.
Além disso, o uso da maconha pode causar transtornos de ordem mental e psiquiátrica, a depender da propensão genética, desencadeando esquizofrenia e outros distúrbios psicóticos e transtornos afetivos. Segundo o neurocientista, esses distúrbios surgem como consequência da disfunção na região límbica do cérebro e diminuição da região da inteligência.
Cannabis pode ser usada em tratamentos
O médico André Cavallini lembra, no entanto, que outros compostos químicos da maconha possuem características e efeitos terapêuticos específico no uso medicinal.
“A planta cannabis sativa é composta por mais de 500 compostos químicos, incluindo THC e CBD, que são os canabinoides mais abundantes e estudados em humanos. Estes canabinoides têm características próprias e efeitos terapêuticos específicos”, pontuou.
LEIA TAMBÉM: Exercício e gestação: grávida pode correr? E praticar atividades físicas?
André explica que os canabinoides podem ajudar a resolver dores crônicas, enxaquecas, dores abdominais, inchaço e outros problemas.
Desde 2015, pacientes em tratamento podem importar produtos e fazer o uso terapêutico de cannabis medicinal desde que tenha autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).