Bloqueador hormonal: novas opções aumentam sobrevida de pacientes com câncer de próstata
Os tratamentos apresentam resultado em tumores metastáticos sensíveis a tratamento de bloqueio de testosterona. Houve redução de 33% no risco de morte de homens que receberam a medicação.
Duas novas opções de tratamento para o câncer de próstata foram divulgadas no Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínicas (ASCO), considerado o maior evento mundial de oncologia. Os bloqueadores hormonais Enzalutamida e apalutamida garantem mais sobrevida para homens com tumor na próstata.
O estudo ENZAMET randomizado fase III, foi o responsável por mostrar a efetividade do bloqueador hormonal enzalutamida. O medicamento já está disponível no Brasil, e apresenta aumento da sobrevida de pacientes diagnosticados com tumores metastáticos sensíveis a tratamento de bloqueio de testosterona.
“No geral, houve uma redução de 33% no risco de morte em homens que receberam a medicação em comparação aos que tomaram outro antiandrógeno não esteróide. É um dado animador, que lança luz sobre uma nova e efetiva opção de tratamento para homens com este tipo de câncer”, explica Paulo Lages, oncologista do Grupo Oncoclínicas, em Brasília.
André Fay, médico oncologista do mesmo Grupo, reforça a percepção. “Essa análise mostra que o tratamento com uso de terapia que bloqueia as vias hormonais, quando utilizadas em um cenário mais precoce, podem fazer com que os pacientes com tumores avançados tenham benefícios ainda maiores”.
O estudo TITAN, revelou o apalutamida (bloqueador hormonal de última geração) associado ao bloqueio de testosterona para pacientes com câncer de próstata metastático. “O estudo mostrou que a incorporação dessa droga, que também já está disponível no Brasil para outro perfil de pacientes, gerou um ganho de sobrevida e também retardou a progressão de doença, gerando impactos efetivos na melhora da qualidade de vida dessas pessoas”, comentou o oncologista Paulo Lages.
Os médicos ressaltam que o uso de drogas já conhecidas é animador e reforça a percepção de que nem sempre os avanços em termos de benefícios aos pacientes dependem exclusivamente do desenvolvimento de drogas inéditas.
Câncer de Próstata
No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor de próstata é o segundo mais comum entre homens , ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, devendo chegar a 68 mil novos casos diagnosticados em 2019. No começo, pelo fato dos sintomas serem silenciosos, o câncer de próstata é de difícil diagnóstico, já que a maioria dos pacientes apresentam indícios apenas nas fases mais avançadas da doença.
Casos familiares de pai ou irmão com câncer de próstata, antes do 60 anos de idade, podem aumentar o risco em 3 a 10 vezes em relação à população em geral.
Sintomas
Em fases mais avançadas da doença, é possível a presença de sangue no sêmen e impotência sexual, além de sintomas decorrentes da disseminação para outros órgãos, tal como dor óssea nos casos de metástases ósseas.
Exame preventivo
Por ser difícil de ser diagnosticado, é recomendável que homens a partir de 50 anos (e 45 anos para quem tem histórico da doença na família) façam o exame clínico (toque retal) e o PSA anualmente para rastrear o aparecimento da doença.
Como a doença é tratada
O tratamento depende do estágio e da agressividade em que a doença se encontra. Eles devem ser projetados individualmente para cada paciente de acordo com o seu quadro clínico pessoal. No caso em que a doença se encontra no estágio inicial e com características de baixa agressividade, o acompanhamento vigilante com consultas e exames periódicos deve ser discutido com o paciente, uma vez que é possível poupar os mesmos de algumas toxicidades que o tratamento causa.
Nos outros casos de doença localizada, a cirurgia, a radioterapia associadas ou não a bloqueio hormonal e a braquiterapia (também conhecida como radioterapia interna) pode ser realizada com boas taxas de resposta positiva.
Quando os pacientes apresentam metástases, diversos tratamentos podem ser realizados, como o bloqueio hormonal, a quimioterapia, novos medicamentos que controlam os hormônios por via oral e também uma nova classe de remédios que são conhecidas como radio isótopos, partículas que se ligam no osso e emitem doses pequenas de radioterapia nestes locais.