Qualidade do ar e doenças respiratórias: veja causas e como reduzir sintomas
Médicos e pesquisadores explicam que as partículas de poluição podem piorar os quadros de asma; asmáticos são duas vezes mais sensíveis aos poluentes
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Falar de qualidade do ar é importante não só para identificar quem são os agentes poluidores do meio ambiente, a fim de minimizar seus impactos, mas também entender como a poluição afeta a saúde humana.
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Diversas fontes impactam na qualidade do ar: os automóveis, as indústrias e a construção civil, por exemplo. Entre elementos gasosos e sedimentares, esses poluentes podem agravar os sintomas de asma.
De acordo com a médica pneumologista Cilea Martins, a qualidade do ar, também influenciada por outros fatores climáticos, causa o agravamento das doenças respiratórias, até mesmo para pessoas que não tinham esses quadros.
"A poluição ambiental está cada vez pior. Nós temos mudanças climáticas severas, ar extremamente seco e isso provoca nas pessoas doenças respiratórias, independentemente se já possuem essas doenças prévias. Sabemos que os pacientes riníticos e asmáticos terão os sintomas agravados. As pessoas podem deixar de trabalhar, de ir à escola, por exemplo, por conta do agravamento da doença", explicou.
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Quando isso acontece, segundo a médica, o sistema respiratório fica mais fraco e, portanto, torna um terreno fértil para os vírus e bactérias.
"O pulmão, que é um tanque de gasolina, perde a capacidade de ventilar, não consegue fazer uma boa respiração e os pacientes ficam mais susceptíveis aos vírus e às bactérias, com quadros virais e de pneumonia, podendo até mesmo levar à internação", completa.
Entre as doenças respiratórias, está a asma, uma doença crônica que pode ser agravada caso a qualidade do ar não esteja em uma boa classificação.
Causada pela inflamação das vias áreas, tendo como principais sintomas a falta de ar ou dificuldade para respirar, sensação de aperto no peito, chiado no peito, a asma acomete aproximadamente 20 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia (SBPT).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que mais de 339 milhões de pessoas tenham asma em todo o mundo.
Pesquisadores da Ufes mapeiam impactos das impurezas do ar em crianças asmáticas
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Faz parte do Núcleo de Pesquisa em Qualidade do Ar da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o projeto AsmaVix, que busca investigar a “função respiratória em portadores de asma leve a moderada” na Grande Vitória.
Participaram do estudo 226 crianças e adolescentes moradores de sete bairros de Vitória. Foram utilizados um aparelho individual para medir as impurezas do ar e outro para medir a função respiratória.
Entre essas crianças, participaram os irmãos Hannah, de 11 anos, e o Javan, de 8. A mãe, Gidiane Oliveira, contou como funcionou a pesquisa
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"Foram feitos todos os tipos de exames: de sangue, de urina, coração e pulmão... depois desses exames, eles colocaram um aparelho aqui em casa e ficou durante 15 dias para captar as impurezas. Depois colheram amostras no chão e, então, os dois utilizaram um colar para medir a pureza do ar", explicou.
Os resultados parciais apontaram que a respiração de uma criança com asma é quase duas vezes mais sensível às impurezas do que uma criança não asmática.
Isso acontece, de acordo com o coordenador do projeto, José Geraldo Mill, porque os asmáticos já possuem as terminações respiratórios inflamados e a poluição só agrava.
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"Quanto menor a partícula, mais ela consegue penetrar no aparelho respiratório, indo até os brônquios terminais ou nos alvéolos, e vai afetar a função pulmonar, principalmente nos asmáticos que já possuem os bronquíolos inflamados e é agravado pelo poluente. Por isso o impacto da poluição na respiração é maior para quem tem asma em relação a quem não tem", explicou.
Segundo informações do Guia da Qualidade do Ar, elaborado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, dentre os principais impactos da poluição do ar sobre os seres humanos estão os problemas de saúde como asma, rinite e bronquite, irritação nos olhos e na pele.
Como resultado, aumentam os atendimentos e internações hospitalares e os gastos com a saúde, sendo as crianças, os idosos e as pessoas com doenças respiratórias e cardíacas os segmentos mais vulneráveis.
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Não só a saúde humana, mas os impactos incluem, ainda, o incômodo causado pela sedimentação de poeira sobre superfícies de uso cotidiano, como nos móveis, ou no chão; o efeito corrosivo sobre certos materiais metálicos, como ferro, alumínio e cobre; a diminuição da visibilidade no trânsito ou na aviação e a alteração da qualidade do solo e das águas.
Como evitar que os sintomas se agravem?
Uma das formas de evitar essa piora do quadro é a limpeza constante do ambiente, de acordo com a pneumologista Cilea Martins, e pode ser feita com uma receita fácil:
"Limpar o ambiente evita a formação do acúmulo de substâncias que podem piorar o paciente, e isso acontece dentro de casa também. São substâncias como os ácaros e, às vezes, outras substancias que estão presentes que podem irritar a mucosa nasal e a mucosa pulmonar. Um litro de água, uma colher de sopa de vinagre e duas de bicarbonato e, pronto, só passar debaixo dos sofás, colchões, atrás do guarda-roupa, para evitar ácaros", explicou.
É o que faz a Silvani Vicente, moradora de Cariacica, mãe da pequena Yasmin, de 7 anos, que é asmática e, quando em contato com outros poluentes, piora.
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"A gente tem que ter todo um cuidado. Evitar fumaça, poeira, cigarro... na rua às vezes, se torna impossível de controlar isso. Mas em casa podemos controlar", disse.
Para os cuidados, a família gasta cerca de R$ 300 por mês para comprar os medicamentos. Recentemente, Yasmin teve uma crise de asma grave e ficou internada por dois meses no hospital.
Além disso, segundo a médica, hidratar o nariz com soro fisiológico e fazer lavagem nasal com forma frequente ajuda na purificação do ar feita pelo sistema respiratório.
Também é preciso investir em uma boa alimentação rica em frutas e evitar alimentos processados e ricos em açúcar, que favorecem as infecções.
"Tenha contato sempre com o pneumologista e faça os exames anuais. Além disso, é preciso manter o cartão de vacinação em dia: pneumonia, gripe e covid", disse.
Nove pontos de monitoramento na Grande Vitória
Na Grande Vitória, são nove pontos que realizam o monitoramento da qualidade do ar, sendo que, no mês de maio deste ano, 99,7% das medições foram classificadas como "boa", o que significa que atenderam aos limites estabelecidos por lei.
Diversas fontes impactam na qualidade do ar: os automóveis, as indústrias e a construção civil, por exemplo. Entre elementos gasosos e sedimentares, esses poluentes podem agravar os sintomas de asma.
São cinco classificações: boa, moderada, ruim, muito ruim e péssima. Para cada classificação, os efeitos para a saúde humana são diferentes, como mostra a tabela abaixo, desenvolvida pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
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