Saúde

Tem enxaqueca e os analgésicos não tiram mais a dor? Saiba os motivos

Neurologista alerta para os riscos do uso contínuo de analgésicos e anti-inflamatórios. Saiba o que o excesso desses medicamentos pode provocar no organismo

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Freepik

Ela costuma surgir de repente e de tanto desconforto provocado pela dor, logo a pessoa lança mão daquele medicamento sempre a postos dentro da bolsa ou no armário de casa. Porém, o que pode parecer inofensivo na hora de afastar a enxaqueca, pode, na verdade, agravar o problema.

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O alerta surge, por exemplo, ao perceber que o analgésico que você está acostumado a usar já não faz mais o mesmo efeito de antes. Então, por que não experimentar outro que um amigo indicou?

O fato ´e que a automedicação, considerada uma prática muito comum ao redor do mundo, inclusive no Brasil, vem acompanhada de uma série de riscos à saúde do paciente. Inclusive, é uma das principais causas da enxaqueca crônica.

“Primeiro o paciente cria a tolerância à medicação, precisando aumentar a dose na hora da crise. O organismo se acostuma com o remédio e perde, cada vez mais, seus próprios mecanismos de regular a dor. Sem o analgésico, a dor vem mais forte, e mais analgésico precisa ser utilizado. Por fim, o organismo cria resistência aos remédios e deixa de responder mesmo com doses elevadas”.

O alerta é do médico neurologista Daniel Escobar. Ele explica que o consumo contínuo de analgésicos e anti-inflamatórios interfere no sistema de dor do corpo, criando um ciclo perigoso. 

81% dos entrevistados se automedicam para tratar dores de cabeça

Uma pesquisa da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) mostrou que 81% dos entrevistados se automedicam para tratar dor de cabeça e 50% das pessoas aceitam a indicação de remédios feita por não profissionais. 

O estudo revelou ainda algo preocupante: metade dos entrevistados sofre com a forma crônica da doença e mais, são os que mais abusam do uso de analgésicos. "Mais de 70% disseram tomar três ou mais doses semanais do medicamento".

A escolha do medicamento errado é outro problema. Muitos pacientes acabam escolhendo remédios que prejudicam mais do que aliviam a dor. Entre os mais comuns estão aqueles que têm cafeína em sua composição e podem piorar a crise. Remédios com opioide, também.

“Os opioides são medicações derivadas de morfina e trazem graves consequências relacionadas ao seu abuso, como a síndrome de dependência. Este já é um problema grave problema em países de primeiro mundo, como Estados Unidos”, explicou.

Saiba a diferença entre dor de cabeça e enxaqueca

ENXAQUECA

É um tipo de dor de cabeça. Pode se apresentar de moderada a intensa e, geralmente, a dor é pulsátil ou latejante. 

Pode durar de algumas horas a vários dias. Costuma provocar sensibilidade à luz, som e movimento, além de náusea. Pessoas com enxaqueca podem ter aura (sintomas visuais, sensitivos ou motores que ocorrem antes ou durante a dor de cabeça).

DOR DE CABEÇA COMUM (cefaleia tensional)

Tipo mais comum de dor de cabeça. Pode afetar ambos os lados da cabeça. A dor de cabeça tensional pode ser causada por tensão muscular, estresse emocional e  postura inadequada, por exemplo.

Normalmente não é acompanhada por náusea ou vômito. Os quadros de sensibilidade à luz e ao som geralmente são menos pronunciados do que na enxaqueca.

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Para que serve e como funcionam os analgésicos 

O neurologista pontua que os analgésicos são medicações necessárias. O problema está, portanto, na forma indiscriminada com que se usa, sem que haja um diagnóstico e a prescrição adequada. 

“As pessoas usam remédios errados, com doses excessivas, e quando chegam ao especialista a dor já é diária e crônica, e a lista de analgésicos que já não resolvem mais é grande. É preciso entender que enxaqueca é uma doença que necessita de diagnóstico, com avaliação detalhada e individual, e tratamento adequado. Além das medicações que podem ser indicadas, é preciso ter uma mudança de estilo de vida, com melhoria da alimentação, inclusão de atividade física no dia a dia e uma boa rotina de sono”, finaliza.

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