Saúde

Cerca de 95% das pessoas que fazem dietas restritivas voltam a engordar

Nutricionista aconselha que para uma alimentação saudável é importante aproveitar as refeições, comer com prazer e deixar a culpa de lado

Foto: Divulgação

Comer demais e engordar têm sido uma das preocupações do brasileiro durante a pandemia. Estressados pelo confinamento, muitos acabam por descontar a ansiedade e o estresse na alimentação. Como resultado, as pessoas acabam por comer com culpa, o que pode se tornar um vilão para uma refeição prazerosa.

Na tentativa de se manterem no peso ideal e eliminar os eventuais quilos extras, alguns optam pelas dietas restritivas. Mas, em um momento como o que estamos vivendo, é necessário prestar atenção em nossa saúde e cuidar do nosso corpo. A nutricionista Sophie Deram, acredita que dietas (ainda mais as restritivas) nunca são a melhor opção.

"Dados científicos mostram que 95% das pessoas que optam por essas dietas restritivas para emagrecer, voltam a engordar um tempo depois e ainda podem até ganhar quilos extras. Estando em isolamento, precisamos entender que nosso corpo continua precisando de cuidados e não podemos negligenciá-lo por conta do medo de engordar", explica.

Este medo é compreensível em uma sociedade que valoriza a estética, e confunde saúde com magreza. Mas, a especialista compreende que é necessário entender a alimentação de uma outra forma para que se possa começar a se desprender desses medos. "A alimentação é flexível e variável, não somos máquinas feitas para comer sempre da mesma forma e na mesma quantidade. Além disso, o nosso corpo e peso mudam ao longo de toda a vida".

Para que o sentimento de culpa ao se alimentar possa ser modificado, Sophie alerta para a necessidade de se começar a mudar a visão que existe sobre o que realmente é ter um corpo saudável. De acordo com a nutricionista, a verdade é que preciso aprender o hábito de ser gentil com o próprio corpo.

"A sociedade vive um terrorismo nutricional, que demoniza os alimentos e se apoia em um discurso supostamente científico. Em tempos de pandemia e isolamento social, esse terrorismo não colaboram para reverter essa insatisfação. Precisamos encontrar uma forma de começar a mudar isso", pontua Sophie.

Outro ponto que a especialista entende como essencial, é acolher o seu comer emocional. Para ela, muitos ainda não compreendem que, durante um período de confinamento, é natural que as pessoas queiram comer coisas mais gostosas, buscando obter prazer em meio à ansiedade e estresse. Essa é só uma das inúmeras formas de trazer conforto para o corpo e chama-se fome emocional.

"O alerta em relação à fome emocional deve acender quando ela começa a aparecer de forma exacerbada e torna-se a única forma encontrada para lidar com os sentimentos. Em um caso como este, é aconselhado buscar por profissionais de saúde especializados", orienta.

Durante a pandemia, muitos buscam entrar em mais conexão com o seu corpo e sentimentos. Segundo a especialista, isso pode ser algo valioso para entender que não é preciso ter medo de comer e engordar. É necessário entender que o prazer de comer deve fazer parte do bem-estar ao se alimentar.

"A culpa vem do excesso de informações que recebemos frequentemente e que classificam os alimentos em ‘bons e ruins’ e transformam um simples pão ou bolo em objeto de sofrimento. Enquanto que comer com prazer e sem culpa nos deixa mais satisfeitos, então comemos menos. Devemos nos livrar dessas amarras e aproveitar o isolamento sem culpa e sem nos martirizar. Costumo dizer que não existe peso ideal, mas um peso saudável", encerra.