Saúde

RT-PCR ou teste de antígeno? Entenda como funcionam os testes contra covid-19

Realizar o exame certo no momento recomendado é fundamental para descobrir infecção, orientam especialistas

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

Em mais de um ano de pandemia, a ciência precisou evoluir rapidamente para acompanhar as demandas impostas pelo novo coronavírus. Nesse cenário, os exames usados para detectar o vírus e anticorpos também foram sendo aperfeiçoados. 

Diferente do que acontecia no início da pandemia, quando um resultado chegava a demorar mais de uma semana para ser divulgado, hoje é possível obter resultados em poucos minutos. 

Mas, apesar da rapidez, especialistas ressaltam a importância de saber qual teste realizar para ter a resposta que se busca.

Entenda quais são os testes de covid-19 disponíveis 

De maneira geral, é possível dividir os testes de covid-19 em dois grandes grupos: 

- os de diagnóstico: que são feitos com coleta de secreção do nariz, da boca ou, eventualmente, saliva; 

- os de anticorpos: com amostras de sangue da ponta do dedo ou venoso;

Na prática, qual a diferença?

Uma pessoa que realize um teste sorológico, por exemplo, durante a fase aguda da infecção pelo coronavírus, terá um resultado negativo. Isto ocorre porque a formação dos anticorpos pode levar semanas para ocorrer.

Este tipo de equívoco poderia fazer com que o indivíduo continuasse espalhando o vírus ao achar que não está infectado.

Todavia, se a pessoa pessoa fizer um RT-PCR, muito possivelmente o resultado será positivo, o que significa que ela está com o vírus naquele momento.

Entenda como cada exame contra covid-19 funciona

TESTES QUE DETECTAM O VÍRUS DA COVID-19:

RT-PCR

Foto: Divulgação

O nome vem de uma abreviação do inglês que significa reação em cadeia da polimerase em tempo real. É uma metodologia considerada "padrão ouro" em todo o mundo para detecção do SARS-CoV-2 durante a infecção.

O RT-PCR permite que quantidades mínimas de material genético do vírus sejam amplificadas milhões de vezes em poucas horas.

"O que mudou é que ao longo desse tempo os laboratórios foram se aperfeiçoando em como fazer o exame. Hoje, você consegue fazer os exames em uma reação única, ele sai mais rápido", conta Maria Carolina Tostes Pintão, coordenadora médica de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury.

Como funciona a coleta:

A amostra é coletada por meio de swab (um cotonete comprido) inserido na nasofaringe e na orofaringe. Este exame também já permite a análise de amostras de saliva.

Embora a reação em si leve cerca de três horas para ficar pronta, laboratórios podem demorar um pouco mais para entregar o resultado. 

Agilidade no resultado é fundamental:

O infectologista Hélio Bacha, do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que mais tempo do que 48 horas prejudica o paciente. "Se você faz um teste RT-PCR que vai ter o resultado daqui a uma semana, esse teste não está sendo útil. Tem que ser feito com alguma celeridade."

Isto ocorre porque em caso de resultado positivo, a pessoa precisa ficar isolada por pelo menos dez dias. O RT-PCR é oferecido nas redes pública e privada, inclusive com cobertura obrigatória dos planos de saúde.

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Quem deve fazer

- Qualquer pessoa que esteja com sintomas gripais (dores no corpo, coriza, tosse, febre, dor de cabeça, cansaço, etc.);

- Indivíduos que tiveram contato com alguém que teve resultado positivo de exame para covid-19;

Quando fazer

A orientação é para que o exame seja realizado entre o terceiro e o décimo dia do início dos sintomas ou do contato com alguém que estava com covid-19.

"É o período em que o vírus está se replicando e está presente na região nasofaríngea", observa a coordenadora do Grupo Fleury.

Hélio Bacha acrescenta que o RT-PCR possui um alto nível de confiança, mas que é preciso que o resultado seja interpretado por um médico, que vai levar em conta outros fatores, como a presença de sintomas, por exemplo.

"Quando é negativo, nem sempre eu posso afirmar que ele não tem a doença. Mas se ele é positivo, com certeza é um diagnóstico."

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Teste de antígeno

Foto: TV Vitória

O teste de antígeno começou a ser usado mais recentemente. Ele também utiliza um swab nasal, mas não requer a mesma estrutura de laboratório para a análise. Maria Carolina explica que esse exame analisa a estrutura proteica do vírus, enquanto o PCR olha para o material genético.

"É um teste rápido, tem essa vantagem. O tempo de reação e leitura é de 15 minutos a 30 minutos. Mas o tempo do resultado depende do fluxo do lugar onde está realizando. Quando ganha velocidade, perde em alguma coisa. No caso, perde sensibilidade. Como no teste de antígeno não tem amplificação do material, ele tem menor sensibilidade se você tiver uma quantidade de vírus menor. Pode ter resultado negativo em uma pessoa que tem a infecção. E vai ser sempre assim para todos os exames", explicou.

Quem deve fazer

A indicação é a mesma do RT-PCR. A principal vantagem do teste de antígeno é que ele pode ser feito quando a pessoa quer ter o resultado logo.

Também é um exame indicado para testagem em massa, para eventos, ambientes de trabalho, entre outros.

Quando fazer

Por ser menos sensível do que o RT-PCR, o teste de antígeno deve ser feito até o quinto dia do início dos sintomas.

Teste rápido molecular

Os testes rápidos moleculares não exigem uma estrutura laboratorial como a do RT-PCR, já que utiliza um equipamento que pode ser transportado. Maria Carolina afirma que em uma escala de sensibilidade este exame está entre o RT-PCR e o de antígeno.

"Esses testes moleculares rápidos ganham em rapidez, mas também precisa fazer uma reação de extração mais rápida. O material não é tão purificado, então, perde um pouco de sensibilidade em relação ao RT-PCR."

A técnica utilizada é a de amplificação isotérmica, que também olha para a molécula de RNA do coronavírus. A coleta é feita com swab de secreção do nariz ou da boca.

Quem deve fazer

- Qualquer indivíduo que tenha sintomas gripais;

- Quem teve contato com um caso positivo;

TESTES QUE NÃO DETECTAM O VÍRUS DA COVID-19:

Testes sorológicos

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Aqui, começam os exames que não detectam mais o vírus, mas uma eventual resposta imunológica que a covid-19 possa ter deixado naquele indivíduo.

Eles podem ser de dois tipos:

- Testes rápidos: são aqueles com um furo na ponta do dedo, muito comuns em farmácias. Estes exames são qualitativos, mostram apenas a presença ou ausência de anticorpos do tipo IgM e IgG.

- Testes sorológicos feitos em laboratório: exame feito em laboratório coleta sangue venoso. O resultado mostra a quantificação desses anticorpos de acordo com o seu tipo.

Todavia, a médica alerta para a interpretação desse teste.

"O anticorpo do tipo IgM é mais inespecífico. Produção de IgM isolada, hoje em dia a gente tende até a não olhar. Ela pode acontecer aleatoriamente, por várias razões, às vezes está associado a algum outro quadro viral. Isso é da natureza desse anticorpo", explica, ao ressaltar que os anticorpos do tipo IgG são considerados a memória imunológica.

Quem deve fazer

- Quem teve uma síndrome gripal, mas não confirmou o diagnóstico durante a fase aguda;

- Inquéritos sorológicos, em que agentes públicos fazem, por amostragem, coletas de sangue em determinadas regiões para saber o percentual de indivíduos que já teve contato com o vírus;

Quando fazer

O teste sorológico feito durante a covid-19 ou poucos dias depois certamente terá resultado negativo ou inconclusivo.

O ideal, afirmam os especialistas, é esperar cerca de um mês após a cura da síndrome gripal para fazer o exame.

Teste de anticorpos anti-spike

O teste também é feito a partir da coleta de sangue venoso. A proteína spike do coronavírus é a parte em que ele se conecta às células humanas no momento da infecção. A maior parte das vacinas disponíveis hoje tem como foco criar anticorpos contra esse pedaço do vírus.

"Quando a gente tem contato com o vírus em uma infecção ou na vacina, você produz diferentes tipos de anticorpos. Mas nem todo anticorpo tem ação de proteção necessariamente a uma nova infecção. Você precisa de anticorpos que tenham capacidade de neutralizar a entrada do vírus na célula", explica Maria Carolina.

Ou seja, uma pessoa que tenha IgG positivo para o SARS-CoV-2 pode não ter anticorpos capazes de prevenir uma nova infecção. E aí que entra esse exame, ainda restrito a poucos laboratórios e não coberto por planos de saúde.

Como funciona o teste:

O laboratório faz uma pesquisa de anticorpos neutralizantes e, se eles estiverem presentes, é feito um teste funcional, que tenta ver se esse anticorpo é capaz de evitar a entrada do vírus nas células.

Ocorre que muita gente que tomou vacinas contra a covid-19 está recorrendo ao teste anti-spike para saber se a vacina funcionou. A médica comenta que pode haver uma certa decepção dessas pessoas.

"O teste de anticorpos neutralizantes negativo em uma pessoa vacinada não significa que ela não esteja protegida. Isso dá muita confusão. [...] Além da resposta de produção de anticorpos, que é a resposta humoral, a gente tem outros tipos de resposta que o organismo faz para combater o vírus, entre elas, essa resposta celular. Não temos ainda um teste que avalia a resposta celular."

Sequenciamento genético

Com o avanço da variante Delta do coronavírus, identificada inicialmente na Índia e mais contagiosa que as demais, existe a necessidade de autoridades sanitárias saberem qual é a prevalência desta e de outras cepas na população.

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*Com informações do Portal R7

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