Saúde

Endometriose: conheça os sintomas e tratamentos da doença de Anitta

Dados da Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia revelam que 1 em cada 10 mulheres brasileiras sofrem com o problema. Sem tratamento, pode levar à infertilidade

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução / Instagram

A cantora Anitta revelou em suas redes sociais que terá que passar por uma cirurgia, após ser diagnosticada com endometriose. Trata-se de um doença crônica que afeta mulheres em idade fértil. Segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia (SBE), 1 em cada 10 mulheres sofre com o problema no Brasil e 57% das pacientes sentem dores intensas. E um dado é preocupante: mais de 30% dos casos levam à infertilidade

Em tom de desabafo, Anitta contou que já são 9 anos de inúmeras tentativas para se livrar das fortes dores que a acompanham todos os meses. Agora, passará por uma cirurgia em busca de solucionar a endometriose.

"Enfim... Minha cirurgia tá marcada e aqui fica meu apelo por mais informações para as mulheres. Mais acesso, mais interesse geral em cuidar do corpo feminino para que a gente possa ser livre e conseguir se cuidar", escreveu em um dos seus relatos.

Mas primeiro é importante entender o que é a doença. Para isso, nós conversamos com uma especialista no assunto. Segundo a ginecologista Thaissa Tinoco, a endometriose consiste na presença do tecido endometrial fora do útero.

O endométrio reveste a parte interna do útero e cresce no começo do ciclo menstrual. Ele se transforma após a ovulação para permitir a implantação de um possível embrião (após a fecundação do óvulo) e descama durante a menstruação. No ciclo seguinte, retorna a crescer.

"Quando esse tecido da parte interna do útero cai dentro da cavidade pélvica e se instala em outro local que não é o útero, é endometriose. Essas células permanecem vivas, não morrem. Portanto, todos os meses, a cada nova estimulação de hormônios pelo ovário, elas crescem em um processo inflamatório crônico, piorando um pouquinho de cada vez", detalhou.  

Como é feito o diagnóstico da endometriose?

De acordo com a especialista, o mais importante na hora de diagnosticar a endometriose é o histórico da paciente. As queixas mais comuns acontecem na faixa etária dos 25 e 30 anos de idade. 

"Relatos de dores incapacitantes que levam adolescentes e jovens a faltar aula, queixas de dores durante a relação sexual, não conseguir trabalhar e idas ao hospital por conta da dor, são características da doença. Um outro estepe para se chegar ao diagnóstico é o exame físico, por meio do toque vaginal, que faz parte do exame ginecológico. Conseguimos perceber uma série de alterações, destacou Thaissa. 

Foto: Divulgação

Apenas depois desses dois passos é que a paciente segue para o exame de imagem. Ele é responsável por mapear o problema. Principalmente, para traçar qual vai ser o tratamento. 

O exame pode ser uma ressonância magnética da pelve ou um ultrassom endovaginal com preparo para mapeamento específico de endometriose.

É fundamental lembrar que nem todas as pacientes apresentam sintomas, sendo surpreendidas pelo diagnóstico quando tentam engravidar e iniciam uma pesquisa para saber o motivo. 

"Por isso, a consultar regular, uma vez por ano, com o ginecologista é importante. Fazer todas investigações diante de queixas de cólicas, além do preventivo, que pode apontar câncer de colo de útero, e a mamografia, para o câncer de mama", alertou a ginecologista. 

Como tratar a doença

São várias as opções de tratamento, assim que a paciente é diagnosticada com a endometriose. Inicialmente, é feito um bloqueio hormonal, uma vez que a doença é estimulada pelo hormônio produzido pelos ovários. 

"Colocamos o ovário para dormir e com isso, ele para de estimular os focos. Além do bloqueio, é necessária uma mudança no estilo de vida. Abandonar alimentos inflamatórios é fundamental: leites, açúcar, gorduras, alimentos processados, glúten. Também trabalhamos a suplementação de ômega 3, vitamina D e indicamos a atividade física. A fisioterapia pélvica para relaxamento dos músculo e a acupuntura são outros grande aliados", detalhou a ginecologista. 

Já os casos cirúrgicos sequem outros protocolos e são realizados em casos específicos. O objetivo do procedimento é a retirada de todos focos espalhados pelo corpo da paciente por via laparoscópica. A médica explicou que é proibitivo operar endometriose com corte na barriga. Tem ainda a via robótica. O método é mais moderno e promove rápida recuperação.

Engana-se quem acha que a cirurgia envolve apenas o ginecologista. É necessária toda uma equipe multidisciplinar. Entre os profissionais, cirurgiões da área da urologia e do aparelho digestivo, uma vez que os focos costumam migrar para o intestino e bexiga, na maioria das vezes.

Fique atenta aos sintomas da endometriose

- Cólicas menstruais intensas;

- Dor pré-menstrual

- Dore durante as relações sexuais;

- Dificuldade para engravidar;

- Dor e sangramento intestinal e urinário durante a menstruação;

Em caso de um ou mais sintomas, procure logo um médico ginecologista para que o diagnóstico seja realizado o mais rápido possível.