Perigo invisível: o que é e como identificar o transtorno da autoimagem
Doença pode levar a casos de depressão e distúrbios alimentares, inclusive à busca por procedimentos estéticos
O bem-estar do corpo e da mente é assunto sempre em voga, o que acontece então quando uma pessoa se olha no espelho e não reconhece o que vê? Este pode ser um sinal do transtorno dismórfico corporal (TDC), condição que pode levar à depressão, ansiedade e transtornos alimentares.
O TDC, também conhecido como transtorno da autoimagem, se caracteriza, principalmente, por uma preocupação exagerada e sem controle com a própria aparência, o que o leva a procedimentos estéticos, às vezes sem necessidade.
De acordo com a cirurgiã plástica Luciane Siqueira, muitas vezes o transtorno é descoberto no consultório. Por isso, antes de realizar qualquer procedimento, o paciente passa por uma rigorosa avaliação para o que a pessoa pretende alcançar com aquela cirurgia.
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“É a partir de uma longa e aprofundada conversa que nós médicos entendemos melhor os anseios dos pacientes e conseguimos lidar com suas expectativas. Hoje em dia, muitas vezes, os pacientes, principalmente mulheres, chegam ao consultório mostrando fotos de artistas e blogueiros desejando ficar com o corpo parecido. Sempre esclareço que é um equívoco querer ficar igual a outra pessoa, já que cada indivíduo tem uma fisiologia e estrutura corporal diferente”.
Luciane diz ainda que pequenos sinais podem alertar sobre a presença deste distúrbio. “É preciso prestar muita atenção no paciente, pois assim é possível enxergar que aquela pessoa pode estar precisando de apoio psicológico”, explicou a cirurgiã da clínica Alever.
Apesar de ser considerada uma doença grave por especialistas, é difícil diagnosticar o transtorno porque seus sinais são facilmente confundidos com excesso de vaidade. Quem possui o transtorno fica a todo tempo incomodado com a aparência, o que leva a buscar auxílio e soluções na cirurgia plástica, dermatologia, odontologia e outros caminhos para se sentir melhor.
Segundo a psicóloga Elza Leite, esse é um distúrbio psicológico que gera no paciente muita insatisfação com o próprio corpo porque a pessoa tem uma imagem distorcida de si mesma.
“Geralmente o que ela enxerga no espelho não condiz com a realidade e isso provoca muita insatisfação. Existem diversos casos em que a pessoa está com baixo peso e nega que está muito magra. Ela já pode estar, inclusive, vivendo um processo de bulimia e anorexia englobados dentro desse transtorno", disse.
"Essa pessoa constantemente queixa-se de si mesma, falando que está gorda, feia e começa a ver grandes defeitos que outras pessoas não veem. Dessa forma, a pessoa doente busca muitos procedimentos estéticos de forma exagerada e não para de fazer, agravando ainda mais o problema.” completou.
Elza salienta que a pessoa que possui o transtorno fica obcecada olhando no espelho e sempre procurando um defeito. Fica verbalizando que não está satisfeita.
“O transtorno interfere na vida da pessoa como um todo. Sem contar com o fator comparação, quando se compara o tempo todo com outras pessoas que na grande maioria das vezes tem um padrão corporal totalmente diferente e é nesse momento que vão atrás dessa expectativa de mudança por meio da cirurgia plástica.”
O transtorno dismórfico corporal tem tratamento e cura. A rede de apoio é muito importante nesse momento e o papel do médico é ajudar o paciente a solucionar seus problemas, cuidando de sua saúde e bem-estar. Nem sempre essa ajuda é um procedimento estético, e sim a indicação de um tratamento para resolver questões muito mais profundas.
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