ENTREVISTA

Menopausa: "É preciso ter empatia por essa fase da mulher", diz ginecologista

Na entrevista especial deste domingo (21), Thaissa Tinoco fala sobre sintomas e fases da menopausa, além da importância do acesso à informação para quebrar tabus

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Acervo Pessoal/Arte: folha Vitória

Fase natural na vida das mulheres, a menopausa vai além de ser um marco do fim dos ciclos menstruais. É o início de um período importante, repleto de alterações hormonais que desencadeiam mudanças importantes na saúde e bem-estar feminino.

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Durante a menopausa, muitas mulheres experimentam uma variedade de sintomas físicos e emocionais. 

Eles vão desde os famosos fogachos (sensação de calor repentina acompanhada por suor intenso), passam por alterações na pele e cabelos, sem falar nas mudanças de humor, ansiedade e irritabilidade.

Em meio a tantas transformações, a falta de informação leva a uma série de tabus e mal-entendidos. O resultado? Angústia e dúvidas, quando tudo não deveria passar de uma transição natural.  

Reconhecer os desafios enfrentados durante a menopausa permite que as mulheres procurem tratamentos adequados e façam ajustes no estilo de vida para melhorar sua qualidade de vida.

Além disso, falar de modo claro sobre essa etapa reduz estigmas, encoraja as mulheres a compartilharem suas experiências e buscarem apoio mútuo. Na entrevista especial desse domingo (21), a reportagem do Folha Vitória conversa com Thaissa Tinoco, médica ginecologista.

Formada pela Universidade Iguaçu Campus V – Itaperuna, Rio de Janeiro, fez residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Governador Israel Pinheiro (IPSEMG) – Belo Horizonte, Minas Gerais. 

Possui título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e é instrutora do Centro de Formação em Cirurgia Robótica do Hospital Santa Rita de Cássia – Vitória, Espírito Santo.

1. O que é a menopausa?

Thaissa Tinoco - A menopausa é o fim permanente das menstruações, marcando o término do período reprodutivo feminino. É confirmada após um ano da última menstruação.

2. Os sintomas começam quanto tempo antes? Por quê?

Os sintomas da menopausa podem começar cerca de 4 a 8 anos antes. A menopausa ocorre quando os ovários não têm mais a capacidade de produzir seus hormônios, principalmente o estrogênio e a progesterona. 

Portanto, antes da falência total dos ovários, eles passam por um período de funcionamento irregular. Assim, a produção dos hormônios se torna irregular antes da menopausa, levando à irregularidade menstrual. 

O primeiro sintoma de que a menopausa pode estar a caminho é justamente a irregularidade menstrual.

3. A menopausa tem fases? Quais são?

Sim, a menopausa tem fases. A fase que antecede a menopausa chama-se climatério. É o período em que a mulher apresenta principalmente irregularidade menstrual, alterações de humor e distúrbios do sono.

4. A menopausa aumenta o risco de doenças? Quais?

Sim. Mulheres na pós-menopausa têm maior risco de desenvolver doenças coronarianas e osteoporose.

5. É possível preparar o corpo para a fase da menopausa? O que fazer?

É possível preparar o corpo para essa fase, e a principal forma é manter um estilo de vida saudável. Isso inclui uma boa alimentação com baixa ingestão de açúcar e carboidratos refinados, reposição de vitaminas e suplementação, além da prática regular de atividade física.

6. Por que a libido diminui? Como tratar?

A libido diminui devido à queda dos hormônios produzidos pelos ovários, principalmente estrogênio, progesterona e testosterona. O tratamento é baseado na reposição desses hormônios em suas diversas formas, que podem ser via oral, vaginal ou transdérmica.

7. Existe menopausa precoce?

Se a falência dos ovários ocorre antes dos 40 anos, é chamada de menopausa precoce. É o período em que a mulher apresenta principalmente irregularidade menstrual, alteração no humor e no sono.

8. A falta de informação sobre essa etapa na vida das mulheres afeta a qualidade de vida?

Os hormônios são de suma importância para o bem-estar físico, sexual, mental e emocional da mulher. Por isso, a falta de informação sobre a possibilidade de tratar a deficiência hormonal afeta, com certeza, a qualidade de vida da mulher.

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9. O que é preciso para que as mulheres vivam bem a menopausa?

Para que as mulheres vivam bem a menopausa, é essencial ter acesso a informações sobre a condição e os tratamentos disponíveis, além de manter um estilo de vida saudável com uma dieta equilibrada e prática regular de exercícios físicos. 

Além disso, é fundamental que elas sejam acompanhadas por um ginecologista. Qualquer demanda que apresentem pode e deve ser avaliada com exames de imagem. Portanto, é importante acompanhar com o médico e discutir todas as questões, pois é possível ajustar e melhorar a qualidade de vida.

10. É preciso apoio e compreensão para superar os tabus e preconceitos que ainda permeiam o tema?

Sem dúvida, é necessário ter empatia por esse período da vida da mulher, que não é fácil. A queda dos hormônios traz problemas emocionais, sexuais e físicos. 

Com a redução hormonal, a mulher costuma ter dificuldade para perder peso e pode ganhar massa gorda, resultando em aumento de peso. 

A libido diminui, e a vagina fica mais ressecada, o que pode causar incômodo e dor durante a relação sexual. 

Emocionalmente, é um período em que muitas mulheres se deparam com a realidade do envelhecimento, o que também tem um grande impacto emocional. É essencial entender cada mulher de forma individualizada, pois cada uma enfrenta essa fase de maneira diferente. 

Algumas encaram de forma natural e se sentem bem, enquanto outras sentem um impacto maior. Portanto, o tratamento e o acompanhamento devem ser personalizados, de acordo com as necessidades e sentimentos de cada mulher.

11. Quais são os maiores desafios que a medicina enfrenta? O que pode ser feito para melhorar?

O maior desafio da medicina é lidar com o envelhecimento, pois ainda não se descobriu nada que diminua a velocidade desse processo. O envelhecimento traz mudanças no padrão e no ritmo de vida de qualquer pessoa, e muitas vezes, nossa mente não acompanha essas transformações físicas. 

Muitas mulheres de 70 anos se consideram ativas, mas o cognitivo já não é mais o mesmo. O grande desafio é alcançar uma longevidade saudável. 

Hoje, com tratamentos hormonais, reposição de hormônios e medicamentos, podemos retardar alguns efeitos do envelhecimento e melhorar a qualidade de vida.

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