Saúde

Por que os pacientes mentem na terapia? Descubra os motivos mais comuns

Entenda as razões por trás das mentiras durante a terapia e como superá-las para um tratamento eficaz

Redação Folha Vitória

Foto: Reprodução/ Freepik

Quando uma paciente admitiu ter me contado uma mentira inocente, não fiquei surpresa. Como psicóloga, sei que a terapia é um lugar para compartilhar segredos, mas que às vezes é difícil falar a verdade.

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Quando começamos uma relação nova, a maioria de nós faz de tudo para se mostrar da melhor maneira possível. Conhecida como “autoapresentação”, essa tendência pode aparecer sempre que sentimos que alguém está nos avaliando.

Na terapia, isso pode levar você a dizer que está bem, mesmo quando não está. Ou que nunca usa substâncias, mesmo que você beba ou fume. Outras pessoas dizem que estão só estressadas, embora mal consigam sair da cama.

A frequência das mentiras na terapia

Essas inverdades podem parecer chocantes, mas, na terapia, a desonestidade não é um ato terrível – nem raro. Um estudo com mais de 500 participantes descobriu que mais de 90% deles tinham mentido na terapia pelo menos uma vez. 

Entre as principais inverdades: fingir gostar das sugestões do terapeuta, negar sentimentos de insegurança e minimizar sofrimentos.

Impacto da mentira na eficácia do tratamento

Falar com um terapeuta exige coragem, e essa abertura pode dar uma sensação de vulnerabilidade. Mas esconder a verdade tem um custo. Pesquisas mostram que mentir pode diminuir a eficácia do tratamento e levar os pacientes a encerrar a terapia cedo demais.

Eu disse à minha paciente que a mentira dela não era uma coisa de que devesse se envergonhar – era algo que precisávamos entender. Para começar, precisávamos descobrir o que estava fazendo com que a honestidade fosse um desafio.

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Motivos comuns para mentir na terapia

* Medo de ouvir críticas:

Seja na terapia ou na vida, muitas vezes mentimos para evitar críticas. Tive muitos pacientes com distúrbios alimentares que negavam exagerar nos exercícios físicos ou restringir o que comiam. Outros escondiam a raiva ou omitiam a frequência com que brigavam com os filhos.

* Vergonha e constrangimento:

Em um estudo, mais de 60% dos participantes disseram que tinham mentido para evitar constrangimento. Por exemplo, se você acha que seus pensamentos, sentimentos ou ações fazem de você uma “má pessoa”, será menos provável que você se abra com alguém (até mesmo na terapia).

*Tentando agradar o terapeuta

Agradar as pessoas pode nos levar a contar “mentiras altruístas”. Essas inverdades têm como objetivo proteger os sentimentos da outra pessoa. Por exemplo, você pode dizer a uma amiga que adorou o novo companheiro dela, mesmo que ele seja um chato.

* Tentando evitar emoções perturbadoras

Omitir a verdade muitas vezes nos protege de emoções perturbadoras, como ansiedade, culpa ou tristeza. Isso é comum se você sobreviveu a um trauma, como abuso ou agressão emocional.

Como lidar com a mentira na terapia

Identifique a vergonha. A desonestidade pode gerar vergonha e levar você a evitar o problema. Se você não mencionar a mentira, não vai receber o apoio de que necessita. Uma maneira de superar a vergonha é nomeá-la. 

Comece explorando onde ela aparece no corpo. Você pode notar um buraco no estômago ou uma tensão nos ombros.

Encare a vergonha com autocompaixão. Você pode começar dizendo: “Reconheço que todos nós às vezes nos sentimos envergonhados. Esse sentimento não vai durar para sempre”. Encarar a vergonha como parte da experiência humana pode fazer você se sentir menos só.

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Crie coragem e fale a verdade. Se você mentiu, diga a seu terapeuta. Por exemplo, se você tinha medo de ouvir críticas, tente dizer: “Menti porque não queria que você me julgasse”. Ou, se o tratamento não estiver indo bem, você pode dizer: 

“Gostaria de falar francamente sobre minha experiência na terapia”. Se você não tiver certeza do que motivou a mentira, vale a pena dizer algo como “Não sei por que menti”.

Embora dizer a verdade possa ser desafiador, a honestidade traz muitos benefícios. Constrói confiança, o que pode fortalecer a relação terapêutica. E também oferece uma oportunidade de se aprofundar, direcionando a terapia para um rumo mais significativo.

*Com informações do Estadão

Este conteúdo foi produzido com o auxílio de ferramenta de Inteligência Artificial e revisado por editor do jornal