Saúde

Antecipar segunda dose ajuda a conter variante Delta, dizem especialistas

As vacinas, até o momento, protegem contra essa variante, mas mesmo com a segunda dose, a taxa de proteção do imunizante com a Delta é menor

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: Thaiz Blunck | Folha Vitória

A variante Delta está em circulação comunitária desde o mês de julho no Espírito Santo, com cinco casos confirmados em Vitória, um no município da Serra e um em Guarapari. Neste novo cenário, especialistas defendem que a estratégia de vacinação adotada precisa ser reavaliada. 

Segundo o doutor em epidemiologia, Daniel Gomes, apesar de ser eficaz no combate ao coronavírus, apenas uma dose da vacina não garante proteção contra a variante. 

"O ponto preocupante é que apenas a primeira dose não é suficiente para proteger o indivíduo contra a variante delta. Por isso muitos Estados estão antecipando a segunda dose, para gerar uma maior segurança", disse o epidemiologista. 

Eficácia de D1 contra variante Delta é menor que 30%, diz especialista

O especialista explicou que as vacinas, até o momento, protegem contra essa variante, mas mesmo com a segunda dose, a taxa de proteção do imunizante com relação à Delta é menor do que para outras variantes. Com apenas a primeira dose, o problema é ainda maior.

"Os governos estão tentando expandir a vacinação com a D1, porque ela protege contra as outras variantes. Além disso, pode ser uma forma de garantir uma força política em relação ao número de vacinados. Mas no que se refere à variante Delta, as vacinas têm uma baixa eficácia, na casa dos 30% com uma única dose", reforçou. 

O especialista explicou que monitorar o avanço da variante é importante, mas é fundamental que as pessoas completem o esquema vacinal. 

"É importante que as pessoas se vacinem. Seria fantástico se a gente conseguisse aumentar ainda mais os nossos índices de cobertura. A primeira dose é importante, mas a segunda é fundamental", disse. 

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Variante Delta ameaça controle da pandemia

O doutor em epidemiologia explicou que não garantir ao capixaba um esquema vacinal completo - com as duas doses do imunizante - pode representar um prejuízo para os índices de internações registrados no Espírito Santo. 

"Temos que pensar que estamos em um momento de estabilidade. Pensando que essa é uma variante que tem uma maior transmissibilidade, e ao mesmo tempo está associada com uma maior taxa de internação, isso pode, de algum modo, impactar no status do Espírito Santo", afirmou. 

A médica infectologista Ana Carolina D’Ettorres reforçou que para evitar uma nova onda de covid pela variante Delta é preciso acelerar o processo de vacinação e garantir que mais pessoas tenham o esquema vacinal completo.

“Pessoas com esquema vacinal completo, com duas doses ou dose única, têm uma proteção semelhante às demais variantes. Mas aqueles com esquema vacinal incompleto, ou seja, que só tomaram a primeira dose, têm uma maior chance de provocar um escape imunológico e desenvolver a doença.  

Secretário estadual de Saúde alerta para risco de variante

Em entrevista ao ES No Ar, da TV Vitória/Record TV, nesta terça-feira (10), o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, explicou que aqueles que não têm a imunização completa, têm mais riscos de enfrentar a forma grave da doença. 

Foto: TV Vitória
"A variante Delta tem um escape reconhecido, parcial, para casos sintomáticos, para forma leve da doença e para formas assintomáticas. Tem estudos publicados, que fala sobre a preservação para hospitalização e óbitos entre vacinados. Mas, especialmente aqueles que não se vacinaram ou não voltaram para a dose de reforço no tempo apropriado, estão mais suscetíveis de desenvolver de formas graves e o óbito, do que aqueles que tomaram as duas doses", disse. 

Nésio disse ainda que "a circulação da nova variante vai encontrar uma característica imune da comunidade que está definida por uma ampla exposição à doença anteriormente e também temos um avanço grande da vacinação com vacinas extremamente seguras e eficazes. No entanto, é uma variante que incrementa o risco para gestão da pandemia no nosso Estado". 

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Cuidados para evitar transmissão da doença são fundamentais

O avanço da vacinação contribuiu para que o número de óbitos e internações, assim como a diminuição no número de infectados, diminuísse de forma expressiva. 

Mas diante de uma nova variante, como é o caso da Delta, os cuidados seguem sendo fundamentais, já que como reforçou a infectologista, Ana Carolina D’Ettorres, "os estudos de eficácia da vacina foram desenhados com o objetivo de evitar morte e formas graves, mas o indivíduo vacinado pode ainda se infectar e transmitir para os outros". 

"Nossa vantagem nesse momento é que a gente sabe como o vírus é transmitido, diferente do início da pandemia. A variante Delta, apesar de ser mais transmissível, é transmitida da mesma forma que a original. Então as medidas de higiene e distanciamento, aliadas à vacinação em massa, são medidas de muita força para a gente enfrentar esse novo momento da pandemia", completou.