Bolsa de colostomia "curou" câncer de Preta Gil? Veja o que é, cirurgia e cuidados
Famosa passou por cirurgia para retirada de câncer no intestino, na região do reto; veja como ela está hoje e qual é real estado de saúde
Aos 49 anos de idade, Preta Gil realizou uma cirurgia para retirar um tumor no intestino, nesta quarta-feira (16), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
A cantora havia sido diagnosticada com um adenocarcinoma na porção final do intestino em janeiro, de acordo com informações do R7. Ela passou pela primeira fase do tratamento, com sessões de quimioterapia e radioterapia até julho.
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O "ABC do câncer — Abordagens básicas para o controle do câncer" (2019), do Instituto Nacional do Câncer (Inca), explica que os adenocarcinomas são tumores malignos que se originam na pele de revestimento de glândulas.
Segundo Thiago Jorge, oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a cirurgia para remover adenocarcinomas no intestino ou reto envolve a extração da área afetada do órgão, juntamente com os linfonodos adjacentes.
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Essa abordagem inclui também a remoção de uma margem de segurança distante do tumor, com o objetivo de prevenir sua recorrência.
Ao R7, o médico informa que os métodos incluem a cirurgia aberta (tradicional), por laparoscopia e até mesmo robótica, a depender de cada caso.
"As cirurgias abertas são geralmente feitas em casos de emergência, em que há obstrução do intestino ou sangramento do tumor, por exemplo. Já nas cirurgias programadas, ou em que há difícil acesso à área afetada, costuma-se realizar a laparoscopia", disse.
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Jorge explica que depois da remoção da porção do intestino, as partes são unidas por meio de pontos. Em alguns casos, é essencial usar uma bolsa de colostomia para facilitar a cicatrização do órgão até que não haja passagem de fezes na área.
"Isso facilita o processo de cicatrização e diminui os riscos de complicações. Porém, nem sempre é necessário, vai da escolha do cirurgião e se o paciente fez algum tipo de quimioterapia ou radioterapia antes", declarou o oncologista do Oswaldo Cruz.
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Ricardo Saraiva, oncologista líder da Unidade de Câncer de Pâncreas, Fígado e Vias Biliares, Oncologia Clínica da BP — A Beneficência Portuguesa de São Paulo, afirma ao R7 que, após a recuperação, esses pacientes passam por uma nova cirurgia para a retirada da colostomia, de modo que o trânsito intestinal volte ao normal.
Quando o tumor está próximo ao reto e não é viável reconstruir a conexão com o ânus, o paciente pode necessitar manter a bolsa de colostomia de forma permanente.
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Em relação aos tratamentos prévios de Preta Gil, Saraiva destacou ao R7 que eles são feitos de modo a tratar o tumor, além de outros possíveis focos da doença que possam ter afetado outros gânglios na região.
Isso reduz o tamanho do tumor e quaisquer outros focos da doença, aumentando as chances de recuperação. A recuperação costuma ser rápida, com cerca de uma semana a dez dias de internação, a depender de cada caso.
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Quanto à cura, Saraiva é categórico. "Em oncologia, só podemos falar que um paciente está curado depois que o tratamento é completado e ele passa para a fase de acompanhamento, feito por exames de imagem".
Segundo o médico, "depois de cinco anos de acompanhamento, com exames de imagem mostrando que a doença não voltou, podemos falar que o paciente está curado. Os riscos de o câncer voltar são maiores nos dois primeiros anos".
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A necessidade de tratamentos adicionais após a cirurgia dependerá das terapias aplicadas anteriormente, bem como das respostas do organismo a elas.
De maneira geral, o especialista em oncologia da BP informou ao R7 que é comum administrar toda a medicação antes da cirurgia. Após o procedimento cirúrgico, em caso de sucesso, o paciente entra na fase de acompanhamento.
No período pós-operatório, é necessário observar e ajustar a dieta, além de acompanhar o funcionamento do novo trânsito intestinal da pessoa. A partir disso, são realizados exames de sangue para identificar marcadores tumorais.
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BOLSA DE COLOSTOMIA
Depois da cirurgia para remover o tumor, Preta Gil passou a usar uma bolsa de colostomia enquanto se recupera do procedimento.
Sobre esse acessório, há muitas dúvidas para quem é leigo. Por exemplo, em que situações o uso se torna necessário, como ela funciona e se o uso é temporário.
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De acordo com o médico gastroenterologista Gustavo Peixoto, "estomias" são cirurgias realizadas com objetivo de construir um caminho alternativo de comunicação com o meio exterior. No caso da colostomia, se utiliza uma víscera oca e adapta à pele, para onde serão levadas as fezes.
"O íleo corresponde à parte final do intestino delgado, que faz parte do sistema digestório. Então é feita uma emenda a ele", disse.
Apesar de pouco comentado, a bolsa de colostomia pode ser temporária ou até definitiva. "A definitiva é feita em caso de amputação da região do ânus, geralmente por conta de câncer. Retira-se a região do reto e a colostomia fica definitiva", afirmou.
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LISTA: ENTENDA
As temporárias podem ser usadas em duas situações:
1. Cirurgia de urgência colorretal: às vezes não há condições do indivíduo de aguentar ou suportar uma emenda do intestino;
2. Quando é feita uma emenda, mas é de grande risco: para que não passem fezes ali durante um tempo e para que possa cicatrizar com mais segurança. "Depois disso então é fechado".
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Atualmente, segundo Peixoto, com os recursos tecnológicos que existem para reconstruir o trânsito intestinal, a imensa maioria das colostomias são temporárias, de um tempo que varia de 45 dias até 6 meses, dependendo da doença de base e da condição clínica do paciente.
"Saber como funciona é simples, é como se fosse a saída de fezes. Ao invés de evacuar pelo ânus, a pessoa expele as fezes por meio dessa emenda do intestino na pele. O conteúdo fecal então cai dentro de uma bolsa coletora, que é esvaziada sempre que estiver cheia. É doloroso e incômodo sim ao paciente, mas é algo necessário nestes casos", disse.
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