Saúde

Faustão e transplante: médico explica qual é expectativa de vida e estado de saúde. Entenda

Quem faz transplante precisa de cuidados pós-cirurgia devido a riscos e complicações; saiba tudo do caso da situação do famoso e o que pode acontecer

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Freepik

Que susto, hein, Faustão!

Nos últimos dias, os brasileiros estão preocupados com a saúde do apresentador Fausto Silva, de 73 anos de idade, diagnosticado com insuficiência cardíaca. O quadro dele foi classificado como grave, sendo necessário um transplante.

Muita gente pode até não se dar conta, mas o Sistema Único de Saúde (SUS) é referência mundial. Nem tudo é perfeito e vários problemas são facilmente identificáveis, mas isto não impede a reputação internacionalmente admirada.

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Segundo o Ministério da Saúde, por exemplo, o país tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células em todo o mundo, com milhares de pessoas na fila de espera dos procedimentos. Mas como exatamente funciona este sistema? Como são organizadas as filas de espera por transplantes do SUS?

FILA

De acordo com Roberto Kalil, presidente do InCor e apresentador do CNN Sinais Vitais, a fila por um transplante cardíaco pode variar conforme o estado de saúde do receptor.

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O cardiologista afirmou à CNN que um paciente internado em estado grave pode esperar por meses até que o Sistema Nacional de Transplantes (STN) encontre um coração compatível. No caso de pacientes que estão em casa com tratamento ambulatorial, a fila pode se estender por até dois anos.

A fila única de transplantes do SUS passou de 50 mil pessoas apenas em 2023. Desse total, quase 30 mil pacientes esperam por um transplante de rim.

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Uma tabela atualizada em junho deste ano e publicada pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia mostra quais órgãos são mais procurados. Conforme a lista, 55% dos pacientes aguardam um rim, 43,5% esperam por novas córneas, 0,9% precisam de um novo fígado, e menos de 0,6% esperam na fila de um novo coração.

Os números não necessariamente refletem a realidade de todo o país, mas servem para nos dar uma ideia geral de como funciona. Atualmente, a fila única de transplantes de coração do SUS é de 386 pessoas, segundo a Central Nacional de Transplantes (CNT), ligado ao STN.

De acordo com a CNN, no primeiro semestre de 2023, foram realizados 244 transplantes cardíacos realizados no país, número 16% superior ao do mesmo período do ano passado.

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Conforme Kalil, o Brasil tem vários centros capacitados para a realização de transplantes cardíacos. O problema, no entanto, é a falta de doadores, que acaba alongando a fila de espera.

“O Brasil tem muito menos doadores do que o necessário. A fila é controlada pela secretaria da saúde e depende do paciente ter prioridade ou não para o transplante. Os números de brasileiros está muito aquém para diminuir as filas não só do transplante cardíaco, mas dos transplantes de uma maneira geral”, afirmou.

Segundo o Mega Curioso, são diversos os critérios considerados ao selecionar o próximo paciente a receber um transplante, contudo, todos aguardam em uma única fila. Independentemente do tipo de procedimento esperado, seja para um coração ou um fígado, todos permanecem na mesma fila.

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Inicialmente, pode parecer um tanto confuso: por exemplo, se a pessoa na frente da fila espera um rim, mas surge um coração disponível, como fica a situação? A resposta é simples: o paciente à espera do rim continua na fila, enquanto outra pessoa, baseada em diversos critérios de seleção, é escolhida na sequência.

Um critério que sempre é considerado é a idade do paciente: quando há compatibilidade, crianças têm sempre prioridade em relação a adultos.

EXPECTATIVA DE VIDA

Foto: VLADIMIR TASCA/SCS POLO RIBEIRÃO PRETO

A principal esperança de pessoas que se submetem a um transplante é alcançar uma boa qualidade de vida com o novo órgão, mantendo essa condição por um período significativo. 

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De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a expectativa média de vida para rins transplantados varia entre 15 a 25 anos. Contudo, existem casos que desafiam essas previsões.

Antônio Ferreira de Campos é um exemplo vivo que demonstra como um transplante bem-sucedido pode proporcionar uma longa e satisfatória existência. 

Em 25 de outubro, ele celebrou o 50º aniversário do seu transplante renal realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HCFMUSP).

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Um detalhe notável é que o rim doado é nove anos mais velho que ele. No mesmo mês, ele também completou 73 anos de idade.

Economista aposentado, natural de Iacanga, na região de Bauru, e residente em Ribeirão Preto, Antônio passou por um transplante renal aos 23 anos, após lutar contra um quadro de nefrite crônica que se manifestou durante sua adolescência.

“Mais ou menos em julho de 1972, meus rins pararam de vez e eu precisei ser internado no Hospital das Clínicas em São Paulo para fazer um tratamento com hemodiálise”, disse.

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A nefrite, classificada como uma inflamação, afeta os glomérulos renais — estruturas dos rins responsáveis pela filtragem de toxinas e substâncias em excesso do organismo. A doença resulta em inchaço nas extremidades e dificuldades urinárias.

Em um certo ponto, ele enfrentou outra batalha: a busca por um doador compatível. Entretanto, essa foi a menor das preocupações.

“A minha irmã Olímpia, na época com 32 anos, logo se ofereceu para ser minha doadora. Fiquei internado três meses aguardando uma vaga para que a cirurgia pudesse ser efetuada”, afirmou.

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PÓS-OPERATÓRIO

Foto: VLADIMIR TASCA/SCS POLO RIBEIRÃO PRETO
Natação é uma das atividades que o idoso passou a praticar depois do transplante

Apesar do sucesso da cirurgia, a rotina de cuidados continua constante. Alguns anos após o procedimento, ele se mudou para Ribeirão Preto a trabalho e passou a receber acompanhamento no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da Universidade de São Paulo (USP).

“Durante os últimos 50 anos, minha dependência do ambulatório do HC foi muito intensa. Tenho exames de rotina de três em três meses, além dos remédios imunossupressores que são diários”, contou o aposentado.

Ele menciona que precisou reajustar sua rotina no período pós-operatório. “Nos primeiros dias após o transplante, com meu 1,70 metro de altura, eu cheguei a pesar cerca de 45 kg. Após três meses da cirurgia, eu já pesava 90 kg. A bronca do médico foi imediata e eu precisei chegar aos 70 kg. Peso que mantenho até hoje.”

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Além do cuidado com a alimentação e dos compromissos médicos, ele pratica regularmente natação e musculação em sua rotina.

O médico e professor da Divisão de Nefrologia do HC-FMRP, Miguel Moyses Neto, observa de perto os cuidados diários de Antônio e enfatiza que, apesar de todos os desafios associados à idade do paciente e ao tempo decorrido desde o transplante, ele tem administrado muito bem sua saúde.

“Nós verificamos que, mesmo após tanto tempo, ele conseguiu superar todas as adversidades, foi privilegiado” afirma o professor.

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TRANSPLANTE

De acordo com Neto, um dos aspectos mais notáveis que ocorreram ao longo desses 50 anos foi o avanço e a descoberta de novos medicamentos, menos prejudiciais ao corpo humano.

Ele aponta que essas novas drogas contribuíram para uma significativa redução na taxa de rejeição de órgãos transplantados, caindo de 60% para menos de 10%. Esse progresso possibilita a prolongação da vida útil dos órgãos após o transplante.

“As inovações que ocorreram nos exames feitos antes da cirurgia ser realizada, como de sangue e imagem, por exemplo, são determinantes para promover maior eficiência e segurança para quem recebe o órgão transplantado”, assegura.

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