Saúde

Número de médicos deve dobrar em 10 anos, mas podem faltar especialistas

Dados foram passados e debatidos durante o "Saúde em Fórum", evento que reúne especialistas, lideranças e investidores da área, em Vitória

Gabriel Barros , Maria Clara Leitão

Redação Folha Vitória
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
Miguel Paulo Duarte Neto é secretário estadual de Saúde 

O número de médicos que atendem no Brasil deve praticamente dobrar em 10 anos e chegar a mais de 815,5 mil em 2030. Apesar disso, podem faltam médicos especialistas para atender a população.

Os dados foram apresentados e debatidos durante o "Saúde em Fórum - Conectando quem produz Saúde", evento que acontece nesta sexta-feira (04), no Centro de Convenções de Vitória.

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De acordo com a Projeção da Oferta de Médicos no Brasil, entre 2010 e 2020, a população de médicos no País passou de 315.902 para 487.275. O estudo aponta que, no fim da década (2030), o número deve chegar a 815.570.

A relação de médico por habitante no Brasil deve passar dos 1,90 registrados em 2010 para 3,63 em 2030. A pandemia da covid-19 é apontada pelos especialistas como um dos fatores que colaboram para esse crescimento acelerado.

Má distribuição dos leitos ainda é uma preocupação

Apesar do aumento do número de médicos no mercado, a falta de profissionais em algumas especialidades e a má distribuição pelo território ainda são fatores que preocupam.

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Dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde apresentados nos paineis "Saúde em números" durante o fórum apontam a desigualdade na distribuição de leitos pelo Espírito Santo. O maior número de leitos se concentra na Região Metropolitana.

A concentração de estabelecimentos do segmento, como farmácias, laboratórios e clinicas médicas, segue a concentração da população capixaba. No entanto, a concentração dos leitos hospitalizares ainda está muito forte na Grande Vitória. Veja:

Foto: Reprodução/ Senac-ES

Em sua participação no painel, o diretor regional do Senac-ES, Richardson Schmittel, apontou que regiões mais afastadas da Grande Vitória têm gastos maiores com o setor da saúde.

"A concentração de estabelecimentos da área da saúde segue a da população. As empresas, farmácias, consultórios seguem onde a população está. Mas a concentração de leitos ainda está muito forte na Grande Vitória. As pessoas precisam se deslocar para conseguir atendimento especializado ou atendimento de emergência. Qualquer local que seja longe da concentração de leitos para área da saúde aumenta proporcionalmente a distância", afirmou.

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O governo do Estado diz quetrabalha para rever esse cenário. Em uma participação no fórum, o secretário de Saúde do Espírito Santo, Miguel Paulo Duarte Neto, destacou que a gestão busca descentralizar o atendimento na Grande Vitória por meio de parcerias com o setor privado e filantrópico. 

"Através das parcerias com as entidades filantrópicas, hospitais particulares e também com a Fundação Inova Capixaba, conseguimos chegar a 67 mil cirurgias realizadas neste ano. Estamos fazendo a descentralização dos serviços, buscando levar para o interior do Estado as mesmas oportunidades que temos na Região Metropolitana", explicou.

Qualificação dos profissionais da área da saúde

Sobre a qualificação dos profissionais, o secretário de Saúde do Estado pontuou o desafio de ampliar o serviço especializado. Miguel lembrou que o Brasil está formando o maior número de médicos da história, mas não possui o mesmo número de vagas em residências médicas, por exemplo.

"Isso mostra a dificuldade de qualificação do serviço. Temos um desafio de ampliar o serviço especializado", pontou.

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Segundo o diretor regional do Senac-ES, algumas alternativas podem ser discutidas pelos gestores e profissionais da área da saúde para garantir o atendimento médico à população.  

"Devemos considerar algumas alternativas para melhorar o atendimento da população, como: telemedicina, inteligência artificial e análise de dados; saúde móvel; realidade virtual e aumentada; ações e políticas com foco na prevenção e medicina preventiva", exemplificou Richardson Schmittel.
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
Richardson Schmittel, diretor regional do Senac-ES

Em sua apresentação, o diretor do Grupo Santa Casa, Thiago Pancini, afirmou que os hospitais precisam se adaptar ao novo cenário.

"Os hospitais não vão deixar de existir. Eles vão se adaptar a uma nova realidade e a um novo perfil de paciente. A grande preocupação, apesar de em Vitória termos uma grande concentração de médicos, é que até 2030 faltem profissionais (especialistas) no mercado de saúde a nível mundial", disse.
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
Thiago Pancini, diretor do Grupo Santa Casa

Tendência de crescimento no setor da saúde privada

O setor da saúde engloba clínicas médicas e odontológicas; laboratórios; enfermagem; nutrição; psicologia; fisioterapia; terapia ocupacional; fonoaudiologia; terapia de nutrição enteral e parenteral; biomedicina; farmácias; e casa de repouso.

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O número de micros e pequenas empresas no segmento da saúde, segundo o Sebrae, saltou de 5.533 em 2017, para 9.992 no ano passado. Somado as médias e grandes empresas, o Espírito Santo tem ao todo 11.311 empresas no setor.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
Christiane Barbosa e Castro, gerente de unidade de competitividade e produtividade do Sebrae-ES

Os dados foram apresentados pela gerente de unidade de competitividade e produtividade do Sebrae-ES, Christiane Barbosa e Castro, durante o painel Saúde em Números.

Segundo ela, a tendência de crescimento do setor ocorre como um reflexo da pandemia da covid-19.

"A pandemia acelerou muito o crescimento do setor de saúde. Ela também impulsionou a transformação digital. Isso aconteceu em todos os segmentos e não foi diferente com a saúde. Diante disso, o cenário econômico necessita de mudanças para promover um sistema de saúde mais incorporado, sustentável e qualificado para toda população", frisou.

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VEJA A PROGRAMAÇÃO DO SAÚDE EM FÓRUM

O "Saúde em Fórum - Conectando quem produz Saúde" reúne médicos e prossionais da área da saúde, lideranças empresariais e investidores, além de representantes de instituições como Senac, Sebrae, Deloitte, Unidas, Hugb e Harvard. Confira a programação do evento: 

10h30 - Painel oportunidades e entraves no setor da saúde no Espírito Santo

Moderadora: Alice Sarcinelli, diretora executiva da AS Consultoria
Painelistas: André Coimbra, diretor financeiro do LMC Hospital; Thiago Pancini, diretor do Grupo Santa Casa; Marcia Gabriella Mulle, diretora executiva da OdontoScan; e Amanda Bassan, gerente executiva da Unidas.

11h45 - Conferência Nacional 

Tema: Saúde em números: panorama nacional
Palestrante: Fátima Pinho, sócia da Deloitte

14h30 - Conferência Nacional

Tema: Panorama da Saúde Superior
Palestrante: Luiz Sobral Vieira Júnior com José Luiz Toro da Silva, consultor jurídico nacional da Unidas Autogestão em Saúde

15h30 - Painel Inovação e Saúde

Moderadora: Anna Paula Oliveira, líder em inovação do Hugb
Painelistas: Fabrícia Forza, subsecretária de assistência em saúde da Prefeitura de Vitória; Lucas Fernandes Leal, docente do Centro Universitário Faesa; Patrícia Deps, pesquisadora da Socieadade Israelita Albert Einstein e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). 

16h30 -  Conferência Internacional

Conferencista: Prof. Dr. Robert Janett - Havard
Tema: Atenção Primária à Saúde Estratégica

17h30 - Encerramento

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