Saúde

Sibutramina: mãe morre e mulher emagrece 50 kg com dieta: "Virose ou dengue"

Substância vendida com receita em farmácias no Brasil promete perda de peso rápida e em 1 mês, mas há riscos; saiba tudo sobre remédio e qual o melhor

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Letícia Almeida, de 23 anos de idade, ficou conhecida por publicar vídeos e imagens do seu processo de emagrecimento. O que ninguém imaginava era a luta diária que a influencer travava todos os dias para superar a morte da mãe.

Fátima morreu em 2018. 

Porém, segundo o UOL, recentemente a jovem criou coragem para postar um vídeo no TikTok sobre o que ela acreditava ter acontecido com a mulher: morte por conta da sibutramina, remédio usado para perda de peso.

“Foi num sábado que ela comentou que não estava bem. Eu cursava medicina na época, mas não tinha estudado farmacologia ainda. Pensei que pudesse ser virose ou dengue e sugeri que ela fosse ao hospital. Mas ela preferiu esperar até o dia seguinte e, apesar de eu insistir, acabei concordando”, contou.

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Ela relatou que no domingo, a mãe se sentiu melhor e decidiu não ir ao hospital. Mas, ao chegar na segunda-feira, influencer ouviu um barulho no banheiro, onde a mãe tomava banho. “'Vai, quebra tudo', gritei, brincando, achando que ela tinha derrubado alguma coisa. Mas ela não me respondeu”.

Ao chegar ao banheiro, Letícia encontrou Fátima caída de bruços no chão e com os olhos abertos. 

De acordo com o UOL, a filha entrou em pânico, acionou o resgate e saiu para abrir o portão, mas quando voltou, a mãe já estava em pé.

“Gritei para ela não ficar em pé, mas ela caiu novamente e bateu a cabeça no vaso sanitário. Fomos de ambulância até o hospital e ouvi o barulho do desfibrilador. Achei que ela ficaria bem, mas naquele momento me dei conta de que ela estava morrendo”, lembra a influenciadora.

CIRROSE

Uma investigação foi iniciada para esclarecer a “morte suspeita” devido à situação de Letícia estar fora do hospital naquele momento. Segundo informações do UOL, a conclusão inicial indicou um acidente doméstico em vez de um crime. 

No entanto, insatisfeita com essa determinação, a influencer optou por envolver um advogado para reexaminar o caso e solicitar uma nova análise.

O laudo da necropsia revelou que Fátima exibia sinais de hepatomegalia, uma condição em que o fígado aumenta de tamanho, tornando-se maior que o normal.

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Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

A queda no banheiro ocasionou a ruptura do órgão já fragilizado, resultando em uma hemorragia interna. “Descobrimos que a hepatomegalia pode ter sido causada por uma cirrose medicamentosa. Ou seja, algum remédio poderia ter provocado esse quadro. E o único que ela estava tomando era a sibutramina”, disse Letícia.

Depois do caso, conforme o UOL, a tiktoker abandonou o curso de medicina e decidiu fazer nutrição. Ela explica que a mãe fazia exames regularmente e não tinha nenhuma doença.

"Sempre teve problemas em controlar o peso e já havia feito cirurgia bariátrica. Dez anos depois, começou a engordar novamente e foi quando uma amiga comentou com ela sobre o tratamento que estava fazendo com um médico. Ela resolveu experimentar", lembrou.

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Após a realização de um exame de sangue, o médico prescreveu um tratamento de seis meses, envolvendo o consumo diário de sibutramina. Cerca de cinco meses depois, segundo o UOL, Fátima enfrentou problemas de saúde.

Desde o falecimento de sua mãe, Letícia iniciou sua própria jornada desafiadora contra o peso. Ela ganhou dezenas de quilos, admitindo que parte disso estava relacionado à culpa e à raiva que sentia pela perda da mãe.

Entretanto, Letícia estava decidida a não seguir o mesmo caminho de Fátima e concentrou-se em emagrecer sem recorrer a medicamentos. Ela atualmente compartilha essa jornada através dos vídeos que publica, mostrando sua rotina de dieta e exercícios que a ajudaram a perder 50 kg em um período de dez meses.

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"Perdi minha mãe por causa desses remédios, estou fazendo terapia para superar a culpa e conseguir viver o luto. As pessoas precisam entender que medicamento nenhum pode trazer a cura para a obesidade. Quando você para de tomar, os quilos voltam novamente", disse.

SIBUTRAMINA: RISCOS

A sibutramina está envolta em mitos e verdades que geram polêmicas. 

Classificado como um remédio tarja preta, o medicamento é regulamentado pela Anvisa devido aos riscos potenciais e aos efeitos colaterais sérios associados a ele.

De acordo com o UOL, estudos científicos identificaram que seu uso está ligado a um aumento no risco de eventos cardiovasculares, incluindo infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral).

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A ação da sibutramina ocorre no Sistema Nervoso Central (SNC), levando à redução do apetite e ao aumento da sensação de saciedade. Para adquiri-la, é necessário um tipo especial de receita médica que permite a compra de um suprimento para 60 dias de tratamento. Depois, é exigida uma nova prescrição para obter mais doses.

Ricardo Barroso, endocrinologista e diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), avalia que a medicação é valiosa e segura para pacientes com obesidade. 

Ele salienta ao UOL que os riscos são individualizados, variando conforme o tipo de medicamento e a condição do paciente.

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É essencial compreender que o uso da sibutramina pode aumentar o risco de ter diversas doenças, como as patologias cardiovasculares, doenças no fígado, rim, pâncreas e até mesmo o câncer.

Portanto, um acompanhamento com um endocrinologista é crucial, uma vez que esse profissional é o mais qualificado para avaliar os riscos e benefícios associados.

"Os medicamentos para emagrecer aprovados para uso no Brasil passaram por testes e por estudos clínicos que mostraram não só sua eficácia na perda de peso como também sua segurança. São estudos que foram realizados em milhares de pacientes por alguns anos", explicou. 

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Segundo Barroso, "apesar de a maioria dos medicamentos, como a sibutramina, ser metabolizada no fígado, a ocorrência de uma cirrose hepática, por exemplo, é muito rara".

De acordo com o endocrinologista Luciano Albuquerque, que coordena o Laboratório de Obesidade do HC-UFPE, existem poucas opções para lidar com a obesidade, e a sibutramina é uma delas. 

Ela explica ao UOL que a vantagem está no seu custo acessível, o que favorece a adesão ao tratamento. Quando o paciente se dedica ao tratamento, essa medicação demonstra eficácia comparável às alternativas mais caras.

"Há muito preconceito com a sibutramina e a necessidade de uso do receituário B2. A preocupação é que a pessoa possa criar dependência. Mas não é o caso. A grande desvantagem desse fármaco é o potencial efeito colateral. Daí a necessidade do perfeito ajuste de doses e da orientação do paciente", disse o médico.

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