Saúde

ES tem 8 casos confirmados de mpox

Além das características erupções na pele, dor de cabeça e gânglios inchados, a população deve ficar alerta para sintomas nos olhos

Maria Clara Leitão

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/Instituto Todos pela Saúde
Correção: Na manhã desta sexta-feira (23), a Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo (Sesa), corrigiu a informação dos números de infectados para 8 com a mpox (causada pelo vírus MPXV) no Estado.

A Sesa esclareceu que havia sido divulgado anteriormente o número de 48 casos confirmados, mas, se trata do número de amostras positivas e não de pacientes. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a mpox (causada pelo vírus MPXV) uma emergência de saúde pública global. No Espírito Santo, já foram notificados 577 casos e confirmados 8 até a quarta-feira (14), último boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Já em 2022, o Lacen-ES realizou 1.953 exames para a detecção da doença, com 313 casos confirmados. Não há registro de óbitos pela doença no Estado e a Sesa afirma que "está em alerta para a detecção de novos casos e, mantém ações de orientação junto aos municípios".

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Mpox é uma infecção viral que pode ser transmitida de pessoa para pessoa, especialmente através de contato próximo. Em alguns casos, a transmissão também pode ocorrer a partir de objetos e superfícies que foram tocados por alguém infectado.

Além disso, em áreas onde o vírus da varíola dos macacos circula entre animais selvagens, a infecção pode ser transmitida para humanos que tenham contato com esses animais.

Embora os sintomas da mpox sejam semelhantes aos da varíola, a doença é geralmente menos grave. Entretanto, este novo clado circulante na região da África, acende um alerta devido a apresentação de sintomas mais graves e as altas taxas de letalidade pela doença.

Os sintomas mais comuns da mpox incluem cansaço, febre, calafrios, dor de cabeça, dor no corpo, ínguas e bolhas ou feridas na pele.

Médica alerta para problema nos olhos

O que poucos sabem é que, além das características erupções na pele, dor de cabeça, gânglios inchados, é preciso também ficar alerta para sintomas nos olhos.

Segundo um artigo brasileiro, publicado no periódico dos Estados Unidos JAMA Ophthalmology, foi identificada que a doença também gera uma inflamação ocular grave. Ela atinge a córnea e a úvea, nome dado à camada média do olho que inclui a íris.

Atualmente, a equipe médica acompanha dez casos em São Paulo. Nos Estados Unidos, entre agosto e setembro de 2022, foram registrados cinco casos com impactos na visão.

A oftalmologista Klicia Molina Guiarizatto da Fonseca narra que os sinais de problemas nos olhos aparecem depois que as feridas de pele já estão parcial ou totalmente cicatrizadas. 

Essa data corresponde  15 a 40 dias após o início dos sintomas mais comuns da doença. 

“Começa como uma irritação no olho, que pode ficar avermelhado, lacrimejante, com forte sensibilidade à luz e sensação de areia por trás da pálpebra, podendo evoluir até para a perda da visão”, narra a especialista. 

Quais hipóteses para o vírus atingir os olhos? 

O que muitos podem ser perguntar é: como o vírus atinge os olhos? A médica afirma que uma das hipóteses é a “autoinoculação”, quando o próprio paciente coça as feridas, depois leva a mão no rosto e transmite o vírus. 

Outra possibilidade é que o olho permite que o vírus fique “escondido” até causar um quadro inflamatório crônico impossível de combater apenas com os anticorpos naturais. 

“O olho tem um mecanismo de defesa que impede a chegada de anticorpos na região. Muitos microrganismos têm o órgão como uma forma de reservatório, ficando muitas vezes escondidos no local, pois ali o anticorpo não chega”, explica Klicia.

“Agilidade é fundamental para que casos não evoluam”

A especialista também descreve que a agilidade é fundamental para que os casos não evoluam. O tratamento é feito com tecovirimat, remédio aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratamento da varíola dos macacos.

Após o início do tratamento correto, a recuperação do paciente é rápida, com melhora a partir do terceiro dia e regressão da inflamação a partir do quarto ou quinto dia.

Se não tratadas corretamente, as cicatrizes formadas na córnea podem levar a lesões graves e até a perda da visão. 

“A inoculação do vírus nos olhos é capaz persistir por até dois meses, gerando uma reação inflamatória que pode prejudicar seriamente a visão. Somado ao uso de medicação incorreta, já temos relatos de pacientes com cegueira e que vão precisar de transplante de córnea”, pontua.

Além do prejuízo à visão, existe uma comunicação muito próxima do olho com o sistema nervoso central, com o vírus tendo potencial de causar uma dor neuropática.