Saúde

Retratudida: veja novo remédio para emagrecer que funciona como bariátrica

Medicamento desenvolvido pela empresa farmacêutica Eli Lilly, ainda em fase de testes, surge como nova promessa para tratar obesidade; saiba tudo sobre ele e entenda

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/ Freepik

Um medicamento desenvolvido pela empresa farmacêutica Eli Lilly, ainda em fase de testes, surge como uma nova promessa no tratamento da obesidade, a qual é uma epidemia global. 

Segundo o Metrópoles, em estudos clínicos, essa medicação, administrada por via injetável, demonstrou resultados superiores aos obtidos com o Ozempic e o Wegovy, sendo comparáveis aos resultados de uma cirurgia bariátrica.

O princípio ativo desse medicamento é uma molécula chamada retatrutida, referida no campo médico como a "molécula 3G". 

Essa substância consegue imitar três hormônios relacionados à sensação de saciedade: GLP-1, GIP e glucagon. 

O Ozempic e o Wegovy, fabricados pela Novo Nordisk, utilizam a semaglutida como princípio ativo, a qual mimetiza os hormônios GLP-1 e GIP.

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Na prática, os hormônios GLP-1 e GIP estimulam a produção de insulina pelo pâncreas, regulando assim os níveis de açúcar no sangue e induzindo uma sensação de saciedade. 

Por outro lado, o hormônio glucagon, também produzido pelo pâncreas, tem um efeito contrário à insulina, mas contribui para a quebra das células de gordura, favorecendo o metabolismo do corpo. 

De acordo com o Metrópoles, a inovação desse novo medicamento consiste na combinação dos efeitos desses três hormônios.

Segundo a médica Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), “enquanto a GIP melhora a forma como o corpo decompõe o açúcar, o glucagon pode reduzir o apetite e ajudar o metabolismo a funcionar com mais eficiência. Isso poderia explicar porque os resultados dos estudos com a retatrutida foram mais eficazes em produzir uma perda de peso maior”.

PESQUISAS

Essas pesquisas sobre a retatrutida foram publicadas em junho. 

Um artigo no The New England Journal of Medicine reportou os resultados de um ensaio clínico envolvendo 338 pacientes obesos, que receberam uma dose semanal da retatrutida durante 11 meses e perderam, em média, 23 quilos cada um. 

Todos os voluntários conseguiram emagrecer pelo menos 5% do seu peso corporal, sendo que um quarto deles alcançou uma redução de 30% do peso inicial.

Segundo o Metrópoles, outro estudo foi divulgado na revista científica The Lancet no mesmo período. 

Pacientes com diabetes tipo 2 conseguiram controlar a doença e perder cerca de 17% do seu peso corporal em nove meses. 

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Antes de ser disponibilizado no mercado, esse medicamento passará por uma nova fase de testes, com previsão de conclusão em 2026.

OBESIDADE

A obesidade é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

O tratamento tradicional envolve mudanças no estilo de vida, dieta, aumento da atividade física e modificações comportamentais. 

No entanto, um grande número de pacientes não obtém resultados satisfatórios com essas medidas. 

“Os novos medicamentos são aliados importantes, pois promovem resultados que, junto com a mudança do estilo de vida, dão esperança ao paciente”, completa Marcella Garcez.

TDAH

O novo medicamento para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) chamado atomoxetina foi aprovado para começar a ser comercializado no Brasil em 2023.

Porém, a pergunta que não quer calar é: qual a diferença entre ele e os medicamentos atuais usados para o tratamento do transtorno?

O biomédico e mestre em Ciências Bruno Marques, do canal Neurociência Descomplica, explica como esse novo medicamento age no cérebro das pessoas com TDAH.

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Os sintomas começam a se manifestar na fase da infância, podendo perdurar pela adolescência e até mesmo na fase adulta.

Marques comenta que existem três tipos diferentes de TDAH:

1. TDAH com sintomas predominantemente desatenciosos

2. TDAH com sintomas predominantemente hiperativos

3. TDAH com sintomas mistos

"Basicamente, quase todos os sintomas relatados pelas pessoas com TDAH estão relacionados com déficits na atividade de uma circuitaria específica do cérebro chamada de córtex pré-frontal", explica o biomédico.

Marques afirma que são justamente as diferentes conexões que o córtex pré-frontal realiza sobre o nosso cérebro que controla diversas funções, como a atenção, o foco e o controle da impulsividade para não deixar hiperativo.

"Se eu pedir a vocês que prestem atenção em um jogo de tênis, especificamente onde a bola está pingando, vocês provavelmente vão ter dificuldade em notar o que se passa no fundo. Isso acontece porque o nosso córtex pré-frontal, juntamente com outras partes do cérebro, tá se esforçando para prender nossa atenção nesse movimento", exemplifica.

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De acordo com Marques, essa região do córtex pré-frontal é "sintonizada" por diferentes neurotransmissores, dentre eles a noradrenalina (NA) e a dopamina (DA).

Esses neurotransmissores são moléculas liberadas por neurônios presentes no córtex pré-frontal, que ao se ligar aos seus diferentes receptores em diferentes neurônios irão atuar de formas interessantes para poder controlar a atividade dessa região do cérebro.

"Toda vez que esses neurotransmissores já realizaram sua atividade de se ligar com algum receptor, eles vão ser recaptados pelos neurônios através dos transportadores: o transportador de noradrenalina e o transportador de dopamina".

Segundo o especialista, é no transportador de NA que a atomoxetina atua bloqueando, e portanto aumentando, os níveis de noradrenalina e até de dopamina na região do córtex pré-frontal.

"É justamente por isso que o medicamento consegue promover uma melhoria substancial nos sintomas de desatenção e impulsividade relatados pelos pacientes com TDAH". 

"Pois através dessa modulação de atividade de noradrenalina e dopamina sobre o córtex pré-frontal, ele consegue modificar o padrão de sintonização dessa área fazendo com que ela atue de forma mais contundente e organizada".

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DIFERENÇAS

Essas características, no entanto, já fazem parte dos psicoestimulantes. Logo, qual a diferença desse novo medicamento?

O biomédico explica que a diferença está na especificidade e seletividade da atuação da atomoxetina.

"Enquanto os psicoestimulantes atuam tanto na recaptação de noradrenalina quanto de dopamina, a atomoxetina tem uma alta seletividade pelo transportador de noradrenalina".

Segundo Marques, isso faz com que o remédio seja muito mais capaz de bloquear a recaptação de noradrenalina, ou seja, aumentar os níveis da NA por todo o cérebro, fazendo com que ela tenha menor capacidade de aumentar os níveis de dopamina em outras partes do cérebro.

Essa situação acontece enquanto há o aumento de disponibilidade de DA sobre o córtex pré-frontal causado pelos psicoestimulantes comuns, como a Ritalina e o Venvanse (nomes comerciais).

"É algo benéfico para a atividade do córtex pré-frontal, pois esse aumento de dopamina também ocorre em outros sistemas, como o sistema de recompensa lá no núcleo accumbens", explica.

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