MORTES NA BAHIA

Botulismo: infectologista explica os sintomas da doença e como evitar

Após a confirmação de surto na Bahia, com duas mortes, o assunto ganhou grande repercussão, tornando-se motivo de medo e muitos questionamentos entre a população

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Freepik @wirestock

Uma doença grave, rara e não contagiosa. O botulismo é causado por uma bactéria, a Clostridium botulinum, mais especificamente por meio de uma toxina muito potente. 

Após a Vigilância Epidemiológica da Bahia divulgar e confirmar, nesta quarta-feira (25), seis casos, com duas vítimas, o assunto ganhou grande repercussão, tornando-se motivo de receio e muitos questionamentos entre a população. Além das duas mortes, três pacientes permanecem hospitalizados e um teve alta médica.

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Apesar dos pacientes contaminados residirem em cidades diferentes, a informação da secretaria de Saúde baiana é de que a principal suspeita é de que todos foram infectados após consumirem mortadela de frango. A situação no estado é considerada como surto.

Então, o que é a doença? Como ocorre? É possível evitar? Para responder a essas e outras perguntas, a reportagem do Folha Vitória conversou com a médica infectologista Luiza Morandi.

1) O que é botulismo?

R: O botulismo é uma doença considerada rara e potencialmente fatal causada por toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum. Essa bactéria libera uma neurotoxina que afeta o sistema nervoso, levando a sintomas que podem incluir fraqueza muscular e paralisia.

2) Quais são as formas do botulismo? Qual a mais comum?

R: Existem quatro formas principais de botulismo:

O botulismo alimentar, a mais comum, que ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com a toxina; o botulismo de feridas, que acontece quando as toxinas entram no organismo por meio de uma ferida infectada; o botulismo infantil, que ocorre quando os esporos da bactéria são ingeridas e produzem toxinas no intestino do bebê principalmente pela

Ingestão de mel antes de 1 ano e o botulismo por inalação, que é raro e ocorre por inalação direta de toxinas, normalmente em ambientes laboratoriais.

3) O botulismo é comum?

R: O botulismo não é comum, é uma doença rara, mas pode ser muito grave. A incidência é baixa devido às práticas de segurança alimentar e às medidas de higiene.

4) Quais os sintomas?

R: São sintomas do botulismo, visão dupla ou borrada, pálpebras caídas, boca seca, dificuldade para engolir e falar, além de fraqueza muscular progressiva, que pode levar à paralisia. 

Nos casos graves, pode ocorrer paralisia dos músculos respiratórios, exigindo internação em leito de terapia intensiva.

5) Como o botulismo é diagnosticado?

R: O diagnóstico do botulismo é feito com base nos sintomas clínicos e confirmado por testes laboratoriais, que detectam a presença da toxina no sangue, nas fezes, em alimentos ingeridos ou em culturas da bactéria a partir de feridas.

6) Qual o tratamento?

R: O tratamento do botulismo envolve a administração de antitoxinas para neutralizar a toxina circulante. Nos casos graves, pode ser necessário suporte respiratório (como ventilação mecânica). O tratamento precoce aumenta as chances de recuperação.

7) Quais as complicações?

R: As principais complicações do botulismo são paralisia respiratória, insuficiência respiratória e infecções secundárias. A recuperação pode ser lenta, com fraqueza muscular persistindo por semanas ou meses.

8) É possível prevenir? Como ficar atento a possíveis contaminações?

R: É possível prevenir a doença evitando o consumo de alimentos mal conservados ou enlatados que estejam danificados ou com mau cheiri; cuidando de feridas adequadamente para evitar a infecção por Clostridium botulinum; entre outras atitudes, finaliza a infectologista da Unimed Sul Capixaba.

Brasileira fica em estado grave nos EUA após pegar botulismo

Foto: Reprodução / Divulgação

Em abril deste ano, o caso da jovem brasileira Claudia de Albuquerque Celada, de 23 anos, também ganhou repercussão após o diagnóstico de botulismo, quando realizava um intercâmbio em Aspen, Colorado, nos Estados Unidos.

O que mais chamou a atenção na época foi a rápida progressão da doença. Claudia ficou com o corpo paralisado e teve a respiração comprometida. Na época, a irmã da jovem, Luísa Albuquerque, contou os detalhes do caso nas redes sociais. 

"Ela tomou banho, jantou e foi tentar dormir, mas começou a sentir falta de ar, visão embaçada e tontura. Ela enviou mensagens para algumas amigas irem ao apartamento dela, mas, infelizmente, por causa do horário, só viram as mensagens na manhã seguinte", relatou Luísa. 
"Quando elas chegaram, a dificuldade de respirar já era muito maior e já havia um início de paralisação facial. Ela foi levada para o hospital e, pouco depois, já estava com 100% do corpo paralisado."

*Com informações do Estadão Conteúdo