Saúde

Glicose alta: estudo revela que açúcar não é o principal inimigo

Uma pesquisa realizada pelo Ibope, revelou que grande parte das pessoas ainda acredita que a diabetes é causada exclusivamente pelo consumo desenfreado de doces

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

A glicose alta no sangue é uma preocupação crescente no mundo inteiro, especialmente com o aumento de casos de diabetes tipo 2

Existe a crença popular de que o açúcar é o grande vilão por trás desse problema, mas novos estudos e especialistas têm apontado para uma realidade muito mais complexa. 

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Um recente estudo europeu trouxe à tona a ideia de que o açúcar não é o único, nem o maior culpado pelo descontrole glicêmico. Fatores como o consumo de carboidratos refinados, alimentos ultraprocessados e estilo de vida também desempenham um papel significativo. 

Além disso, uma pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), revelou que grande parte das pessoas ainda acredita que a diabetes é causada exclusivamente pelo consumo desenfreado de doces.

Quase 90% dos entrevistados nesse levantamento acreditam que basta evitar o açúcar para estar protegido da doença. Porém, como destaca o farmacêutico naturopata Jamar Tejada, de São Paulo, isso não é verdade. 

Tejada explica que a diabetes é uma doença multifatorial, ou seja, envolve a combinação de vários fatores, tanto genéticos quanto ambientais. Claro, abusar do açúcar e carboidratos, junto com uma falta de exercícios físicos e sono de qualidade, pode favorecer o surgimento da doença. No entanto, acreditar que a diabetes está exclusivamente ligada ao consumo de açúcar é um equívoco.

Foto: Divulgação

O QUE É A GLICOSE ALTA E POR QUE ELA PREOCUPA?

Antes de aprofundarmos o tema, é importante entender o que significa ter glicose alta. A glicose, também conhecida como "açúcar no sangue", é a principal fonte de energia para o corpo. 

Quando comemos, os carboidratos são convertidos em glicose, que é transportada para as células com a ajuda da insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas. Quando o corpo não consegue utilizar a glicose de forma eficiente, seja por falta de insulina ou resistência à insulina, ela se acumula no sangue, causando a hiperglicemia (glicose alta).

A glicose elevada, quando persistente, pode levar a complicações sérias, como danos nos rins, nos nervos e no coração, além de ser o principal fator de risco para o diabetes tipo 2. Portanto, manter os níveis de glicose controlados é essencial para a saúde geral e a prevenção de complicações a longo prazo.

AÇÚCAR NÃO É O ÚNICO VILÃO

O estudo europeu citado anteriormente monitorou os níveis de glicose no sangue de centenas de pessoas após o consumo de diferentes tipos de alimentos, com e sem a presença de açúcar. O resultado mostrou que alimentos ricos em carboidratos simples, como arroz branco, pão e batatas, podem causar picos glicêmicos mais pronunciados do que o açúcar puro. Em outras palavras, o açúcar não deve ser visto como o único responsável pelos picos de glicose.

Tejada reforça essa visão ao afirmar que o problema não está apenas no consumo de açúcar, mas na qualidade da dieta como um todo. 

"Engana-se quem pensa que diabéticos não podem consumir carboidratos. Esses pacientes não só podem como devem consumi-los, já que esse macronutriente é fundamental para o bom funcionamento do organismo, sendo a principal fonte energética utilizada pelas células. Porém, a questão, como sempre, é o equilíbrio e observar o índice e a carga glicêmica", explica o especialista.

O VERDADEIRO PROBLEMA

Um dos grandes insights do estudo foi o impacto dos carboidratos refinados e ultraprocessados na glicemia. Alimentos como pão branco, massas e arroz são digeridos rapidamente pelo organismo, resultando em elevações bruscas nos níveis de glicose no sangue. Esses alimentos têm baixo teor de fibras, o que acelera a absorção da glicose.

Os alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares escondidos, gorduras ruins e aditivos artificiais, também estão na lista dos maiores culpados por picos glicêmicos. Jamar Tejada alerta que a atenção deve ser redobrada com esses produtos, nos quais o teor de carboidrato é considerado alto quando ultrapassa dois terços da porção total. "Tudo isso depende da composição nutricional total do alimento. Se houver uma boa dose de fibras ou proteínas, o índice glicêmico será menor, pois haverá uma redução na velocidade com que o carboidrato vira glicose no sangue", acrescenta o naturopata.

Foto: Reprodução/ Freepik

O PAPEL DO ESTILO DE VIDA NO CONTROLE DA GLICOSE

Além da alimentação, o estilo de vida também desempenha um papel crucial no controle glicêmico. A prática regular de atividades físicas ajuda a melhorar a sensibilidade à insulina, o que significa que o corpo utiliza a glicose de forma mais eficiente. Exercícios como caminhada, corrida e musculação são ótimas opções para manter os níveis de glicose equilibrados.

O estresse também é um fator relevante. Quando estamos sob estresse, o corpo libera hormônios como o cortisol, que aumenta a produção de glicose pelo fígado. Técnicas de relaxamento, como meditação e yoga, podem ajudar a reduzir os níveis de estresse e, consequentemente, o impacto na glicose.

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RECOMENDAÇÕES DA OMS SOBRE O CONSUMO DE AÇÚCAR

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que menos de 10% do total de carboidratos consumidos diariamente seja proveniente de açúcares. No caso de crianças ou pessoas que precisam perder peso, esse percentual deve ser ainda menor, chegando a menos de 5%. Atualmente, o brasileiro consome, em média, 18 colheres de chá de açúcar por dia, um número 50% maior do que o recomendado pela OMS, que sugere um máximo de 12 colheres.

Embora seja importante controlar o consumo de açúcar adicionado, presente em produtos como refrigerantes, doces e alimentos processados, os açúcares naturais, encontrados em frutas, são menos problemáticos, pois esses alimentos contêm fibras que ajudam a regular a absorção da glicose.

O ESTUDO

A grande lição é que o controle da glicemia é muito mais amplo do que simplesmente evitar o açúcar. Como explica Tejada:

"logo depois que nos alimentamos, nosso organismo começa a trabalhar para quebrar os nutrientes em pequenas moléculas para que sejam absorvidas pelas nossas células. Quando exageramos no consumo de glicose, especialmente de produtos industrializados, geram-se picos glicêmicos, que sobrecarregam o sistema".

Para controlar a glicose de maneira eficaz, é importante adotar uma abordagem equilibrada: reduzir o consumo de carboidratos refinados e alimentos ultraprocessados, aumentar a ingestão de fibras e manter uma rotina de exercícios físicos. 

Assim, podemos evitar os perigos da glicose alta e manter a saúde em dia.

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