Saúde

Medicamentos manipulados podem ajudar a evitar desperdícios. Entenda!

Aproximadamente 20% de toda produção farmacêutica é descartada anualmente, porque as doses são, na maioria das vezes, maior que a necessidade do paciente

Foto: Divulgação
Existem aproximadamente 200 farmácias de manipulação no Espírito Santo

A indústria farmacêutica oferece medicamentos em dosagens padronizadas, vendidos em quantidades pré-estabelecidas (na maioria das vezes maior do que a necessidade do paciente, outras não suprem a prescrição dos médicos). Já os medicamentos manipulados, são elaborados na dose recomendada e se encaixam perfeitamente à necessidade individual de cada paciente. 

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aproximadamente 20% de toda produção farmacêutica é descartada anualmente. Um prejuízo superior a R$ 4 bilhões; sem contar com o risco de automedicação, pois o paciente fica com medicamento sobrando em casa. Nos últimos dez anos, 28% das intoxicações aconteceram por uso indevido de medicamentos. 

Contudo, quando o assunto é manipulação, muitas pessoas tem dúvidas a respeito da criação dos fármacos. Para solucionar estas dúvidas a atual presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) no Espírito Santo, Denise Martins Oliveira, responde as perguntas. 

O medicamento manipulado é igual ao de drogaria? 

“Verdade. Os medicamentos manipulados devem obrigatoriamente possibilitar ao indivíduo os mesmos resultados que qualquer outro medicamento”. 

O medicamento manipulado é mais natural que o de drogaria? 

“Mito. A origem da matéria-prima do medicamento manipulado é a mesma de qualquer outro laboratório, e a tecnologia empregada na farmácia permite que sejam preparados todos os tipos de formulações: de hormônios a homeopáticos, de antibióticos a suplementos nutricionais, de corticoides a probióticos. Os produtos fitoterápicos (também conhecidos como “naturais”), portanto, são apenas mais uma das inúmeras especialidades que a farmácia de manipulação brasileira prepara”. 

O medicamento manipulado é mais barato? 

“Mito. Há inúmeras situações que o medicamento manipulado pode sair mais caro, como no caso dos genéricos. Em muitas outras, pode significar economia devido à eliminação de sobras e do desperdício, já que o paciente paga apenas pela quantidade exata para o período do tratamento. O paciente e o médico sempre devem avaliar a melhor relação custo-benefício de cada escolha, já que o fator decisivo para optar pelo produto manipulado é a necessidade de personalização da fórmula, que permite que cada pessoa adquira o produto na dose exata para a necessidade de seu organismo”. 

O medicamento manipulado não precisa de receita? 

“Mito. O medicamento manipulado precisa de prescrição que somente o médico ou outro profissional de saúde qualificado, como farmacêutico, dentista, nutricionista e veterinário, pode prescrever. Como os manipulados são preparados especificamente para um indivíduo, torna-se obrigatória a apresentação da receita”. 

Qualquer pessoa pode abrir uma farmácia de manipulação? 

“Mito. Toda farmácia de manipulação é um estabelecimento de saúde e conta com pelo menos um farmacêutico à disposição da população. Esse é o profissional mais habilitado para tirar dúvidas sobre a forma correta de uso dos medicamentos e sobre os riscos de interação e efeitos colaterais”. 

Qualquer medicamento pode ser manipulado?

“Verdade. Salvo algumas exceções, praticamente todos os medicamentos podem ser preparados nas farmácias de manipulação, pois esses estabelecimentos trabalham com tecnologia e têm acesso a milhares de matérias-primas que permitem o preparo de medicamentos para todas as especialidades médicas: pediatria, dermatologia, reumatologia, geriatria, nutrologia, ortopedia, cardiologia, entre tantas outras. A farmácia também prepara formulações para dentistas, nutricionistas e até médicos veterinários”. 

Tem o mesmo efeito? 

“Verdade. Os medicamentos manipulados devem obrigatoriamente possibilitar ao indivíduo os mesmos resultados que qualquer outro medicamento”. 

É mais indicado para alérgicos?

“Verdade. Sendo informadas de que o paciente é alérgico a determinadas substâncias, a farmácia de manipulação tem condições de preparar formulações totalmente personalizadas isentas desses alergênicos, garantindo o bem-estar do paciente”. 

É mais indicado para pessoas com intolerâncias a aromatizantes, conservantes, corantes, glúten ou lactose?

“Verdade. Sempre que necessário, a farmácia pode preparar formulações livres de substâncias que gerem intolerância em algumas pessoas, como lactose, glúten, corantes, aromatizantes e conservantes”. 

Pode ser feito em cápsulas menores?

“Verdade. Algumas pessoas, como crianças, idosos e pacientes especiais têm dificuldade de engolir comprimidos convencionais. Existem vários tamanhos de cápsulas disponíveis, e a farmácia de manipulação pode facilitar o tratamento desses pacientes preparando o mesmo produto em cápsulas menores”.

Pode ser feito em forma líquida, como solução, suspensão ou xarope? 

“Verdade. Uma das principais vantagens do produto manipulado é que um mesmo medicamento pode ser apresentado em diferentes formas farmacêuticas (pastilhas, gomas, géis de uso interno ou externo, cremes, loções, xampus, xaropes, soluções e suspensões), buscando o que é mais adequado para cada pessoa”. 

É verdade que o produto manipulado é artesanal? 

“Mito. Quem chega à recepção de uma farmácia de manipulação não imagina tudo que está por trás do balcão: processos, sistema de garantia da qualidade, tecnologia empregada, rastreabilidade desde a compra da matéria-prima até a entrega do produto final ao consumidor e supervisão do farmacêutico em todas as etapas. A farmácia muitas vezes é o estabelecimento de saúde mais próximo e acessível para a população. Conhecê-la é um direto do cidadão, que deve sempre conversar com o médico, dentista, veterinário ou nutricionista sobre as vantagens de optar pelo produto manipulado caso a caso”.

Dados 

Segundo dados do Panorama Setorial 2018 existem 7.5 mil farmácias de manipulação no Brasil, sendo 4.3 mil na Região Sudeste e aproximadamente 200 no Espírito Santo. Entre 2014 e 2018, o número de lojas no país teve um aumento de 8,8% e, só no Estado, a média nesse mesmo período foi de 14,3%.