Endometriose: doença inflamatória aumenta em 20% o risco de infarto em mulheres
O número é resultado de uma pesquisa realizada em um hospital na Dinamarca. No Brasil, 1 em cada 10 mulheres sofre com a doença e 57% sentem dores intensas
Uma doença crônica e que afeta mulheres em idade fértil: a endometriose. Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia (SBE), revelam: 1 em cada 10 mulheres sofre com o problema no Brasil e 57% das pacientes sentem dores intensas. E um número é preocupante: mais de 30% dos casos levam à infertilidade.
Como se não bastassem essas informações, uma nova pesquisa apresentada no início do mês no Congresso Europeu de Cardiologia, realizado em Londres, Reino Unido, revela que mulheres que sofrem com a endometriose têm 20% mais riscos de problemas como AVC (Acidente Vascular Cerebral) e Infarto.
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O estudo foi realizado noHospital Rigshospitalet da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.
Mas o que é a endometriose? Thaissa Tinoco, ginecologista, explica que trata-se da presença do tecido endometrial fora do útero.
O endométrio reveste a parte interna do útero e cresce no começo do ciclo menstrual. Ele se transforma após a ovulação para permitir a implantação de um possível embrião (após a fecundação do óvulo) e descama durante a menstruação. No ciclo seguinte, volta a crescer.
"Quando esse tecido da parte interna do útero cai dentro da cavidade pélvica e se instala em outro local que não é o útero, é endometriose. Essas células permanecem vivas, não morrem. Portanto, todos os meses, a cada nova estimulação de hormônios pelo ovário, elas crescem em um processo inflamatório crônico, piorando um pouquinho de cada vez", detalhou.
Como é feito o diagnóstico da endometriose
O histórico da paciente é quesito mais importante na hora de diagnosticar o problema. As queixas mais comuns costumam surgir entre 25 e 30 anos de idade.
"Relatos de dores incapacitantes que levam adolescentes e jovens a faltar aula, queixas de dores durante a relação sexual, não conseguir trabalhar e idas ao hospital por conta da dor, são características da doença. Um outro estepe para se chegar ao diagnóstico é o exame físico, por meio do toque vaginal, que faz parte do exame ginecológico. Conseguimos perceber uma série de alterações, destacou a especialista.
O exame por imagem, que pode ser uma ressonância magnética da pelve ou um ultrassom endovaginal (com preparo para mapeamento da doença em questão) é a etapa seguinte. Ele será o responsável por mapear o problema, auxiliando a traçar o melhor tratamento.
Outro ponto importante e que merece ser destacado é que nem todas as pacientes apresentam sintomas. Várias acabam sendo surpreendidas pelo diagnóstico quando tentam engravidar, apresentam dificuldades e iniciam uma pesquisa para saber o motivo.
É por isso, também, que a consulta periódica, uma vez por ano, com o ginecologista é importante.
Tratamento: cirurgia ou medicamentos?
Não existe apenas um modo terapêutico para tratar a endometriose. Thaissa pontua que, no início é feito um bloqueio hormonal, já que a doença é estimulada pelo hormônio produzido pelos ovários.
"Colocamos o ovário para dormir e com isso, ele para de estimular os focos. Além do bloqueio, é necessária uma mudança no estilo de vida. Abandonar alimentos inflamatórios é fundamental: leites, açúcar, gorduras, alimentos processados, glúten. Também trabalhamos a suplementação de ômega 3, vitamina D e indicamos a atividade física. A fisioterapia pélvica para relaxamento dos músculo e a acupuntura são outros grande aliados".
Existem ainda os casos em que a cirurgia é necessária. O objetivo do procedimento é a retirada de todos focos espalhados pelo corpo da paciente por via laparoscópica. A médica explicou que é proibitivo operar endometriose com corte na barriga. Tem ainda a via robótica. O método é mais moderno e promove rápida recuperação.
A cirurgia não envolve apenas o ginecologista. É necessária toda uma equipe multidisciplinar. Entre os profissionais, cirurgiões da área da urologia e do aparelho digestivo, uma vez que os focos costumam migrar para o intestino e bexiga, na maioria das vezes.
Atenção aos sintomas da endometriose
* Cólicas menstruais intensas;
* Dor pré-menstrual
* Dor durante as relações sexuais;
* Dificuldade para engravidar;
* Dor e sangramento intestinal e urinário durante a menstruação.
Em caso de um ou mais sintomas, a recomendação é buscar um médico ginecologista o quanto antes para que o diagnóstico seja realizado o mais rápido possível.
*Com informações do Terra