Saúde

"Gordura dolorosa": saiba como tratar o lipedema sem cirurgia

A principal característica da doença é o acumulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo. Estima-se que cerca de 5 milhões de brasileiras convivem com o problema

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Freepik

O lipedema, popularmente conhecido como síndrome da "gordura dolorosa", é uma doença vascular inflamatória, frequentemente confundida com outras enfermidades e condições como: obesidade, sobrepeso e até retenção de líquidos. 

O problema é crônico e caracterizado por um acumulo anormal de gordura em regiões específicas do corpo. Tem origem hormonal, acometendo em especial as mulheres. As áreas mais afetadas são as coxas, joelhos e braços. Estimativas revelam que aproximadamente 5 milhões de brasileiras convivem com o lipedema.

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“O fato de ser confundido com outras condições de saúde atrasa o diagnóstico e isso pode levar ao agravamento do lipedema. Se não houver um tratamento, o problema avança para estágios mais graves, que podem comprometer até a mobilidade da paciente devido ao aumento da gordura doente nos membros afetados, além das dores e inchaços. A qualidade de vida da paciente fica seriamente comprometida”, explica a médica endocrinologista Lusanere Cruz.

Conheça os sinais da gordura dolorosa

* Peso nas pernas;

* Corpo desproporcional: parte inferior maior que a superior;

* Inchaço;

* Hematomas;

* Dificuldades para usar calças;

* Dificuldades para subir e/ou descer escadas;

O lipedema não é algo novo, porém, somente em 2022 que a Organização Mundial da Saúde (OMS), reconheceu como doença, quando foi incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID).

Por ser uma condição crônica, não tem cura e por esse motivo é necessário acompanhamento médico especializado, além de um tratamento constante. 

“Uma quantidade excessiva de celulite pode ser sinal de lipedema, principalmente se a paciente apresentar outros sintomas, como hematomas pelo corpo, dores e inchaços nas partes afetadas. É preciso buscar ajuda médica especializada para que seja feita uma investigação detalhada e realizado um tratamento assertivo”, explicou a cirurgiã plástica Patricia Lyra, que atua na cirurgia de lipedema.

Diferença entre lipedema e outras condições

A fisioterapeuta Larissa Musso destacou as principais diferenças entre a gordura típica da obesidade e a do lipedema.

“A gordura da obesidade se acumula de forma mais uniforme pelo corpo. Já no caso do lipedema, o tecido gorduroso se concentra de forma anormal em alguns membros específicos, como quadril, coxas, pernas e, por vezes, nos braços”, explicou a também cofundadora do Instituto Lipelife.

- Celulite: ocorre quando bolsas de gordura se acumulam sobre a pele, causando ondulações e protuberâncias na aparência do membro afetado, que fica com aspecto de covinhas de casca de laranja;

- Obesidade: no caso da obesidade o tecido gorduroso afeta todo o corpo e não provoca dores e edemas. atenção para o fato de que a gordura do lipedema não pode ser eliminada apenas com exercícios e dieta, e exige um tratamento multidisciplinar;

- Linfedema: o linfedema é uma concentração de líquidos no sistema linfático em algumas partes do corpo, resultando em inchaços, formigamentos e dores. Apesar das semelhanças, os tratamentos das duas condições são diferentes.

Alimentos que devem ser priorizados

1) Aves sem pele;
2) Carnes magras;
3) Peixes;
4) Ovos;
5) Iogurtes sem gordura;
6) Verduras e legumes;
7) Temperos e ervas: cúrcuma; açafrão, alho e gengibre;
8) Nozes e sementes;
9) Frutas vermelhas e abacate;
10) Grãos integrais.

Alimentos que devem ser evitados

1) Ultraprocessados;
2) Açúcar;
3) Bebidas alcóolicas;
5) Farinha refinada;
6) Temperos industrializados;
7) Gorduras saturadas;
8) Refrigerantes;
9) Embutidos.

Segundo a nutricionista Thamires Favato, a dieta não é capaz de evitar ou até mesmo curar o lipedema, mas pode ajudar a amenizar tanto a extensão quanto a gravidade do problema.

"Tem que haver mudança de hábitos, é recomendado uma dieta antiinflamatória, retirar os alimentos que potencializam o processo inflamatório: glúten, açúcar, alimentos ultraprocessados, refrigerantes, suco de caixinha, embutidos, frituras, carne vermelha, leite".

DICAS DE CAFÉ DA MANHÃ E ALMOÇO PARA DESINFLAMAR

Café da manhã:

* 1 xícara de café sem açúcar;

* Omelete de espinafre;

* Mamão com granola sem açúcar.

Almoço:

* 100 gramas de peito de frango grelhado (filé ou em cubos);

* 4 colheres de sopa de arroz integral;

* 1/2 concha de feijão;

* Salada de alface, rúcula e tomate.