Saúde

Bateu a cabeça? Veja os riscos, como identificar sinais de alerta e o que fazer

Em outubro, uma jovem caiu do cavalo e morreu por causa de um traumatismo craniano no interior do Estado. No último dia (17), um empresário, que também caiu de um cavalo, teve a morte cerebral decretada

Foto: Reprodução/Freepik – @wayhomestudio

Você conhece os riscos de cair e bater a cabeça? Sabe identificar os sinais de que algo pode ser grave? E quando buscar socorro médico? Após a morte de Juliana Baldi, de 29 anos, decorrente de uma queda de um cavalo, em outubro desse ano, em Pinheiros, no Norte do Espírito Santo, outro caso volta a chamar a atenção para os perigos de pancadas na cabeça.

No último dia 17, o empresário Péricles Junior, de 31 anos, caiu do cavalo durante uma cavalgada noturna com os amigos, em Vila Velha. Horas depois, não resistiu aos ferimentos e morreu já no hospital. Com a morte cerebral confirmada, a família decidiu doar os órgãos.

Em entrevista ao Folha Vitória, a tia de Péricles contou como tudo aconteceu e que todos pararam para ajudar. Chegou a conversar, se queixou de dor de cabeça, enjoo, porém, se recusou a procurar atendimento médico. Ainda segundo Nilce Marques, ele “queria ir logo para casa para dormir na cama dele”. Então, o que fazer nesses casos?

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A reportagem conversou com o médico Vital Fernandes Araújo. Ele explica quais são os principais sinais de alerta de que algo não vai bem no corpo depois de bater a cabeça.

1. Após uma queda, seja de um cavalo, de uma escada, ou um “simples” escorregão, é sempre importante buscar atendimento médico? 

R: Nem sempre é necessário buscar atendimento médico após uma queda, mas isso depende da gravidade, da altura, do local e da intensidade do impacto. 

Algumas quedas podem ser leves e causar apenas ferimentos superficiais, que podem ser tratados em casa com cuidados básicos de higiene e curativo. Outras quedas podem ser graves e provocar fraturas, hemorragias, traumatismos, perda de consciência ou até mesmo a morte.

Uma forma de avaliar a necessidade de atendimento médico é observar os sinais e sintomas que a pessoa apresenta após a queda.

Portanto, após uma queda, é importante avaliar a situação com calma e bom senso, e buscar atendimento médico sempre que houver dúvida ou suspeita de uma complicação mais séria”.

2. Quais os sinais de que pode ter acontecido algo grave e urgente? O que observar após uma queda?

R: “Os sinais de que pode ter acontecido algo grave e urgente após uma queda são:

– Perda de consciência. Isso pode indicar um traumatismo craniano grave, que pode causar sangramento, inchaço ou lesão cerebral.

– Dor intensa ou persistente na região afetada. Isso pode indicar uma fratura óssea, que pode comprometer a mobilidade, a circulação ou a função de algum órgão.

– Inchaço, vermelhidão, calor ou deformidade no local. Isso pode indicar uma inflamação, uma infecção ou uma luxação, que podem exigir tratamento com medicamentos ou cirurgia.

– Dificuldade ou impossibilidade de movimentar a parte lesionada. Isso pode indicar uma lesão muscular, tendinosa, ligamentar”.

3) Existem partes da cabeça que são mais sensíveis a uma pancada? 

R: “Sim, existem partes da cabeça que são mais sensíveis a uma pancada do que outras. Em geral, as partes mais sensíveis são aquelas que têm menos proteção óssea, mais tecidos moles ou mais terminações nervosas. Algumas dessas partes são: os olhos, o nariz, as orelhas e a boca.

As partes mais fortes da cabeça são aquelas que têm mais proteção óssea, mais espessura ou mais resistência, como a calota craniana”.

4. Existem pessoas que correm um risco maior ao bater a cabeça?

R: “Em geral, as pessoas que têm mais chances de sofrer lesões graves na cabeça são: idosos, crianças e pessoas com histórico de trauma craniano prévio”.

O que não deve ser feito após bater a cabeça?

Segundo Vital, saber como agir após bater a cabeça pode fazer toda a diferença na manutenção da saúde, inclusive afastando o risco de morte, de quem sofreu o impacto. Veja alguns pontos listados pelo médico:

* Não lavar um ferimento na cabeça que é profundo ou sangra muito, pois isso pode aumentar o risco de infecção ou complicar a hemostasia;

* Não remover qualquer objeto que esteja saindo de uma ferida, pois isso pode causar mais sangramento ou danificar algum tecido vital;

* Não mover a pessoa a não ser que seja absolutamente necessário, pois isso pode agravar uma lesão na coluna, no cérebro ou na medula espinhal.

* Não agitar ou chacoalhar a pessoa se ela parece atordoada, pois isso pode piorar uma concussão ou provocar uma convulsão;

* Não remover um capacete se você suspeitar de uma lesão grave na cabeça, pois isso pode desestabilizar o pescoço ou causar mais dano ao crânio ou ao cérebro;

* Não dormir se você bateu a cabeça, mesmo que tenha sonolência, pois isso pode dificultar a observação dos sinais de alerta de uma lesão grave, como perda de consciência, vômito, confusão ou alteração neurológica;

* Não praticar atividades físicas intensas que podem aumentar o risco de sofrer outro machucado na cabeça ou que dificultem a respiração, pois isso pode deixar o cérebro menos oxigenado;

* Não usar o computador, o celular ou outros aparelhos eletrônicos que podem causar cansaço visual, dor de cabeça ou estresse, pois isso pode atrasar a recuperação do cérebro;

* Não se automedicar sem consultar um médico, pois alguns medicamentos podem interagir com o sangue, aumentar o risco de sangramento ou causar efeitos colaterais indesejados.

“Essas são algumas das coisas que você não deve fazer ao bater a cabeça, mas lembre-se que o mais importante é buscar atendimento médico sempre que houver dúvida ou suspeita de uma complicação mais séria”, destaca.

Sinais de alerta que podem indicar uma lesão grave na cabeça

Perda de consciência por mais que alguns poucos minutos;

Sonolência excessiva ou dificuldade para acordar;

Vômito persistente ou repetido;

Confusão mental, alteração da memória, da fala, da visão ou da audição;

Convulsões, desmaios ou parada respiratória ou cardíaca.

No caso de apresentar algum desses sinais, o atendimento médico deve ser realizado com urgência. Lembrando que a pessoa não deve ser movida, a menos que seja necessária manutenção da segurança dela.

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