Quem pode doar sangue? Qual seu tipo sanguíneo? Conheça os requisitos básicos
Médico hematologista responde 9 perguntas sobre como se preparar para a doação e a partir de quando. Veja os cuidados e os intervalos necessários entre uma doação e outra
Todos os anos, no dia 25 de novembro, é comemorado o Dia Nacional do Doador de Sangue. O objetivo da data é homenagear e agradecer os doadores de sangue, destacando a importância da doação.
Doar sangue é um ato importante de solidariedade, afinal, não existe um substituto para o sangue. Isso por que não é fabricado artificialmente. Mas para ser um doador é necessário preencher alguns requisitos.
E você, sabe qual é o seu tipo sanguíneo? E para quem pode doar e de quem receber sangue?
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As dúvidas são muitas e frequentes. Para esclarecê-las, a reportagem do Folha Vitória conversou com o médico hematologista Douglas Stocco Covre.
Perguntas e respostas sobre doação de sangue
1) Quem pode doar sangue?
R: Qualquer pessoa entre 16 e 69 anos, mas desde que a primeira doação tenha sido feita até os 60 anos. Então, pessoas entre 60 e 69 anos só podem doar se já forem doadoras, não podem fazer a doação depois dos 60 anos.
2) Qual a função do sangue no nosso organismo?
R: A função do sangue no nosso organismo é distribuir oxigênio e nutrientes para todos os órgãos do corpo. É ele que faz tudo o que a gente tem funcionar. Sem o sangue, o cérebro, o fígado, nenhum órgão nosso funcionaria.
Ele tem essa função de transporte de substâncias e de oxigênio. Tem ainda a função de defesa do nosso organismo. As células de defesa estão no sangue. Tem também a função de coagulação, não permitindo que nossa feridas, por exemplo, sangrem sem parar.
3) O que significa o fator RH?
R: Via de regra, se tiver um sangue que é o mesmo do seu, é melhor, mas nem sempre, existem. Neste caso, falando de hemácias, tem aqueles que são doadores universais e receptores universais. O paciente que tem determinado tipo sanguíneo pode ter um anticorpo contra o outro tipo sanguíneo e, por isso, atacar aquela hemácia quando entrar em contato com ela em uma transfusão de sangue.
O paciente que é A, tem um anti-B, o paciente que é B tem um anti-A, o paciente que é AB, como tem os 2 antígenos, não tem nem anti-A e nem anti-B. O paciente que é O tem o anti-A e o anti-B.
O paciente que é AB como não tem antígeno nenhum, então ele pode receber do tipo A, do tipo B e do tipo O. Já o tipo O é doador universal. Como ele não tem antígeno A e nem o B, ele pode doar sangue pra quem é O, AB, A e B.
4) Quais os riscos de receber um sangue que não é "compatível" com o que tenho?
R: O principal problema de receber um componente que não é compatível, é o risco de reação transfusional, que geralmente é aguda. Ou seja, como eu tenho anticorpo contra aquele sangue que eu estou recebendo, ele vai destruir a célula de maneira imediata.
A mais comum é a reação hemolítica, em que a célula é quebrada pelo anticorpo liberando ocitocinas, podendo dar febre e dor lombar. Essa reação, inclusive, pode ser grave. Por esse motivo é muito importante que sejam compatíveis e não necessariamente seja o mesmo tipo sanguíneo.
5) Em quanto tempo nosso organismo repõe o que foi doado?
R: O tempo que a pessoa demora para repor o sangue varia. Normalmente, o homem, em torno de 2 meses, e a mulher em torno de 3 meses. É por isso que a gente tem esses prazos pra fazer a doação.
O homem pode doar a cada 2 meses, respeitando 4 doações no ano, e a mulher 3 meses, respeitando 3 doações no ano.
6) Por que homens e mulheres têm intervalos de tempo diferentes entre cada doação?
R: Homens e mulheres têm intervalos diferentes por causa da constituição do corpo diferente. Além disso, o homem tem uma massa eletrocitária maior. Quer dizer, tem mais hemácias, mais células vermelhas. Além disso, a mulher perde mensalmente sangue pela menstruação.
Então, esse é um fator que deixa a hemoglobina e a reserva de ferro dela menor. É por isso que ela tende a tolerar menos doações de sangue e aí ela tem que respeitar o intervalo maior para o corpo dela repor.
Claro que reposições mais rápidas podem ser aceleradas com a reposição de ferro. Em alguns casos, de doadores que são assíduos, que doam 3 e até4 vezes ao ano, é feita a reposição de ferro pelo próprio centro da coleta para o paciente não sofrer com relação a isso.
Além da idade, tem que pesar ao menos 50 quilos, ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas, portar documento nacional com foto e mais: não deve fazer a doação em jejum, como muita gente pensa. O recomendado é evitar alimentos gordurosos nas 3 horas que antecedem a doação.
Doenças que inviabilizam a doação de sangue
O hematologista falou também sobre as doenças que impedem a doação de sangue. Diogo lembra que, de maneira geral, as doenças infecciosas, como:
- Hepatites;
- Aids;
- Sífilis.
"Pacientes que têm doenças cardíacas graves, anemia falciforme e câncer também não podem. Para saber disso é feita uma entrevista com cada voluntário antes mesmo da doação. Se ele não tiver nenhuma condição que contraindique poderá doar, caso contrário, será bloqueado. Algumas outras doenças, é determinado um tempo de espera para recuperação e depois está liberado para doar", finaliza.
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