Saúde

Esporotricose: animais de rua com a doença serão recolhidos e tratados em Vitória

Os animais errantes recolhidos passarão por exames laboratoriais, internação, tratamento ambulatorial, medicamentos, vacinação, microchip, cirurgia e esterilização

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Freepik

A esporotricose é uma doença provocada por fungos do gênero Sporothrix que afeta pessoas e animais, principalmente gatos. De modo geral, esses fungos se desenvolvem no solo e em meio a vegetação, por exemplo. Antigamente chegou a ser conhecida como "Doença do Jardineiro", devido aos locais onde era mais comum, porém, com o passar do tempo o perfil da doença foi se modificando.

Tornou-se, então, uma zoonose identificada em áreas metropolitanas. A infecção é contagiosa e leva, em humanos, a quadros de lesões na pele, como úlceras e nódulos, porém, pode levar a pneumonia, em quadros mais graves.

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Nos animais, a doença também pode apresentar os mesmos tipos de lesões. Face e patas são as áreas mais acometidas. De acordo com dados do e-SUS-VS, foram notificados 2.910 casos de esporotricose em humanos, de 2020 a outubro de 2023 no estado., saltando de 198 em 2020 para 1.167 até outubro do ano passado.

Segundo a secretaria de Estado da Saúde, a esporotricose animal foi incluída na lista de doenças de notificação compulsória no Espírito Santo por meio da Portaria no 115-R, de 04 de agosto de 2022. 

Para conter o problema, Vitória vai contar, a partir de agora, com um serviço de tratamento e recolhimento de animais de rua com esporotricose. 

"A oferta desse novo serviço vai interromper o elo de transmissão de um animal de rua contaminando o ambiente e outros animais ou o próprio ser humano, evitando o aumento de casos de esporotricose, uma vez que a doença pode trazer risco à saúde humana", disse a diretora do CVSA, Wanessa Andrade.

Serão oferecidos os serviços de recolhimento de animais errantes, exames laboratoriais, internação, tratamento ambulatorial, medicamentos, vacinação, microchip, cirurgia e esterilização.

A presidente da Sociedade Protetora dos Animais do Estado do Espírito Santo, Regina Mazoco, falou sobre a importância da sensibilização com a causa animal.

"Estou muito feliz porque esse é um sonho das protetoras. É um sonho nosso porque a esporotricose causa muita dor no animal e o ferimento vai crescendo e o animal tem um sofrimento terrível. Agradeço imensamente pela sensibilidade com a causa".

Funcionamento do serviço

As solicitações para recolhimento de animais de rua suspeitos de esporotricose continuam sendo feitas pelo canal 156. A equipe do CVSA fará a triagem e profissionais irão até o local para avaliar o animal que somente será recolhido após a confirmação da equipe de que não há nenhum tutor ou responsável por ele.

Após isso, o animal será levado para o CVSA onde ficará em gatil individual, aguardando o recolhimento pela empresa contratada (Rancho Bela Vista). No local, então, receberá todos os primeiros atendimentos. Além disso, será implantado o microchip que será o seu CPF e, por meio dele, o CVSA vai monitorar toda a sua evolução, enquanto estiver internado no Rancho.

O animal pode ficar internado no Rancho por até 12 meses. Após a alta, o animal retorna ao CVSA para ser disponibilizado para adoção.

Segundo a Prefeitura de Vitória, essa é a primeira vez, que a gestão municipal oferta o serviço de tratamento e recolhimento de animais de rua com esporotricose. A solenidade de assinatura do contrato foi realizada na segunda-feira (11), na sala de reuniões da PMV.

Atualmente, a Secretaria de Saúde de Vitória (Semus), por meio do Centro de Vigilância em Saúde Ambiental (CVSA) conta com o Programa de Esporotricose Animal, que é responsável por promover o tratamento de animais com suspeita da doença, desde que uma pessoa se responsabilize por esse animal.

"Estamos dando um avanço significativo e uma solução definitiva para um desafio que é nacional. Infelizmente os casos de esporotricose têm aumentado não só nos animais, mas também nos humanos. Esse é o momento de reafirmarmos os nossos compromissos, de agradecer aos servidores pelo empenho, pela dedicação, agradecer às protetoras e aos protetores, e, principalmente, reafirmar o compromisso com a cidade e com a saúde pública", disse o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini.

A secretária de Saúde, Magda Lamborghini informou que o serviço, vai atender 230 animais simultaneamente, no valor de R$ 2,4 milhões/ano. 

Casos em Vitória 

Em 2021, foram registrados 201 casos da doença em animais, em 2022, 312 e, em 2023, 389 casos. Em humanos, foram registrados 22 casos em 2021, 114 casos em 2022 e 103 casos em 2023.

Casos na Grande Vitória 

Segundo Boletim Epídemiológico da doença divulgado pela Sesa-ES, Serra, Vila Velha e Vitória apresentaram crescimento e oscilações nos números de notificações de casos de 2020 a 2023. Veja:

*Serra:

- 2020: 31 casos em humanos e 3 em animais
- 2021: 78 casos em humanos e 11 em animais
- 2022: 147 casos em humanos e 1009 em animais
- 2023: 231 casos em humanos e 747 em animais

*Vila Velha:

- 2020: 83 casos em humanos e 133 em animais
- 2021: 269 casos em humanos e 500 em animais
- 2022: 237 casos em humanos e 449 em animais
- 2023: 175 casos em humanos e 433 em animais