Fica acordado até tarde? Entenda os riscos para a sua saúde mental
Sentimentos de irritabilidade, frustração e cansaço extremo são alguns dos sinais de que é preciso descansar melhor, com qualidade. Saiba o que fazer
Seja por questões relacionadas ao trabalho, lazer ou estudo, por exemplo. Não é de hoje que o número de pessoas que têm o hábito de ficar acordadas até mais tarde é considerável. Ainda que, de fato, isso seja algo comum, nem todo mundo conhece as consequências desse comportamento para a saúde.
Além de gerar impactos a longo prazo, a abstinência do sono reparador pode fazer mal não só fisicamente, mas também mentalmente.
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Inúmeros estudos comprovam que não dormir o suficiente pode aumentar os níveis de estresse, ansiedade e até mesmo depressão. Isso acontece por que quando o corpo não descansa o necessário, o cérebro não consegue processar corretamente as informações e emoções.
Tomar decisões e a capacidade de lidar com as adversidades do dia a dia acabam comprometidas.
A falta de sono pode alterar também o equilíbrio hormonal, influenciando diretamente os neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor. Sentimentos de irritabilidade, frustração e cansaço extremo são alguns dos sinais de que é preciso descansar melhor, com qualidade.
Além disso, com o tempo, esses sintomas podem se intensificar e afetar a qualidade de vida da pessoa.
Esticar o sono pela manhã: será que ajuda?
Buscar alternativas que promovam uma rotina mais equilibrada e fazer alguns ajustes pode ser mais simples (e positivo) do que você imagina.
Segundo Jéssica Polese, Especialista em Medicina do Sono e Presidente da Associação Brasileira do Sono – regional ES, quem dorme tarde, de modo geral, acaba diminuindo a quantidade de sono, portanto, dorme um número menor de horas. Os problemas decorrentes disso são, então, os mesmos da privação de sono.
E para quem acredita que dar aquela "esticadinha" durante a manhã vai resolver o problema, engana-se.
"Se você for manter o número de horas de sono necessário, você vai ficar dormindo de dia. E o sono durante o dia é diferente, em termos fisiológicos, do que o sono da noite. Então, o sono do dia deixa de produzir hormônios, substâncias que você precisa fazer durante o sono. Então, dormir de dia, não substitui dormir à noite. E, isso aí acaba por levar um indivíduo a ficar privado de sono, né?", alerta.
Insônia e o hábito de dormir de tarde: diferenças
Insônia e pessoas que gostam de dormir tarde são coisas bem diferentes, de certo. E isso é importante identificar.
A primeira está diretamente ligada a dificuldade que um indivíduo tem para começar a dormir. Já a segunda, trata-se de uma opção ou um simples hábito mesmo.
"Porque o indivíduo que gosta de dormir tarde não tem dificuldade em dormir, ele não quer dormir no horário habitual, porque ele gosta de ficar acordado à noite, ele faz um monte de coisa e isso vai atrasando o início do sono. Então, a insônia é um pouquinho mais complicada, porque o indivíduo realmente não consegue dormir", explica Jéssica.
A especialista dá o exemplo do que chama de atraso de fase, ou seja, aquela pessoa que vai dormir mais tarde porque está fazendo alguma outra coisa de seu interesse e gosta do período noturno para isso, já que se sente mais disposto para produzir. Então, aproveita para ficar acordado o que vai atrasando o início do sono.
E mais. É essencial entender que "a forma como vivemos nossas horas de vigília afeta diretamente o sono noturno. Quando começamos a ter dificuldades para dormir, criamos uma obsessão que só piora a situação. A ansiedade, em particular, é um dos grandes vilões do sono”.
Jéssica Polese enfatiza a necessidade de adotar alguns hábitos. Isso inclui:
- Reduzir a luminosidade do ambiente;
- Reduzir o barulho;
- Lançar mão das manobras relaxantes (acupuntura, massagem relaxante, yoga, meditação);
- Ajustar a temperatura do ambiente onde vai dormir tornando-a, se possível, confortável para um bom sono;
- Evitar ficar na cama quando se está ansioso;
- Evitar o uso de telas eletrônicas. Ao emitirem luzes artificiais, prejudicam a produção de melatonina (hormônio que ajuda a regular o sono);
- Terapia cognitivo-comportamental.
Caso tenha tentado todas as alternativas possíveis, sem sucesso, pode ser que médico especialista indique alguma medicação, "porque é melhor o indivíduo dormir sob efeito do remédio do que não dormir, no caso da insônia".
Cuidar da alimentação para não atrapalhar o sono
Evitar alimentos estimulantes, que contenham cafeína, por exemplo, é um bom começo. Além disso, procure se alimentar até no máximo duas horas antes de dormir.
O ideal mesmo, segundo a especialista em sono, seria que fossem quatro horas. "A água deve ser tomada durante o dia, não perto do horário de dormir, porque acaba que vai várias vezes ao banheiro e atrapalha. Por quê? Porque a alimentação não é perto do horário de dormir. Ela faz o sono ficar mais agitado e facilita a possibilidade de refluxo e aí atrapalha muito o sono".