Saúde

H.pylori é grave? Como saber se gastrite é provocada pela bactéria

A estimativa é de que ela esteja presente em torno de 70% da população brasileira. Embora nem todos apresentem os sintomas, ela pode desencadear problemas mais graves

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Freepik

Sabe aquele desconforto no estômago quando você come algo ou até mesmo ao beber água ou um suco, por exemplo? Azia, queimação, náusesas. Esses podem ser sintomas provocados pela infecção por Helicobcter pylori, mais conhecido como H.pylori. Segundo o Ministério da Saúde, uma das principais causas de úlceras gástricas.

A estimativa é de que ela esteja presente em torno de 70% da população brasileira. Embora nem todos apresentem os sintomas, ela pode desencadear problemas mais graves, inclusive, câncer de estômago. Mas calma. Ela pode ser tratada.

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"Essa bactéria é uma bactéria muito comum. Atualmente, em torno de 60%/70% da população brasileira tem essa bactéria no estômago sem ter sintomas, na maioria das vezes. A gente adquiri na infância através de água e alimentos contaminados. O risco é o que? Essa bactéria provoca um processo inflamatório, algumas pessoas têm uma predisposição maior a desenvolver esse processo inflamatório outras não, a gente não tem essa definição, e ela provoca uma gastrite".

A explicação é da médica gastroenterologista Roseane Bicalho que falou sobre o assunto no programa Fala ES, da TV Vitória/Record.

O problema é quando a bactéria não é identificada cedo. A gastrite pode acabar evoluindo para uma úlcera gástrica, duodenal e com o passar dos anos culminar em um câncer de estômago.

"A gastrite pode evoluir para complicações que são a atrofia gástrica, as células vão reduzindo de tamanho, e também focos de metaplasia intestinal, ou seja, algumas áreas da mucosa do estômago passam a ase transformar em mucosas parecidas com mucosas de intestino e que pode evoluir para displasia, evoluindo posteriormente para o câncer de estômago", explicou.

A essa altura você deve estar se perguntando qual seria o momento ideal de tratar o Helicobacter pylori. Segundo a médica, é logo no início quando o paciente ainda apresenta sintomas leves. Indícios de que algo não vai bem com o estômago. A bactéria é detectada por meio de endoscopia. O médico retira pequenos pedaços da mucosa que reveste o estômago durante o exame e envia o material para análise em laboratório.

Quando é confirmado o diagnóstico, de modo geral, o tratamento é feito por meio de associações de antibióticos (14 dias) e antiácido. 

"Por que a partir do momento que houve o gatilho para o desenvolvimento do câncer de estômago, mesmo que você erradique a bactéria você precisa manter esse paciente sob segmento por que ele já disparou o gatilho", alertou Roseane.

De anorexia nervosa a descoberta da H.pylori

A dona de casa Marcilene Pontes, contou que já tratou do problema duas vezes. Inclusive, um primeiro diagnóstico teria apontado para uma possível anorexia nervosa. Exames posteriores revelaram que se tratava da bactéria.

"O primeiro diagnóstico foi que eu tinha anorexia nervosa. Ficava muito nervosa, meu estômago doia muito, aí foi a hora que me encaminharam para um gastro. Lá foi pedida uma endoscopia que acusou o H.pylori".

Marcilene passou pelo tratamento com os antibióticos e sentiu bastante desconforto devido a medicação forte. A gastroentereologista ressalta que, além de seguir o tratamento rigorosamente, é importante que o paciente adeque a alimentação e evite bebidas alcóolicas.

SINTOMAS DA H.PYLORI

Entre os principais sintomas da Helicobcter pylori, estão:

* Má digestão;

* Azia;

* Sensação de queimação no estômago;

* Redução do apetite;

* Náuseas e vômitos;

Inchaço na barriga.

Teste respiratório pode detectar bactéria no estômago

Um teste respiratório promete agilizar ainda mais os resultados de casos de H.pylori. De acordo com Roseane Bicalho, o Espírito Santo já realizava esse tipo de teste para pesquisar a bactéria em conjunto com o laboratório de pesquisa em bacteriologia da UFMG, subsidiada pela universidade da Alemanha. 

Porém, com a pandemia desencadeada pela covid-19, foi preciso parar já que se tratava de um teste respiratório. Mas uma novidade vai ajudar a identificar a bactéria sem a necessidade, por exemplo, de repetir a endoscopia.

"O paciente sopra no balão (teste específico), toma um suco de laranja com o marcador da bactéria e essa uréia marcada com carbono 3 vai ficar marcada. Ela vai fazer um revestimento na mucosa do estômago. Dali 15 minutos o paciente sopra novamente no segundo balão. Caso tenha a presença da bactéria, esse material é absorvido e eliminado pela respiração", disse.

Ainda de acordo com a especialista, o teste é mais eficaz que as análises feitas pós endoscopia.

"O resultado é mais confiável que a endoscopia porque você analisa o estômago como um todo. A margem de erro é de 3%. Na endoscopia com o teste de urease 40%, e no teste da biópsia que você manda para patologista você tem uma margem de erro em torno de 10 e 20%", finalizou.