Saúde

Síndrome do fim de ano: entenda causas e sintomas da condição

Angústia, frustração e melancolia podem surgir no período das festas; especialista explica como identificar e gerenciar esses sentimentos.

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

O fim de ano é amplamente associado a celebrações, renovação e confraternizações. Contudo, enquanto muitos experimentam um clima de festividade, outros enfrentam sentimentos opostos, como angústia, frustração e melancolia. 

Esse fenômeno, chamado popularmente de "síndrome do fim de ano", afeta uma parcela significativa da população que se sente pressionada por expectativas sociais, reflexões sobre metas não cumpridas e comparações com ideais muitas vezes irreais.

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Embora a "síndrome do fim de ano" não seja reconhecida como uma condição clínica, especialistas, como a psicanalista Rachel Poubel, apontam que ela é composta por um conjunto de sensações psicológicas comuns neste período.

Para muitos, as festas trazem à tona questões emocionais reprimidas, conflitos pessoais e cobranças internas que dificultam vivenciar esse momento de maneira leve.

O QUE É A SÍNDROME DO FIM DE ANO?

De acordo com Rachel Poubel, a síndrome do fim de ano é caracterizada por sentimentos como angústia, tristeza, solidão e sensação de fracasso, geralmente desencadeados pelas celebrações e pelo encerramento de um ciclo. Ela explica que o final do ano é um momento de reflexão inevitável para a maioria das pessoas, o que pode gerar um senso de insatisfação. 

“As festas de fim de ano trazem muita tristeza e solidão porque a gente compra um pacote comercial. Olha nas redes sociais e se compara. As festas têm um apelo de troca de presentes e mostram todo mundo feliz, mas na vida real não é assim”, afirma.

A sensação de que todos estão vivendo momentos felizes, enquanto a realidade individual parece diferente, é intensificada pela exposição às redes sociais. 

Além disso, o apelo comercial e cultural das festividades muitas vezes cria uma falsa expectativa de que todos os problemas precisam ser resolvidos antes de o novo ano começar, o que aumenta a pressão sobre as pessoas.

Poubel observa que a época também promove reflexões profundas sobre as metas do ano que passou. 

“Com a chegada do fim do ano, é muito comum surgir a sensação de frustração, como se nada tivesse sido feito. Mas as metas não precisam estar atreladas a datas específicas. Pequenos objetivos diários são mais eficazes e ajudam a evitar essa sensação de incapacidade”, acrescenta.

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Foto: Reprodução

POR QUE ESSA ÉPOCA É TÃO SENSÍVEL?

O final do ano marca o encerramento de um ciclo, o que muitas vezes é interpretado como um momento de avaliação pessoal. 

Para alguns, isso é positivo e motivador, mas para outros, pode ser um gatilho para sentimentos de fracasso e incapacidade. Metas não alcançadas, sonhos adiados e a sensação de que o tempo passou rápido demais podem desencadear ansiedade.

A procrastinação, segundo Poubel, é outro fator que contribui para a síndrome do fim de ano. Muitas pessoas deixam tarefas importantes para depois, criando uma falsa ideia de que poderão resolver tudo em dezembro. Quando isso não acontece, surgem sentimentos de angústia e autojulgamento severo. 

“Para não procrastinar, é importante criar novos hábitos. Não adianta esperar pelo dia 31 de dezembro para resolver tudo. A resolução deve começar no dia a dia, sem datas específicas para mudanças significativas”, enfatiza.
Foto: Freepik

IMPACTO EM RELACIONAMENTOS E QUESTÕES FAMILIARES

Além das questões pessoais, problemas familiares e de relacionamento também são grandes desencadeadores da síndrome do fim de ano. 

“Rompimentos, conflitos com familiares, perdas de entes queridos ou até mesmo a decisão de morar sozinho podem intensificar os sentimentos de angústia nessa época”, explica Poubel. 

As reuniões de Natal e Ano-Novo muitas vezes trazem expectativas irreais de harmonia e felicidade, reforçadas por filmes e propagandas.

Essas expectativas, no entanto, podem colidir com a realidade de famílias que enfrentam conflitos ou que passaram por perdas recentes. 

“Quando chega o final do ano, fica aquela sensação de que a família deveria estar perfeita, como nos filmes. Isso cria uma comparação desleal e leva muitas pessoas a se sentirem ainda mais isoladas”, completa a especialista.
Foto: Reprodução

COMO LIDAR COM A SÍNDROME DE FIM DE ANO?

Embora os sentimentos desencadeados pela síndrome do fim de ano sejam comuns, existem estratégias eficazes para gerenciá-los. Rachel Poubel sugere que o primeiro passo é aceitar essas emoções sem se julgar. 

“O final de um ciclo não precisa ser um momento de balanço extremo. Nem todas as metas precisam ser cumpridas de maneira absoluta, e tudo bem se as coisas não saíram como o planejado”, afirma.

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1. Evite comparações

As redes sociais desempenham um papel significativo na amplificação da síndrome do fim de ano. Ver fotos de viagens, festas e famílias aparentemente felizes pode gerar a falsa ideia de que todos estão vivendo momentos perfeitos, menos você. Poubel alerta para o perigo dessas comparações: “A vida real não é como as redes sociais. O que é exibido ali é apenas uma parte selecionada da vida das pessoas.”

2. Reavalie suas metas

Uma das principais fontes de frustração no final do ano é a sensação de não ter atingido os objetivos planejados. Para evitar isso, a especialista sugere focar em pequenas conquistas ao longo do ano. “Celebrar vitórias, por menores que sejam, é essencial. Além disso, metas realistas e alcançáveis ajudam a evitar a sensação de fracasso.”

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3. Aceite o Inacabado

Nem todos os projetos precisam ser concluídos antes do ano terminar. Muitas vezes, as pessoas colocam pressão desnecessária sobre si mesmas para resolver pendências em dezembro, o que pode gerar estresse desnecessário. Poubel enfatiza que é saudável entender que a vida continua e que muitos projetos podem ser retomados no próximo ano.

4. Busque Ajuda

Se os sentimentos de angústia forem muito intensos, buscar ajuda psicológica ou conversar com pessoas de confiança pode ser uma saída valiosa. A psicanalista destaca a importância de construir uma rede de apoio emocional e, quando necessário, contar com o suporte de um profissional.

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