H3N2: Sesa investiga se epidemia de gripe no ES é causada por nova cepa da Influenza
Secretaria coletou amostras de pacientes que apresentaram sintomas gripais e as encaminhou para a Fiocruz, para que sejam analisados os sequenciamentos genéticos
Assim como outros estados brasileiros, o Espírito Santo vive uma epidemia de gripe, causada pelo vírus Influenza. A situação tem levado milhares de pessoas a procurar serviços de urgência e emergência, fazendo com que as unidades de saúde registrem diariamente superlotação.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), os exames analisados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-ES), ao longo deste ano, têm indicado a predominância da Influenza A (subtipo H3N2)
No entanto, a Sesa informou que ainda não sabe se a cepa que está circulando no Espírito Santo é a mesma que tem sido observada nos demais estados. No Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, foram registradas infecções com a chamada variante Darwin do H3N2.
Para saber se esse vírus também está circulando no Espírito Santo, a secretaria coletou amostras de pacientes que apresentaram sintomas gripais e as encaminhou para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para que sejam analisados os sequenciamentos genéticos dos vírus detectados.
A Sesa informou que ainda aguarda os resultados desses exames e não deu nenhuma previsão sobre quando saberá qual a cepa que está em circulação no estado.
Vigilância das síndromes gripais
A secretaria explica que o Ministério da Saúde determinou a implantação de um sistema de vigilância epidemiológica da Influenza em âmbito nacional, incluindo a vigilância de síndrome gripal em unidades sentinelas.
Nessas unidades, os casos de síndromes gripais são coletados e encaminhados aos laboratórios centrais para detecção das cepas de circulação, uma vez que é por meio desse serviço que a vacina Influenza é atualizada anualmente — de acordo com cepas do vírus influenza mais comuns em circulação no País.
“É por esse motivo, e pela diminuição dos anticorpos, que a vacinação contra a Influenza dos grupos prioritários acontece anualmente no Brasil. As unidades sentinelas exercem essa importante função de vigilância das síndromes gripais na elaboração do imunizante da Campanha Nacional da Influenza”, explica a infecto pediatra, Mariana Ribeiro Macedo, referência estadual da Vigilância da Influenza, da Secretaria da Saúde.
No Espírito Santo, são nove unidades espalhadas de norte a sul do estado, que enviam os materiais coletados ao Lacen, para pesquisa do vírus e de sua genotipagem. De acordo com a Sesa, havendo amostras cujas linhagens das variantes não sejam as já conhecidas, são encaminhadas à Fiocruz, para o sequenciamento.
O que é o H3N2
Assim como o H1N1, o H3N2 é um subtipo de influenzavírus A. As diferenças entre eles ocorrem por mudanças nas proteínas de superfície — hemaglutinina e neuraminidase.
"Embora mais de 130 combinações de subtipo de influenza A tenham sido identificadas na natureza, principalmente de aves selvagens, existem potencialmente muito mais combinações de subtipo de influenza A, dada a propensão para o 'rearranjo' do vírus. O rearranjo é um processo pelo qual os vírus da influenza trocam segmentos de genes", esclarece o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
O vírus que está por trás do aumento de casos de gripe não é novo, mas começou a circular com mais intensidade no hemisfério norte nos últimos meses, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a incluí-lo, em setembro, nas recomendações para atualizações das vacinas contra influenza para 2022 no hemisfério sul.
O Influenza Research Database, um banco de dados global com informações sobre os tipos de vírus da gripe já identificados, mostra que a cepa H3N2 foi coletada pela primeira vez em 1999 na Austrália e teve o genoma submetido ao GenBank em 2008.
Sintomas da gripe
Entre os sintomas mais comuns da gripe estão febre, calafrios, dores musculares, tosse, dor de cabeça, corrimento nasal e dor de garganta. A orientação da Sesa é de que quando esses sintomas passam a se associar à falta de ar, desconforto respiratório e baixa oxigenação no sangue, há necessidade de internação, uma vez que tem-se o quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
“Assim como a gripe pode ser causada por diferentes vírus, as SRAG’s também podem, que são os pacientes que evoluem com gravidade devido a um quadro respiratório”, aponta Mariana Ribeiro Macedo.
A especialista destaca que a síndrome gripal pode ser causada por diferentes vírus, como o da Influenza, do SARS-CoV-2, adenovírus e rinovírus.
Muitas pessoas que pegaram gripe recentemente relataram sintomas intensos, como febre alta e um quadro de extrema indisposição.
O professor Alexandre Naime Barbosa, chefe da infectologia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) em Botucatu, disse ao portal R7 que, independentemente do tipo de cepa, estes são sintomas característicos da infecção pelo influenza, principalmente em quem não se vacinou.
"O influenza em geral dá um quadro muito agudo, súbito, de mal-estar, febre alta, prostração, é uma sensação bem intensa. Muitas vezes o paciente fala que parece que vai morrer. [Causa] uma apatia muito grande, a pessoa fica largada, não consegue sair da cama. É diferente da covid, que é um pouco mais lenta no começo. Também dá dor no corpo, mas não derruba tão rápido quanto a influenza."
O infectologista acrescenta que a febre causada pela Influenza costuma ser mais alta do que a da covid-19, além de os pacientes apresentarem adinamia, que é a falta de força muscular.
Testagem deve ser feita para diagnóstico preciso
De acordo com o subsecretário em Vigilância de Saúde do Espírito Santo, Luiz Carlos Reblin, o paciente que apresentar alguns sintomas característicos deve procurar algum dos locais para realizar os testes.
"Deve ser clinicamente avaliado por profissional, pois pode ter indícios de covid ou gripe. Na covid, o sintoma é mais lento e vai evoluindo. Já os sintomas de influenza são mais agudos e, geralmente, acontece do dia para a noite, com febre alta, dor de cabeça. Só um profissional pode avaliar", afirmou.
Reblin destacou que somente com o diagnóstico correto é possível seguir o tratamento com as recomendações devidas para cada infecção. Os exames podem ser realizados de forma gratuita.
"Temos vários pontos de testagem na Grande Vitória, como nos terminais do Transcol, aeroporto, Ceasa, entre outros locais, que podem ser agendados pela internet. Não precisa ter uma requisição. Cada pessoa pode, por iniciativa própria procurar um desses postos para fazer a testagem".
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