Medicamento falsificado: como reconhecer e o que fazer?
Segundo a Anvisa, hormônios anabolizantes, remédios para emagrecer, antidiabéticos, toxinas botulínicas e medicamentos de alto custo estão entre os mais falsificados
Os medicamentos falsificados são motivo de grande preocupação não só no Espírito Santo, mas também no Brasil e em diversas partes do mundo. Eles imitam produtos legítimos, seja por meio de doses erradas, substâncias nocivas e até mesmo, em alguns casos, não contemplando na fórmula o princípio ativo para tratar determinada doença.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em casos mais severos, podem causar graves danos à saúde piorando as condições em tratamento devido aos componentes prejudiciais que podem estar contidos neles.
LEIA TAMBÉM:
"O sono é um dos pilares da longevidade", afirma especialista
Concentração de profissionais cria "desertos" de saúde no interior do ES
Verão: muito calor pode desencadear ou agravar doenças respiratórias
Você deve, então, estar se perguntando: o que fazer para evitar ser vítima de uma situação como essa? E o pior: quais os riscos para a saúde de quem consome um medicamento falso?
Rodrigo Alves do Carmo, farmacêutico e Conselheiro Federal pelo Conselho Regional de Farmácia (CRF-ES), pontua que é preciso muito cuidado. Os motivos, inclusive, são inúmeros.
O que as pessoas podem não saber é que um medicamento falsificado pode não só fazer efeito como até mesmo, diante de uma falta de padronização dos princípios ativos, expor o paciente à altas dosagens, provocando quadros de intoxicação, por exemplo.
COMO EVITAR A COMPRA DE MEDICAMENTOS FALSIFICADOS
Entre as orientações para não ser vítima de remédios falsificados, a principal é comprar os que forem prescritos pelo médico somente em drogarias e farmácias de confiança.
Nos sites, priorizar os dos próprios fabricantes, das farmácias e no e-commerce, que seja possível checar o endereço e identificar questões de confiabilidade do site em questão.
"Segundo ponto é, assim que receber o produto, verificar a embalagem, a integridade da embalagem, ver se não tem um lacre que foi rompido. Na embalagem secundária, que é o frasco propriamente dito, se ele preserva o lacre, se tem lote, data de validade, data de fabricação", diz Rodrigo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão brasileiro responsável pela regulamentação, desde a fabricação, passando pela distribuição e comercialização de produtos e serviços que envolvem a saúde pública do país.
Vinculado ao Ministério da Saúde, alerta para o fato da identificação de um medicamento falsificado ser algo complexo, porém, lista alguns elementos que são indicativos de falsificação. Veja:
1) Erros de português na embalagem;
2) Falhas na impressão das informações (informações mal impressas, informações apagadas, ilegíveis);
3) Diferenças nas datas de fabricação e validade e no número do lote entre a embalagem primária (ampola, blister, frasco) e a embalagem secundária (caixinha de papel);
4) Raspadinha que não aparece a logo da empresa;
5) Ausência de lacre de segurança ou falha na colagem da embalagem secundária.
A agência lembra que também é preciso suspeitar em casos de medicamentos que são recebidos fora da embalagem original, uma vez que "todos os medicamentos são fornecidos dentro de caixinhas de papel (embalagem secundária)".
Outro ponto importante é desconfiar de medicamentos comercializados em mercados, marketplaces e lanchonetes.
"Sites em geral e marketplaces, vendedores ambulantes, carros de som ou outros estabelecimentos não podem comercializar medicamentos e, por isso, os medicamentos comercializados nestes locais têm procedência incerta, ou seja, não é possível saber a sua origem, podendo se tratar, inclusive, de produto falsificado", destaca a Anvisa.
VÍDEO | SAIBA IDENTIFICAR EM CASA SE A CREATINA É PURA OU FALSA
Nos últimos anos, a crescente procura pelos suplementos alimentares tem desencadeado uma onda de produtos falsificados.
Um relatório divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), aponta que o setor registrou um crescimento do consumo aparente em 13,0% (2018-2023).
Teste do iôdo: como saber se creatina é falsificada ou não
"No caso da creatina, eles adicionam amido para render, adulterar, daí misturam farinha e a olho nu você não tem como identificar o que é creatina e o que é farinha", disse Rodrigo.
De um lado, o aumento da procura. Do outro, o mercado clandestino de produtos falsificados ávido por ganhar dinheiro ilegalmente. Então, o que fazer, nesse caso, para evitar comprar "gato por lebre"? Um teste simples, usando tintura de iôdo pode ajudar você a não ser enganado.
No vídeo, Rodrigo mostra na prática o que e como deve ser feito.
*Assista e saiba como fazer o teste:
É importante destacar que a produção de um medicamento não é algo simples. É algo bem complexo. Quem pode produzir medicamentos?
Farmácia com manipulação, indústrias farmacêuticas e indústrias de suplementos, por exemplo. Lembrando que medicamentos e suplementos têm categorias diferentes, porém, casos envolvendo falsificação de suplementos, vêm se tornado recorrentes.
"Essas empresas precisam seguir normas e são normas bem rigorosas. São normas sanitárias que vão desde o controle de qualidade da matéria-prima que chega, passando por controles de temperatura da matéria-prima estocada, controle de microbiológico, de pragas, controle de qualidade na produção para garantir que aquele produto está saindo com a qualidade necessária".
O especialista diz ainda que, no caso específico de medicamentos, é preciso haver um farmacêutico responsável pelo processo de produção, cada produto tem que ter um registro na Anvisa, entre outros pontos.
Todos os critérios são estabelecidos pela Anvisa e cada produto - fitoterápicos, medicamentos, droga vegetal, suplemento alimentar - cada um deve apresentar e seguir rigorosamente as normas determinadas pelo órgão.
*MEDICAMENTOS MAIS FALSIFICADOS*
De acordo com a Anvisa, alguns medicamentos figuram como os que mais são alvos de fasificação.
- Anabolizantes;
- Imunoglobulinas;
- Antidiabéticos utilizados para emagrecimento;
- Toxinas botulínicas;
- Medicamentos de alto custo, incluindo aqueles destinados para o tratamento contra o câncer.