Duas vacinas contra a covid-19 estão sendo testadas no Brasil. Uma é desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca, no Reino Unido, e a outra pelo laboratório chinês Sinovac Biotech junto ao Instituto Butantan, em São Paulo. Ambas estão na terceira e última fase de testes em humanos e os voluntários desta etapa são todos profissionais da saúde.
A vacina de Oxford deve ser disponibilizada até junho de 2021. Já a produzida entre a empresa chinesa e o governo de São Paulo poderá estar disponível para brasileiros pelo SUS (Sistema Único de Saúde) antes disso, já no começo do próximo ano, segundo o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.
De acordo com Covas, inicialmente estão previstas 120 milhões de doses que poderão ser utilizadas para vacinar 60 milhões de brasileiros. “Qualquer vacina que seja provada eficaz é válida, melhor se tivéssemos duas ou três disponíveis. É natural imaginar dois grupos principais como eventuais prioritários para receber a vacina, são eles: pessoas com doenças mais graves e grupos responsáveis pela manutenção do vírus em comunidades”, explicou Esper Kallas, médico e professor da USP, durante coletiva de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo na segunda-feira (20).
A CoronaVac, como é chamada a vacina feita em parceria pelo Instituto Butantan e a Sinovac Biotech, deve começar a ser testada em brasileiros nesta terça-feira (21). Os imunizantes chegaram ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na madrugada de segunda-feira (20). Serão 9 mil voluntários no Brasil. Todos trabalham em instalações especializadas para covid-19, em 12 centros de pesquisas de seis Estados brasileiros: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
De acordo com o Instituto, a vacina Coronavac se mostrou eficiente e segura até a segunda fase de testes – são três no total. Cerca de 90% dos voluntários que participaram das duas primeiras fases de testes do imunizante desenvolveram anticorpos e nenhum deles apresentou efeitos colaterais graves.
A vacina chinesa foi desenvolvida logo no início da pandemia e se mostrou eficaz para imunizar macaco-rhesus contra a covid-19. Oito animais receberam duas doses. Três semanas eles foram expostos ao coronavírus e nenhum deles desenvolveu a doença causada pelo vírus.
Já a vacina de Oxford se mostrou eficaz na primeira e segunda fase de testes em humanos, de acordo com um estudo publicado pela revista médica Lancet na segunda-feira (20). Isso significa que ela é segura para ser aplicada e eficaz para produzir uma reação do sistema imunológico. No total, 1.077 voluntários participaram dos testes entre 23 de abril e 21 de maio. Metade recebeu a vacina experimental contra a covid-19 e a outra parte recebeu a vacina usada contra meningite.
O estudo mostrou que 90% das pessoas desenvolveram anticorpos neutralizantes com apenas uma dose da vacina. Apenas dez pessoas receberam duas doses e todas produziram anticorpos neutralizantes. Também foi observada a produção de linfócitos T, células do sistema imune que são capazes de identificar e matar outras células que estejam infectadas pelo novo coronavírus. Não houve reações graves à vacina. No entanto, 70% dos voluntários do estudo tiveram febre ou dores de cabeça e muscular. Elas foram tratadas com analgésicos.
A terceira e última fase de testes em humanos já está em andamento no Reino Unido, Brasil e África do Sul. Ao todo, serão 50 mil voluntários – 5 mil destes são brasileiros. Os resultados desta etapa permitirão saber se a vacina é eficaz para imunizar as pessoas contra a covid-19. Os testes no Brasil começaram há um mês, com os 2 mil voluntários de São Paulo. A primeira voluntária conversou com o R7 no início deste mês e, até então, não havia tido nenhuma reação adversa.
A vacina recebeu o nome de ChAdOx1 nCoV-19. Ela foi produzida a partir de adenovírus, vírus que causa o resfriado comum. Ele sofreu grandes modificações genéticas para impedir que fosse capaz de causar infecções em humanos e ao mesmo tempo ficar mais parecido com o novo coronavírus. Ele recebeu a proteína do coronavírus que é fundamental para que ele possa se acoplar e invadir as células humanas.
FONTE: Portal R7