Apesar de, em tempos normais, registrar em seu consultório um número maior de pacientes mulheres, o cirurgião plástico Fabio Zamprogno notou que, após o início do isolamento social, o volume de homens interessados em procedimentos estéticos aumentou. A procura de praticamente 100% deles tem sido pelo transplante capilar, cirurgia que corrige a calvície.
De acordo com o médico, a calvície é algo que incomoda muito o homem. “A cirurgia de correção, apesar de simples, pois o paciente vai para casa no mesmo dia, deixa os homens um pouco constrangidos em assumi-la enquanto estão trabalhando ou estudando”, explica. Por conta disso é que Zamprogno acredita que muitos estão aproveitando a quarentena para se submeterem ao procedimento.
O cirurgião plástico explica que atualmente existem duas técnicas para a retirada das unidades foliculares. Na Follicular Unit Transplantation (FUT), uma pequena faixa de couro cabeludo é retirada da parte posterior da cabeça. Em seguida, os folículos capilares são separados no microscópio ou lupa, preparados e implantados na área calva. A cicatriz resultante é uma “linha” na região posterior do couro cabeludo, que fica praticamente imperceptível tampada pelos cabelos.
Vale ressaltar que a técnica FUT é indicada para pacientes com graus mais avançados de calvície, que já apresentem entradas acentuadas, rarefação e falhas extensas. A cirurgia possibilita maior aproveitamento dos fios retirados e transplantados, garantindo um resultado mais satisfatório, já que os que “pegarem” na área receptora não cairão mais. Além disso, o pós-operatório é rápido: de cinco a dez dias.
Outro benefício é que a FUT pode ser repetida, se necessário, até três vezes, dependendo da elasticidade do couro cabeludo do paciente, e ainda combinada com outras técnicas para a obtenção de resultados ainda melhores.
A outra técnica é a Follicular Unit Extraction (FUE), que consiste na retirada das unidades foliculares com o auxílio de equipamentos que eliminam a necessidade de cortes. No procedimento, é necessário raspar toda a área do couro cabeludo doadora e realizar diversos “furinhos” na região para que os fios sejam removidos. Por isso, as cicatrizes da cirurgia são puntiformes, mas também ficam disfarçadas pelos cabelos.
Na FUE, todos os folículos devem ser removidos antes de ser iniciada a colocação no couro cabeludo, o que torna o procedimento mais demorado e dispendioso. Além disso, são retiradas menos unidades foliculares do que na FUT, pois é necessário deixar espaço entre um orifício e outro na retirada dos bulbos para que a região doadora não fique com o cabelo muito rarefeito, visto que os fios retirados não crescerão mais.
“Na técnica FUT, conseguimos retirar uma média de 5 a 6 mil fios, pois aproveitamos 100% da faixa doadora. Na técnica FUE retiramos no máximo 2,5 mil fios. Por isso a técnica FUE está principalmente indicada para casos iniciais de calvície ou quando o paciente está sem elasticidade no couro cabeludo”, aponta.
O médico explica que, de forma geral, para dar início ao tratamento da calvície em pacientes mais jovens, o caminho mais indicado é o uso de medicamentos tópicos ou orais. Quando o problema está estabilizado busca-se um tratamento mais definitivo que é o transplante capilar. “Nenhuma das técnicas, entretanto, é superior à outra. Elas devem ser escolhidas caso a caso, oferecendo ao paciente a melhor possibilidade de solução para a melhora da sua autoestima, qualidade de vida e saúde”, finaliza o cirurgião.