O ano de 2024 registrou um aumento expressivo nos transplantes de órgãos no Espírito Santo. Foram 173 transplantes de órgãos sólidos, representando um aumento de 21,83% em comparação ao ano anterior, 2023, que registrou 142 procedimentos.
Os dados são da Central Estadual de Transplantes (CET-ES), que mostrou também os órgãos mais transplantados em 2024: coração (10), rim (102) e fígado (61).
Atualmente, 2.347 pessoas aguardam por um transplante no Espírito Santo, sendo 966 precisam de rim, 1.344 aguardam córneas e 37 esperam por um fígado.
O secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, avaliou que os transplantes representam uma nova vida para quem recebe novos órgãos.
“Cada transplante representa uma nova chance de vida para quem está na fila de espera. É essencial que as famílias conversem sobre a doação de órgãos, pois essa decisão salva vidas. A autorização familiar é indispensável para que o processo aconteça”, afirmou o secretário.
Professor faz transplante de medula óssea
Em maio de 2024, um professor de matemática de Linhares, no Norte do Espírito Santo, conseguiu um transplante de medula óssea após uma doação vinda da Alemanha.
Adão Teófilo Neto, de 43 anos, é portador de mielofibrose, um tipo de câncer que pertence ao grupo de “doenças mieloproliferativas crônicas”, uma mutação genética que acontece de forma isolada, sem estar associada a outras doenças ou condições preexistentes.
Segundo as informações disponibilizadas pelo Hospital Santa Rita, a medula foi coletada de um doador na Alemanha e chegou ao Espírito Santo no dia 21 de março, por intermédio do Registro de Doadores de Medula Óssea (Redome).
O professor realizou o transplante no dia 24 de abril do ano passado e, após 20 dias, a medula deu os primeiros sinais de funcionamento. Foi um transplante alogênico não aparentado, que acontece quando o material é doado por uma pessoa que não pertence à mesma família do paciente, mas com uma composição genética semelhante que possa ser usada.
A chance de encontrar um doador em um banco de doadores de medula óssea é de aproximadamente de uma em cada 50 mil pessoas.
Prefeito de Cariacica recebe rim do irmão
Reprodução/Threads
Um dos casos mais recentes de transplante realizado no Estado é do prefeito reeleito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB). O político recebeu um rim do irmão mais novo, de 30 anos, após ter sido constatada a compatibilidade entre doador e receptor.
Euclério faz tratamento renal há 10 anos – conforme revelou em entrevista concedida à coluna De Olho no Poder – e, há dois meses, está fazendo diálise. A cirurgia, segundo os médicos, foi realizada com sucesso no dia 10 de janeiro deste ano.
No dia 15, última quarta-feira, o prefeito recebeu a visita do governador, Renato Casagrande, e do vice-governador, Ricardo Ferraço, no hospital.
O médico nefrologista Lauro Vasconcellos é responsável técnico pela equipe de transplantes de rim do Hospital Meridional, em Cariacica, onde a cirurgia será realizada. Uma equipe multidisciplinar acompanha a saúde do mandatário de Cariacica desde outubro do ano passado.
“Ele já tinha a doença há muitos anos e em outubro os dois rins chegaram a fase final. Já não havia mais chance de recuperação. Agora, os rins estão funcionando menos de 10%. A hemodiálise foi necessária para poder subir como preparo para o transplante. Porque o transplante é um método para substituir a função renal, ou seja, é um novo rim. E a hemodiálise é um rim artificial”, explicou.
Órgãos de jovem vítima de acidente são doados
Para os transplantes acontecerem, é necessário que as famílias autorizem as doações para quem mais precisa. Um exemplo aconteceu no final do ano passado no município de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, onde a família de um jovem morto em um acidente de carro decidiu doar os órgãos dele.
Os órgãos beneficiaram sete pessoas no Espírito Santo e no estado de São Paulo. Eles foram captados no dia 28 de novembro, na Santa Casa de Misericórdia. O coração do jovem foi encaminhado para o estado paulista.
Também foram doados o fígado, os rins e as córneas, todos destinados a moradores do Espírito Santo.
A enfermeira Beatriz Colodetti lembra da importância da pessoa avisar aos familiares em vida o desejo de ser um doador.
“É a família que vai autorizar a doação. Por isso é importante deixá-la avisada”, explicou.
Cresce número de famílias que dizem não à doação de órgãos
Mas, além de casos emocionantes de transplantes, um dos principais desafios enfrentados é a recusa dos familiares para doação de órgãos, que cresceu 9% em relação ao ano de 2023.
As causas para essa negativa podem ser diversas, segundo a coordenadora da CET-ES, Maria Machado, como a falta de compreensão sobre o diagnóstico de morte encefálica, questões religiosas, receio quanto ao tempo de liberação do corpo e o desconhecimento do desejo do potencial doador em vida.
*Texto sob a supervisão da editora Elisa Rangel