A gravidez é um momento que deixa muitas mulheres ansiosas, com dúvidas e apreensivas. Entretanto, com os avanços da medicina e exames específicos, é possível saber de inúmeras informações detalhadas sobre o bebê ainda durante a gestação, desde características físicas até propensões genéticas a determinadas doenças.
Segundo o obstetra e ginecologista Javier Miguelez, da equipe de Medicina Fetal do Grupo Fleury, os exames pré-natais têm como objetivo identificar e rastrear problemas que podem afetar o desenvolvimento da criança. “Dependendo do exame, podemos identificar um problema que necessite de medicamentos e já possa ser tratado dentro da barriga ou se precisará de cirurgia assim que nascer”, afirma.
Exames do 1º trimestre de gestação
O obstetra afirma que a partir das oito semanas de gestação, por meio do exame de sangue, é possível descobrir o sexo do bebê. Nele, os médicos procuram a presença do cromossomo Y, que define o sexo masculino. Esse exame não é oferecido pelo SUS e tem variação entre R$ 200 e R$ 300, dependendo do laboratório.
Nessa mesma época, por meio do SUS, a mãe pode fazer o ultrassom para obter a mesma informação e saber, de maneira precisa, o tempo de gestação.
A partir da 10ª semana de gestação, por meio da coleta de sangue da mãe, pode ser feito o teste NIPT (Exame Pré-natal Não Invasivo) para identificar problemas no número de cromossomos. Neste exame, que tem o valor aproximado de R$ 1.950, é possível identificar o sexo do bebê e avaliar o desenvolvimento de doenças nos cromossomos, que podem originar a Síndrome de Down, Síndrome de Edwards, Síndrome de Patau, Síndrome de Klinefelter e Síndrome de Turner com precisão de cerca de 99%.
Nesse mesmo período, também é possível fazer o NIPT ampliado, que soma o rastreio de números de cromossomos e mutações em que há pedaços de cromossomos que estejam faltando, identificando, por exemplo, a Síndrome DiGeorge, que estaria ligada a defeitos cardíacos. O valor aproximado desse exame é de R$ 2.600.
Com a chegada das 12 semanas, que marcam o primeiro trimestre da gestação, Miguelez afirma que é possível fazer o primeiro ultrassom morfológico, que permite a identificação da maioria dos problemas graves, seja aqueles incompatíveis com a vida — como a anencefalia — ou os que necessitarão de intervenção cirúrgica logo após o nascimento. Nesse ultrassom, segundo o médico, os pais já podem ver também os cinco dedinhos de cada mão do bebê. Os ultrassons podem ser feitos de maneira gratuita pelo SUS.
Por meio do ultrassom, é possível avaliar também os riscos de complicações na gravidez, como o desenvolvimento de pré-eclâmpsia (hipertensão durante a gravidez). O resultado é complementado com exames de sangue, que medem a quantidade de hormônios no sangue da mãe, como a proteína A específica da gravidez (PAPP-A), o Beta HCG livre e o hormônio de crescimento placentário (PLGF), além da verificação da pressão arterial e do peso da mãe. Por meio dessa checagem, é possível entrar com medidas preventivas para o desenvolvimento da pré-eclâmpsia.
Caso a mãe resolva fazer o exame 4D, o médico alerta que a imagem pode causar certo estranhamento, pois o bebê ainda não possui todas as características de formação e ainda está magro.
Entre a 20ª e a 22ª semana, a mãe já pode realizar o segundo ultrassom morfológico, possibilitando ver maiores detalhes da formação do bebê, como os lábios. Nesse exame é possível identificar detalhes da formação cardíaca, possibilitando a constatação de cerca de 80% de defeitos cardíacos, e também medir o comprimento do colo do útero, avaliando os riscos de ocorrência de um parto prematuro e de estratégias para evitá-lo.
Nesse trimestre, a mãe também pode fazer o teste de fibronectina, que é recomendado em casos em que a mulher sinta contrações, avaliando o risco de parto prematuro.
Exames do 3º trimestre de gestação
No terceiro trimestre, os médicos continuam a solicitar ultrassonografias, de maneira a acompanhar o crescimento do bebê. Por meio do ultrassom morfológico desse período, é possível ver detalhes da formação do cérebro e do coração.
Nesse período, alguns médicos podem solicitar o exame de ecocardiografia fetal, de maneira a identificar defeitos cardíacos que a criança possa ter. Miguelez afirma que a identificação desses problemas é importante para determinar quais procedimentos devem ser adotados durante e após o parto, melhorando o prognóstico do bebê.
Para as mães que tenham curiosidade de ver o rostinho do bebê antes do nascimento, Miguelez recomenda o período entre 28 e 30 semanas para que seja feito o ultrassom 3D ou 4D. O ginecologista explica que a diferença entre esses ultrassons está apenas na qualidade da imagem, mas nada discrepante.
Com a chegada do final da gestação, alguns médicos podem solicitar um exame de cardiotocografia fetal, que permite avaliar o bem-estar do bebê dentro do útero e sua reserva de oxigênio, no caso de gestações em que o parto esteja atrasado.
Segundo Miguelez, esses exames permitem que muitos problemas sejam identificados, mas não é possível identificar tudo. “O foco desses exames é identificar problemas em que o diagnóstico precoce seja um diferencial no período neonatal”, explica. Miguelez afirma ainda que ir tão a fundo em alguns testes, como cor de olhos, pode não ser uma prática saudável, pois cria a idealização de um bebê.
O médico afirma que nem todos os testes já estão disponibilizados no SUS e a cobertura dos valores dos exames, por parte dos convênios, podem variar. A realização desses exames deve ser solicitada e encaminhada por um médico obstetra, que avaliará a necessidade dos testes e adotará a melhor intervenção que o bebê e a gestante possam necessitar.
Por: Portal R7