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Crise febril, convulsão febril ou crise epiléptica febril é comum e uma característica própria da infância. Geralmente ocorre entre três meses e cinco anos de idade e afeta, aproximadamente, 4% das crianças nessa faixa etária, com pico de ocorrência no segundo ano de vida. As crises são desencadeadas por um estado febril, mas que também podem ocorrer precedendo ou sucedendo a febre dentro de 24 horas.
O diretor do Instituto de Neurologia do Espírito Santo, Marcelo Masruha, explica que as crises tem causa provavelmente genética, porque é comum a presença de história familiar. “A evolução é favorável para a maioria das crianças que apresentam crises febris. Não há relatos de óbitos ou sequelas decorrentes dessas crises. A história familiar de crise febril geralmente é considerada positiva se os parentes de primeiro grau são afetados (pais ou irmãos). Quanto à duração da febre no primeiro episódio, estima-se que, se a duração for inferior a uma hora, haverá chance de recorrência”, explicou.
A curta duração está diretamente relacionada ao grau do aumento da temperatura, sugerindo que, se a febre baixa puder desencadear a crise, há chance de recorrência em outro evento febril.
Mas o que fazer em casos de crise febril?
O ideal é que a criança seja examinada por um médico. Por isso, é importante levá-la à uma unidade de saúde para o real diagnóstico e tratamento com analgésico. Em caso de crises epilépticas, o ideal e deitar a criança de lado, lateralizando o pescoço e não puxar língua ou tentar imobilizá-la.
O risco de epilepsia posterior a uma crise febril é baixo. Os estudos apontam taxas variando entre 1,5% a 4,6%. Estudam-se, também, os fatores de risco para epilepsia e são bem diferentes daqueles que apontam para a recorrência de crise febril. Os fatores de risco para epilepsia são: história familiar de epilepsia, presença de crise febril complicada e alteração do exame neurológico. “Quando apenas um fator de risco está presente, a chance de epilepsia é de 2% e, se três fatores de risco estiverem presentes, a chance de epilepsia aumenta para 50%”, disse o médico Marcelo Masruha.
A decisão de usar ou não medicamentos depende de vários fatores, e é feito pelo neurologista infantil, em conjunto com os cuidadores primários da criança.