Mais da metade da população brasileira enfrenta algum grau de excesso de peso, segundo dados do Ministério da Saúde.
Ao todo, 96 milhões de brasileiros, o que representa 60,3% da população, estão acima do peso ideal. Essa realidade reforça a necessidade de discutir amplamente a obesidade, suas consequências e formas de prevenção.
A obesidade é um fator de risco para diversas doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, problemas cardiovasculares e até alguns tipos de câncer.
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Em razão da gravidade do tema, o dia 4 de março foi instituído como o Dia Mundial da Obesidade, data que busca conscientizar a população sobre essa condição e estimular hábitos de vida mais saudáveis.
Diante do cenário atual, especialistas reforçam a importância de políticas públicas eficazes para conter o avanço da obesidade e alertam para os riscos do excesso de gordura corporal à saúde.
RISCO CARDÍACO: GORDURA VISCERAL É A MAIS PERIGOSA
Entre os diferentes tipos de gordura corporal, a gordura visceral se destaca como a mais perigosa, segundo o cardiologista Bruno Ceotto, da clínica Cardiodiagnóstico.
Esse tipo de gordura se acumula na cavidade abdominal, próximo a órgãos vitais como fígado, pâncreas e intestino, e está diretamente ligada ao aumento do risco de infarto agudo do miocárdio.
“Esse tipo de gordura acomete nossos órgãos internos e é a mais perigosa, diretamente implicada em eventos cardíacos como infarto agudo”, explica Ceotto.
Além disso, a obesidade influencia diretamente a função vascular. O excesso de peso provoca a liberação de substâncias inflamatórias que comprometem o funcionamento da camada interna das artérias, levando à vasoconstrição — um mecanismo que afeta a regulação da pressão arterial e da temperatura corporal.
“A obesidade também pode aumentar a resistência à insulina, contribuindo para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e de condições como a apneia obstrutiva do sono”, destaca o cardiologista.
IMPACTO NA CIRCULAÇÃO: RISCO DE AVC E VARIZES
O sistema vascular também é diretamente afetado pelo excesso de peso. O angiologista e cirurgião vascular Vitor Krohling alerta que a obesidade aumenta significativamente o risco de hipertensão arterial e de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
“A obesidade pode aumentar a chance de desenvolver tanto problemas arteriais quanto venosos. No caso das artérias, o acúmulo de gordura contribui para o aumento da resistência dos vasos sanguíneos e favorece o depósito de placas de gordura. Isso eleva o risco de aterosclerose e, consequentemente, de eventos como o AVC”, explica Krohling.
Além dos riscos arteriais, o excesso de peso também compromete a circulação venosa, especialmente nos membros inferiores. O sobrepeso exerce maior pressão sobre as veias, dificultando o retorno do sangue ao coração. Como resultado, há um aumento no risco de varizes e até de trombose venosa profunda, uma condição grave que pode levar à formação de coágulos sanguíneos.
COMO COMBATER A OBESIDADE?
Para mudar esse cenário, especialistas ressaltam que é fundamental investir em políticas de saúde pública, estimular a conscientização da população e incentivar mudanças no estilo de vida.
A nutricionista Luciana Lube destaca a importância de reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, que são ricos em gorduras, açúcares e sódio.
“Esses produtos, como refrigerantes, biscoitos, sorvetes, macarrão instantâneo e salgadinhos, possuem altos níveis de conservantes e aditivos, além de baixo teor de nutrientes. O consumo excessivo desses alimentos favorece o ganho de peso e aumenta o risco de doenças crônicas”, alerta.
A nutricionista reforça que uma alimentação saudável deve priorizar ingredientes frescos e naturais.
“Os alimentos in natura, como frutas, verduras e legumes, devem compor a maior parte da dieta. Além disso, laticínios de baixo teor de gordura, alimentos integrais como arroz e quinoa, proteínas magras como peixes e frangos, e gorduras saudáveis, como azeite de oliva e castanhas, devem ser incluídos nas refeições”, explica Lube.
EXERCÍCIO FÍSICO: ELEMENTO FUNDAMENTAL NO CONTROLE DO PESO
Além da alimentação, a prática regular de atividades físicas desempenha um papel essencial no combate à obesidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda entre 150 e 300 minutos de exercícios aeróbicos por semana, como caminhada, corrida, ciclismo ou natação. Esse nível de atividade ajuda no controle do peso e reduz os riscos associados ao excesso de gordura corporal.
Para aqueles que têm dificuldade em adotar uma rotina de exercícios, pequenas mudanças no dia a dia podem fazer diferença. Substituir o elevador pela escada, realizar caminhadas curtas ao longo do dia e reduzir o tempo sentado são hábitos que contribuem para a manutenção da saúde.