Saúde

Oftalmologista indica cirurgia refrativa ao invés do uso de lente

Metanálise indica que o uso de lente de contato expõe a mais contaminações que a cirurgia. No calor o risco da lente aumenta.

Foto: Divulgação

O brasileiro não gosta de usar óculos de grau, principalmente as mulheres. Prova disso é que elas predominam na parcela da população que usa lente de contato. Muitas pessoas fazem esta opção por acreditarem que é maior o risco da cirurgia refrativa para corrigir definitivamente a miopia, hipermetropia ou astigmatismo.  De acordo com o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, o pensamento é enganoso. 

“O maior risco da cirurgia refrativa é a contaminação da córnea que acontece em 0,24% dos casos no mundo todo. Uma metanálise feita nos Estados Unidos mostra que o uso de lente de contato por uns anos causa três vezes mais contaminação que a cirurgia, e sobe para sete vezes em cinco anos”, conta o oftalmologista. 

Fatores de risco

“Os prontuários do hospital mostram que 20% dos usuários de lente já tiveram alguma ceratite, inflamação da córnea. A recorrência das inflamações, aumenta o risco de levar ao transplante e até à perda da visão”, adverte o especialista. As principais causas da ceratite elencadas pelo oftalmologista são a má higiene, não retirar para dormir, contato com água, usar além do prazo de validade e reações alérgicas às soluções de limpeza.

Entre estes riscos, adverte, um dos maiores é dormir com lente, hábito que aumenta de 10 a 20 vezes o risco de contrair úlcera. Isso, porque durante a noite a produção da lágrima é menor e aumenta o atrito com a superfície da córnea, explica. Outro é o contato com água da torneira, mar ou piscina, especialmente no verão. “A água é o maior veículo de transmissão de infecção crônica por acanthamoeba, parasita de difícil controle, que recentemente causou um surto de ceratite no Reino Unido”, salienta.

Como prevenir contaminações

Para manter a saúde da córnea usando lente de contato as dicas do médico são:

– Lavar e secar bem as mãos antes de manusear as lentes; Usar solução higienizadora para limpar e enxaguar as lentes e o estojo; Evitar soro fisiológico e água na limpeza; Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo; Colocar as lentes sempre antes da maquiagem; Guardar o estojo em ambiente seco e limpo; Respeitar o prazo de validade; Nunca dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno; Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista; Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas; Não entre no mar ou piscina usando lente.

Como é feita a cirurgia refrativa

O especialista afirma que a cirurgia refrativa corrige graus baixos e moderado de miopia, hipermetropia e astigmatismo remodelando a córnea. A técnica mais utilizada é o Lazik em que o cirurgião levanta um flap da camada externa da córnea com um microcerátomo, lâmina de alta precisão, para aplicar o laser que corrige o grau.

Dependendo da avaliação pré-cirúrgica é indicado o PRK que consiste na aplicação do laser após a raspagem de células da camada externa da córnea, o epitélio. O oftalmologista afirma que embora a recuperação seja mais lenta, esta técnica permite realizar o procedimento em córneas mais finas.

Em pessoas que exercem atividades de alta precisão pode ser indicada a correção personalizada que corrige pequenas imperfeições da córnea com um equipamento de frente de ondas para na sequência aplica o lazer que corrigir o vício refrativo.

A última inovação tecnológica em refrativa é o Intralase. Nesta técnica o médico afirma que o corte e a correção do grau são feitas com um laser de femtosegundo que torna o procedimento mais preciso e seguro. Segundo Queiroz Neto a escolha da técnica é feita pelo cirurgião conforme a espessura da córnea e estilo de vida

Os altos graus, comenta, podem ser eliminados com o implante de uma lente sem retirada do cristalino que corrige até 20 graus de miopia, 10 de hipermetropia e 6 de astigmatismo. Esta técnica, observa, também pode ser indicada para quem tem olho seco, córnea fina ou ceratocone.

O cirurgião ressalta que todos os procedimentos são ambulatoriais e feitos com anestesia tópica. A recuperação é rápida e na maioria dos casos as atividades podem ser retomadas no dia seguinte. Ao contrário do que muitos imaginam o custo é bem menor que manter a constante troca de óculos ou lentes.

Indicações e contraindicações

O médico destaca que a cirurgia refrativa só é indicada para quem tem entre 21 anos e 45 anos. No caso do implante de lente para correção de altos vícios refrativos a espessura da córnea e o olho seco não representam contraindicações, mas nas demais técnicas impedem a cirurgia. O médico destaca que outras contraindicações são: gravidez que torna o grau instável, córnea mais fina que 400 micras, instabilidade de grau, ceratocone, glaucoma, catarata e doenças que dificultem a cicatrização como plaquetopenia, lúpus, diabetes ou AIDS.