Saúde

Ovodoação: técnica realizada por Viviane Araújo é caminho para maternidade

Por esse tratamento, a mulher que deseja ser mãe recebe óvulos jovens de uma doadora anônima ou parente de até quarto grau

Foto: Divulgação

Aos 46 anos, a atriz Viviane Araújo emocionou e surpreendeu muita gente ao revelar que engravidou do primeiro filho por meio da fertilização in vitro (FIV) com óvulos de uma doadora anônima e com os espermatozoides do marido. “Pela minha idade e pelo meu histórico, por ter tomado muito hormônio, já não ovulava mais, estava numa pré-menopausa… Tudo isso tornava difícil eu engravidar normalmente. Aí a gente procurou uma clínica de reprodução”, explicou a atriz em entrevistas concedidas à época.

Foto: Divulgação / Viviane Araujo
A atriz Viviane Araújo e o marido, Guilherme Militão, tiveram Joaquim graças à ovodoação.

Para a ginecologista e doutora em Reprodução Humana do Instituto de Medicina Reprodutiva, Layza Merizio Borges, a atitude da atriz é positiva porque mostra que o conceito de maternidade é muito amplo, indo além do fator biológico, servindo ainda de alerta às mulheres de que a idade é um dos fatores fundamentais para o sucesso de uma concepção espontânea.

“A vida moderna tem levado as mulheres a adiarem a maternidade e também observa-se um aumento da frequência da falência ovariana prematuramente. A baixa reserva ovariana e a redução da qualidade dos óvulos podem representar limitações para que mulheres tenham filhos com seus próprios óvulos, o que as levam a recorrer à ovodoação como uma opção para realizar o sonho de ter um bebê”, afirma a médica.

Pela ovodoação, a mulher que deseja ser mãe recebe os óvulos jovens de uma doadora anônima ou parente de até quarto grau, que são fertilizados pelos espermatozoides de seu parceiro ou de banco de sêmen. O embrião, então, é transferido para seu útero, tornando possível que o bebê seja gerado em seu ventre.

“A evolução na área da reprodução assistida nos permite novos caminhos para ampliar as possibilidades de engravidar. Se há algumas décadas pouco se tinha a fazer diante das dificuldades e riscos de uma gravidez após os 40 anos, atualmente torna-se cada vez mais comum recorrer a tratamentos com óvulos doados através da medicina reprodutiva”, esclarece Layza.

A princípio, a doação de óvulos pode trazer estranhamento, questões e emoções que precisarão de acolhimento e suporte. Por isso, Layza destaca que o Instituto de Medicina Reprodutiva conta com o Programa Acolher, voltado especialmente para a ovodoação, em que o processo é conduzido em sigilo, com acolhimento e suporte médico e psicológico necessários.

Além disso, o instituto possui um banco de óvulos próprio, em que os óvulos para doação já se encontram congelados, reduzindo o tempo de espera da receptora pela doadora compatível.

Foto: Divulgação / Layza Merizio
Layza Merizio Borges: “A evolução na área da reprodução assistida nos permite novos caminhos para ampliar as possibilidades de engravidar”

Saiba mais

Na ovodoação, a doadora (com idade inferior a 35 anos e boa reserva ovariana) é selecionada segundo as características físicas e imunológicas da receptora. É possível conhecer a doadora de óvulos, caso ela tenha parentesco de até quarto grau com a receptora ou marido / parceiro dela.
Na ovodoação, o DNA do bebê é proveniente dos espermatozoides e dos óvulos da doadora, porém, ao gerar o bebê, a receptora (mãe) influencia diretamente na expressão desses genes, desempenhando um papel extremamente importante no desenvolvimento de seu filho, denominado epigenética.
A epigenética consiste na influência que o estilo de vida e o ambiente vão desempenhar sobre a expressão genética de uma pessoa, desde o útero materno e ao longo de toda a vida.
Além da interação genética, a gestação é uma fase de intensa formação de vínculos afetivos, assim como o parto, a amamentação e cada passo do conhecimento e do reconhecimento da mãe com seu bebê. É um vínculo que vai muito além da genética.
Deve-se imaginar que a futura mamãe estará influenciando ativamente no processo de encontro dessa semente gerada a partir do óvulo doado com um solo fértil (implantação do embrião no endométrio). Ao ser regado e cuidado (através de processos orgânicos e psíquicos), esse embrião se transformará em um fruto (bebê) novo e único: seu filho!