Cuidar da saúde bucal é fundamental para manter a qualidade de vida, o bem-estar, a autoestima, além de ser importante para prevenir e diagnosticar outras doenças em órgãos que podem ou não ter a ver com a boca.
Na pandemia, especialistas apontam que a interrupção de consultas preventivas e das visitas regulares ao dentista, além de questões ligadas ao consumo de mais açúcar ou de produtos industrializados, à ansiedade e ao estresse, têm agravado problemas relacionados à saúde bucal.
Especialistas alertam para a importância de começar os cuidados com a saúde bucal ainda na infância. Além da questão da pandemia, que levou a população a adiar o cuidado com outras áreas de saúde, o medo de tratamentos mais “invasivos”, como o “canal”, é um grande obstáculo na resolução de problemas que seriam sanados muitas vezes, com uma única intervenção e sem dor.
“Como especialista no tratamento de canal, percebo a falsa ideia de que esse tipo de intervenção é obrigatoriamente longa e dolorida, ao ponto de pessoas optarem por perder um dente permanente do que tratar, o que não se justifica de forma alguma”, ressalta o dentista Jefrey Iglesias Quadros .
Ele explica que a maior parte dos casos é resolvida em um único dia e sem dor, em um tratamento que tem cobertura da maior parte dos planos odontológicos.
Crianças perdem dentes permanentes
Entre os pacientes atendidos por Jefrey, há um grupo de crianças, pré-adolescentes e adolescentes na faixa entre 9 e 17 anos, que, muitas vezes, precisam de um tratamento de canal para evitar a perda de um dente permanente.
“No caso das crianças menores de 09 anos, normalmente ainda possuem dente de leite e portanto os atendimentos odontológicos, inclusive de canal, devem ser feitos por odontopediatras porque o endodondista trata apenas dentes permanentes. Entre 9 e 17 anos, aqueles que já possuem dente permanente precisam procurar um endodentista neste caso. Muitas vezes, o paciente e os pais dessas crianças que precisam de um tratamento de canal vivem uma lacuna e não sabem onde procurar atendimento adequado. É preciso reforçar que há profissionais disponíveis, capacitados e planos odontológicos acessíveis. Alguns desses perdem dentes por falta de acesso a esse cuidado ou por aceitar a alternativa de extração do dente, que é algo que pode trazer consequências fisiológicas, psicológicas e financeiras significativas na vida do indivíduo e de sua familia”, explica.
Jefrey ressalta que a extração de um dente pode comprometer a questão da autoestima num momento tão delicado como a adolescência. Além disso, perder um dente sempre repercute em questões relacionadas à ortodontia e à mordida. “Investir em um tratamento ortodôntico ou fazer um implante mais tarde seria também mais impactante do ponto de vista financeiro”, afirma.
Pandemia agrava os problemas
A questão da pandemia, para o médico, torna o problema ainda mais representativo. Há evidências de que situações de ansiedade podem levar a hábitos alimentares que não são saudáveis com padrões irregulares e “lanchinhos” frequentes.
“Consumir mais carboidratos simples e açúcares entre as refeições pode levar ao aumento da incidência de cáries. Deve-se, portanto, reduzir o consumo de doces e refrigerantes e priorizar uma alimentação mais saudável e rica em frutas e vegetais frescos”, afirma Jefrey.
Além disso, pesquisas comprovam que a alimentação tem relação direta com o sistema imunológico e com a suscetibilidade a doenças. “Uma adequada ingestão de nutrientes tais como ferro, zinco, vitaminas A, C, E, B6 e B12 é fundamental na manutenção da função imune”, diz.
Principais problemas dentários na pandemia
As cáries
A pandemia e a mudança de rotina podem impactar nos hábitos alimentares e gerar mais lesões cariosas. Vale para adultos e crianças, mas, para os pequenos, a preocupação é maior porque a manutenção de uma rotina saudável também depende dos pais que, por sua vez, estão tendo que lidar com situações novas e desafiadoras como o ensino à distância e o home office.
O ideal é não aumentar o consumo de chocolates, refrigerantes, balas e doces, e fazer um acompanhamento mais próximo da higiene bucal.
Desgates dentários erosivos
Podem ter associação direta com questões muito presentes na pandemia, como medo, ansiedade, angústia, confinamento.
Os desgastes dentários erosivos também estão ligados a hábitos alimentares desregrados da quarentena, com consumo excessivo de líquidos ácidos e industrializados, como: refrigerantes, chás, água com limão, e sucos de caixinha e em pó.
Traumatismo dentário
Principalmente no caso de crianças, a ansiedade de ter que ficar mais tempo em casa, com menos espaço pra brincar, pode gerar situações de queda e traumas dentários. Nem sempre os lugares onde as crianças têm brincado são espaços amplos e adequados, pela presença de maior quantidade de móveis e de pisos escorregadios.
Mobilização para realizar tratamentos
Com o objetivo de alertar sobre a importância da saúde bucal para o bem-estar integrado da população, levando ao mesmo tempo assistência a comunidades que não têm acesso a serviços odontológicos – como comunidades ribeirinhas do Amazonas por meio de um barco-consultório– o Movimento Julho Neon, realizado pela Sinog, terá várias frentes de trabalho.
Uma delas pretende contribuir para democratizar o acesso a tratamentos odontológicos de qualidade por meio de planos odontológicos acessíveis, além de viabilizar parcerias com as ONGs Doutores das Águas e “Turma do Bem – TdB ” para levar saúde bucal às comunidades menos favorecidas do Brasil e valorizar o papel dos dentistas como protagonistas de muitas histórias de transformação, saúde e mudança de vida.
“Várias ações foram planejadas para esta campanha, em um momento muito importante como este, pois a pandemia despertou na população a necessidade de buscar por saúde, bem-estar e novos hábitos. Os planos odontólogicos garantem acesso a tratamentos odontológicos de qualidade a um custo que cabe no bolso do brasileiro. Além disso, melhora os aspectos comportamentais, auxiliando no desempenho, na autoconfiança e autoestima das pessoas”, afirma o dentista Roberto Cury, presidente da Sinog.