Saúde

É seguro? Mulher usa colírio e muda cor do olho sem cirurgia; entenda

Castanho é a cor mais comum em todo o mundo. Já olhos mais claros são encontrados mais entre pessoas de ascendência europeia; entenda nova forma de mudar cor

Foto: Ryan Jvr/Pexels

Imagem ilustrativa.

“Você é tão sortuda por ter lindos olhos verdes”.

Essa é uma frase que muitas pessoas de olhos claros escutam quase que diariamente.

Afinal, de acordo com o MedlinePlus, um serviço de informações da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA (NLM, na sigla em inglês), o castanho é a cor mais comum em todo o mundo.

Já olhos mais claros, como azul ou verde, são encontrados mais entre pessoas de ascendência europeia.

Por isso, várias formas de mudar a cor do olho surgem ao longo dos anos. A mais recente deu o que falar!

Uma marca de cosméticos viralizou na internet com o seu colírio que muda a cor dos olhos de forma “natural e saudável”. Será que é isso mesmo?

De azul muito claro a castanho escuro, a cor da íris (estrutura que envolve a pupila) pode variar entre as pessoas. 

Segundo o National Geograpich Brasil, essas diferenças nas cores dos olhos são explicadas pelas complexidades da genética.

COMO A COR DOS OLHOS É DETERMINADA?

Segundo o MedlinePlus, a cor dos olhos de uma pessoa é o resultado da pigmentação da íris e é determinada por variações nos genes.

A maioria dos genes associados à cor dos olhos está envolvida na produção, transporte ou armazenamento de um pigmento chamado melanina

Pessoas com olhos castanhos possuem uma quantidade significativa de melanina na íris, enquanto aquelas com olhos azuis têm menos.

Como aponta o MedlinePlus, há uma região específica do cromossomo 15 que desempenha um papel importante na determinação da cor dos olhos.

Nessa região, dois genes, o OCA2 e o HERC2, estão próximos um do outro. A proteína produzida pelo gene OCA2, chamada proteína P, é fundamental para a quantidade e qualidade da melanina na íris.

Entretanto, algumas variações comuns (polimorfismos) no gene OCA2 reduzem a quantidade de proteína P funcional produzida. Isso leva a uma diminuição da melanina na íris, aumentando a probabilidade de olhos azuis.

Além disso, segundo o National Geographic Brasil, um polimorfismo na área do gene HERC2, chamado intron 86, também reduz a produção da proteína P, resultando em menos melanina na íris e em olhos de cor mais clara.

Outros genes desempenham um papel menor na determinação da cor da íris, e é provável que os efeitos desses genes se combinem com os do OCA2 e do HERC2 para produzir uma variedade de cores nos olhos, como acrescenta o MedlinePlus.

COR É HEREDITÁRIA?

De acordo com informações da NLM, a determinação hereditária da cor dos olhos é complexa devido à intervenção de múltiplos genes.

“Embora a cor dos olhos de uma criança possa ser prevista com base na cor dos olhos de seus pais e de outros parentes, às vezes as variações genéticas produzem resultados inesperados.”

Assim, não é garantido que o filho de um casal terá a mesma cor de olhos de seus pais.

CIRURGIA QUE MUDA COR DO OLHO

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Um homem norte-americano viralizou nas redes sociais após realizar um procedimento estético e alterar a cor dos olhos de maneira permanente. 

A novidade gerou curiosidade em muitos internautas, que questionaram a veracidade da situação.

O vídeo, que acumula milhões de visualizações, foi publicado na página do oftalmologista Alexander Movshovish.

Além do paciente destacado, o perfil restrito para pessoas maiores de 21 anos conta com diversas outras gravações de clientes com as cores dos olhos alteradas.

Mas, afinal, a cirurgia funciona?

Apesar de parecer bizarro, o procedimento é real e conhecido como queratopigmentação.

Segundo informações do Fala ES, da TV Vitória/RecordTV, a cirurgia funciona por meio da aplicação de um pigmento no tecido da córnea.

Nas plataformas digitais, o médico responsável pelo procedimento garantiu que a queratopigmentação aplicada é um tratamento seguro. No entanto, comentários ainda duvidaram de que a cirurgia seja inofensiva.

FAZ MAL? RISCOS

Em entrevista ao programa da emissora do Grupo Buaiz, a médica especialista Klícia Molina contou que o risco do procedimento é muito alto, por isso, a cirurgia é proibida no Brasil.

“Esse procedimento tem risco de glaucoma, infecção, inflamação intraocular recorrente chamada de uveíte, entre outros problemas que podem levar a perda da visão por completo”.

Assim, a médica complementou que não é indicada a realização da cirurgia por fins estéticos, sendo o meio mais eficaz e seguro de alterar a cor dos olhos o uso de lentes de contato.

“Cada vez que me marcam nas redes sociais em vídeos desse tipo fico arrepiada, pois as pessoas parecem não ter amor à própria saúde. Sou acostumada a tratar de tantas pessoas que dariam tudo para ter uma córnea ou íris boa, enquanto outras pessoas, com a visão boa, colocam isso em risco de uma forma tão estranha. Existem outras formas também, existem colírios, outras cirurgias, que não são indicadas. Nenhum procedimento de alteração da cor dos olhos é seguro e recomendado pela Sociedade Brasileira de Oftalmologista”, afirmou.

Ainda em relação à queratopigmentação, a médica explicou ser um procedimento documentado e formulado por meio de diversos estudos. No entanto, a cirurgia foi criada para pessoas que não possuem mais visão, de maneira a igualar a coloração dos olhos.

“Quando a pessoa perdeu a visão por outros fatores e possui uma córnea esbranquiçada e outra normal, a queropigmentação é um dos fatores em que podemos utilizar para estes casos, para melhorar a auto-estima, somente em olhos que não enxergam mais”, contou.

Por fim, a especialista destacou que este procedimento é realizado no Brasil somente em pessoas com a visão completamente perdida e córnea esbranquiçada, como meio de recuperar a qualidade de vida.

No entanto, continua proibido para outros pacientes.

Leia a matéria completa: Homem viraliza ao mudar cor do olho. Entenda cirurgia e veja riscos