Renascimento! É assim que Penélope Leite Pires, de 31 anos, define o processo pelo que passou no fim do último mês de abril. Com 35 semanas de gestação, a paciente precisou ser internada na Maternidade de Alto Risco do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra. O diagnóstico: Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHED).
As dores no peito alertaram Penélope de que algo não estava bem. Uma investigação médica, por meio de alguns exames de imagem, apontou para a necessidade de intervenção cirúrgica cardíaca de emergência.
Segundo a coordenadora médica da Maternidade de Alto Risco do Hospital Dr. Jayme, Rosângela Maldonado, o diagnóstico era grave.
“A paciente se queixou de dores no peito e começamos a investigar, nos exames de imagens realizados suspeitamos de uma dissecção de aorta, ou seja, ela precisava de uma cirurgia cardíaca de emergência. Mãe e filha corriam risco de morte. Começamos, então, a correr contra o tempo”, explicou.
A partir daí, a equipe da unidade Materno Infantil do hospital, referência em gestação de alto risco, se mobilizou para um parto de emergência em parceira com a equipe de cirurgia cardíaca do Hospital Evangélico de Vila Velha (HEVV), referência em cardiologia.
Foram apenas 5 horas entre a realização dos exames, a organização da logística para a cirurgia e o início do procedimento. Diretora técnica do hospital, Juliana Tavares lembra como aconteceu todo o processo.
“A equipe se mobilizou de maneira ímpar. Daqui da unidade foram um obstetra, que estava de plantão, uma enfermeira e uma técnica de enfermagem berçarista. Mas precisávamos de mais profissionais, já que o quadro era muito grave. Foi, então, que um neonatologista da equipe e dois obstetras que estavam de folga se prontificaram, saíram de suas casas, e também participaram da cirurgia. No HEVV, os colegas cirurgiões cardíacos nos aguardavam”, destacou.
A paciente chegou no Hospital Evangélico por volta das 14 horas, fez um parto cesárea de emergência e logo em seguida a cirurgia no coração. “Fizemos um procedimento de reparo da artéria aorta que estava dissecada e reconstrução de válvula aórtica. Foram três horas de cirurgia. Essa é uma doença muito grave e, caso não fosse realizada a cirurgia, a paciente não sobreviveria”, contou o coordenador do Serviço de Cardiologia do HEVV, Diogo Barreto.
Equipe diz ter presenciado um milagre
A cirurgia de Penélope durou três horas. Após o procedimento, ela foi levada para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do HEVV e a bebê transferida para a Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) do Hospital Dr. Jayme. Segundo informação da secretaria de Estado da Saúde, mãe e filha passam bem.
“O que nós presenciamos foi um milagre! A partir do momento que recebemos a informação sobre o estado de saúde da paciente, fizemos um plano estratégico para recebê-la. Toda a equipe ficou comovida, preparamos a estrutura do hospital para oferecer o atendimento imediato e acolhemos a paciente para que ela tivesse o contato direto com o marido pelo telefone”, contou a coordenadora do Pronto-Socorro do HEVV, Kelem Oliveira.
Para o médico Diogo Barreto, a integração entre os profissionais foi essencial para obter êxito no procedimento.
“Essa é uma situação de extrema emergência médica que precisa de uma mobilização muito grande das equipes. O Hospital Evangélico é referência em cardiologia e nós temos a preocupação de fazer os procedimentos no menor tempo possível para salvar vidas. Vale ressaltar, que a integração entre os profissionais dos dois hospitais foi fundamental para que mãe e filha sobrevivessem”.
A paciente fez aniversário no dia seguinte à cirurgia, 27 de abril, e está extremamente emocionada com tudo o que aconteceu.
“Sou grata à equipe que salvou a minha vida e a vida da minha filha. Eu nasci de novo junto da minha filha”, disse.
Dia das mães será diferente para filha e mãe que ainda não se conhecem
Por conta do parto de 35 semanas e a cirurgia cardíaca, o primeiro e grande encontro entre mãe e filha mãe ainda não aconteceu. Elas não estarão juntas neste domingo, dia 8, quando será comemorado o Dia das Mães, mas a expectativa é que ele aconteça no dia seguinte, na segunda-feira (9), quando Penélope deverá receber alta hospitalar.
Louise segue internada na Pró-Matre por que nasceu pequenina e precisa ganhar peso completando 2kg para também ter alta. Até lá, a mãe segue esperançosa de que logo possa levar a filha para casa. A família mora em Aracruz.